A Dasa, grupo brasileiro dono de 40 redes de laboratórios de medicina diagnóstica, anunciou ontem que fará no Brasil testes de uma vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela empresa Covaxx, divisão da companhia de biotecnologia americana United Biomedical.
De acordo com as empresas, a vacina teve resultados promissores em animais. Os testes de fase 1 em humanos foram iniciados em agosto em Taiwan. A expectativa é de que, em novembro, os resultados da fase 1 sejam publicados para que os estudos de fase 2 e 3 sejam iniciados em pelo menos 3 mil voluntários no Brasil. "Depois dos resultados de fase 1, vamos submeter o protocolo das fases 2 e 3 aos órgãos regulatórios no Brasil, Anvisa e Conep.
Estamos empolgados com os resultados da fase pré-clínica de estudos (feita em animais). O nível de anticorpos gerado é 400 vezes maior do que o observado no plasma convalescente (de doentes recuperados da Covid), disse Gustavo Campana, diretor médico da Dasa. Os dados das fases pré-clínicas ainda não foram publicados em revistas científicas, mas a Covaxx diz estar preparando o artigo para submetê-lo aos periódicos.
A vacina é baseada em uma tecnologia que utiliza peptídeos (moléculas formadas por cadeias de aminoácidos) para reproduzir uma parte do coronavírus e induzir no organismo a resposta imune à doença causada pelo patógeno. De acordo com Mei Mei Hu, CEO e cofundadora da Covaxx, o imunizante é capaz de gerar anticorpos tanto do tipo B quanto do tipo T, o que aumentaria a chance de uma resposta efetiva de combate ao vírus. "Como a vacina é sintética, não há nenhum risco biológico", acrescentou Mei Mei. A tecnologia, acrescentou, já é usada em vacinas aprovadas de uso veterinário e em imunizantes em teste para doenças de humanos, como Alzheimer.
De acordo com Campana, a Dasa aproveitará sua expertise em testes de coronavírus para recrutar os participantes dos estudos. Os estudos serão feitos em parceria com hospitais públicos e privados.
Caso os testes da vacina da Covaxx sejam, de fato, aprovados no Brasil, será o quinto imunizante contra a Covid com estudos realizados no País. Já foram aprovadas as pesquisas das vacinas da Universidade de Oxford/AstraZeneca; da Sinovac, em parceria com o Instituto Butantã; da Pfizer/BioNTech e da Janssen, farmacêutica do grupo Johnson & Johnson. (AE)