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Com apenas dois dias do acidente, moradores retornam às suas casas
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Com apenas dois dias do acidente, moradores retornam às suas casas

População tem medo de voltar a viver no entorno da barragem
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Agricultor Gilverto Silva segue morando próximo à barragem de Jati (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima Agricultor Gilverto Silva segue morando próximo à barragem de Jati

Dois dias após o rompimento da adutora danificar trecho da obra da transposição do rio São Francisco em Jati, maior parte dos moradores que haviam sido evacuados do entorno da barragem voltaram ontem às suas casas. Apesar disso, a maioria relatava cenário de medo e insegurança com a retomada da vida na cidade.

"Eu volto porque não tenho escolha, não tenho para onde ir", diz o agricultor Gilberto Joaquim Silva, 52, morador de uma das casas mais próximas da barragem de Jati. "Moro de favor com minha esposa e meus pais idosos, tínhamos ido para outra região, mas tivemos que voltar."

Ele destaca, no entanto, que não se sente mais seguro na casa e pretende se mudar quanto tiver oportunidade. "Imagina se começar a chover, no que nós vamos pensar? Só que essa barragem vai romper e arrastar tudo", diz.

O agricultor Francisco Santana, 50, também mora logo atrás da barragem, mas em um local mais elevado. "Como aqui é alto, o pessoal da obra da barragem instalou uma sirene para a gente acionar em caso de emergência. Eles pegaram o meu telefone até, e disseram que iam ligar caso acontecesse algo", diz.

No dia em que houve o vazamento na barragem, no entanto, Francisco diz não ter sido procurado nenhuma vez pelo telefone. "Fui eu que, por conta própria, resolvi acionar a sirene. Só assim as pessoas começaram a deixar as casas na área de risco", diz.

Na tarde de ontem, ruas de Jati registravam pouco movimento de pessoas ou lojas abertas. As residências no centro da cidade e no entorno da barragem, no entanto, estavam quase todas ocupadas por famílias da região.

Apesar disso, nem todos os moradores preferiam retornar às casas já neste domingo. O casal Airton Leobino, 30, e Erenilda Carvalho, 35, falaram com a reportagem no momento em que deixavam a cidade, acompanhados dos dois filhos pequenos, em direção a Penaforte.

"Alguém consegue dormir nessa situação? Sem saber se a barragem vai estourar e carregar tudo? Dizem agora que está tudo normal, mas também estava assim na hora que começou a vazar. Não dá para acreditar assim", diz Airton.

Proprietários de um mercadinho em uma das áreas de risco da barragem, os dois reclamam de prejuízos pesados por conta da situação.

 

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