Logo O POVO+
Coroinha foi morto por cruzar territórios de facções
CIDADES

Coroinha foi morto por cruzar territórios de facções

Um dos procurados seria o autor dos disparos. Três criminosos foram presos em flagrante
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Jefferson de Brito Teixeira: familiares, amigos e religiosos da paróquia de São Pedro celebraram a missa de 7º Dia pela Ressurreição  (Foto: Reprodução/Facebook)
Foto: Reprodução/Facebook Jefferson de Brito Teixeira: familiares, amigos e religiosos da paróquia de São Pedro celebraram a missa de 7º Dia pela Ressurreição

O assassinato de Jefferson de Brito Teixeira, adolescente de 14 anos que era coroinha da paróquia de São Pedro, na Barra do Ceará, ocorreu com "requintes de crueldade". A informação é delegada Patrícia Aragão, da 8ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ontem, sétimo dia após a morte de Jefferson, a Polícia Civil informou que procura mais dois suspeitos de participação no homicídio do garoto. Um dos foragidos seria o autor dos disparos. Três deles, que pertenceriam à facção criminosa Comando Vermelho (CV), foram presos em flagrante - Robson Vasconcelos, 18, José Jorge de Sousa Oliveira, 26, e David Hugo Bezerra da Silva, 24.

Patrícia Aragão contou, durante uma coletiva à imprensa na sede da DHPP, ontem, que Jefferson de Brito passou por uma sessão de espancamentos e tortura após ser surpreendido por faccionados na rua São Pedro. Só depois, levou os tiros. Dominado por cinco homens, o adolescente não teve como reagir à violência imposta em um território disputado por organizações criminosas que avançam nas zonas onde o Estado é menos.

"O Robson Vasconcelos confessou que apedrejou, deu socos, pontapés, pauladas, quebrou as costelas. Narrou com detalhe a cena de crueldade. Ele negou que tenha atirado, mas não apontou quem fez os disparos", descreveu Patrícia Aragão. Segundo a delegada, os acusados do assassinato de Jefferson indicaram como motivação do crime a versão de que a vítima estaria roubando na região dominada pelo CV. E que o coroinha seria da organização criminosa rival Guardiões do Estado (GDE).

No entanto, as investigações da Polícia Civil apontam que os supostos autores do homicídio estariam mentindo. De acordo com a Patrícia Aragão, as acusações são caluniosas. "As informações que obtivemos é de que era um coroinha da igreja Católica, não tinha histórico de envolvimento com crime, não tinha passagem pela DCA (Delegacia da Criança e do Adolescente) e tinha um distúrbio psicológico", explica a delegada do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

De acordo com a Patrícia Aragão, Jefferson de Brito teria sido "confundido por copiar os integrantes da GDE que usam três riscos na sobrancelha". Uma marca dos criminosos que pertencem à quadrilha. Outra situação que teria contribuído para o homicídio seria a ingenuidade de Jefferson ao responder que "era tudo três". Numeral que identifica a GDE.

"A vítima morava e jogava futebol numa área dominada pela GDE. Lá, ele tinha contatos com indivíduos da GDE. Por outro lado, Jefferson jogava capoeira na área dominada pelo CV. No dia 18/8, ele estava saindo da capoeira quando foi surpreendido. Eles perguntaram se ele era da GDE e, inocentemente, a vítima respondeu: 'é cara, é tudo três'. Ele não se tocou onde estava", relatou a delegada.

Dos três que foram presos em flagrante, José Jorge de Sousa Oliveira, 26, e David Hugo Bezerra da Silva, 24, negaram participação no homicídio de Jefferson de Brito. Segundo Patrícia Aragão, eles disseram que não estavam no lugar e na hora em que se deram a tortura e morte do adolescente. "Os dois têm tornozeleiras eletrônicas porque respondem por outros crimes. Ao verificar o monitoramento, os dados apontam que eles estavam no local do crime. Além disso, recebemos uma denúncia anônima sobre quem participou", explicou a policial da DHPP.

José Jorge responde por tráfico de drogas e associação para o crime. David Hugo, conhecido por Dêde, também está sendo processado por tráfico de entorpecentes, associação para o crime e porte ilegal de arma. Os dois, um dia antes de participarem do assassinato de Jefferson de Brito, tinham sido presos em flagrante pela Guarda Civil de Fortaleza, na Barra do Ceará, portando maconha e cocaína.

Após audiência de custódia, os dois foram liberados. A decisão foi assinada pelo juiz da 17ª Vara Criminal de Fortaleza (Vara de Audiência de Custódia).

Ontem, familiares, amigos e religiosos da paróquia de São Pedro celebraram a missa de 7º Dia pela Ressurreição de Jefferson de Brito. (Com Angélica Feitosa)

 

O que você achou desse conteúdo?