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Em sete meses, Fortaleza registra 78 denúncias de queimadas
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Em sete meses, Fortaleza registra 78 denúncias de queimadas

| POLUIÇÃO AMBIENTAL | Número representa 25% das denúncias de poluição atmosférica na Capital. Fiscalizações realizadas pela Agefis resultaram em cinco autuações e duas notificações
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QUEIMADA em terreno no bairro Castelão; monóxido de carbono liberado é prejudicial à saúde (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita QUEIMADA em terreno no bairro Castelão; monóxido de carbono liberado é prejudicial à saúde

De janeiro até a última quinta-feira, 16, Fortaleza registrou 315 denúncias relacionadas a poluição atmosférica. As ocorrências mais frequentes foram sobre fumaça causada por queimadas: foram 78 situações denunciadas - o que corresponde a cerca de 25% do total. Os dados são da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), que realizou cinco autuações e duas notificações contra esse tipo de poluição ambiental.

Ao O POVO, moradores das proximidades dos bairros Castelão e Mata Galinha relatam que as queimadas têm sido cada vez mais frequentes em terrenos vazios e em áreas de mata que margeiam o rio Cocó. Segundo a Secretaria Regional VI, responsável pela área, "há lixo acumulado no local que é fruto principalmente do descarte irregular praticado pela população". Conforme a pasta, a coleta de lixo é realizada na área, no mínimo, três vezes por semana e uma nova ação de limpeza está programada para este mês.

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"Uso vários recursos para amenizar o cheiro da fumaça: ventilador, umidificador de ar… Mas infelizmente não dá certo", lamenta a professora Mirella Barracho. Moradora do bairro Castelão, ela conta que a situação prejudica inclusive seu trabalho. "No momento estou dando aula em casa. Na hora que estou gravando, tenho que parar porque a fumaça entra em casa e eu começo a tossir muito", relata.

A psicóloga Michelle Delmiro também mora na região e conta que as queimadas sempre aconteceram, "mas agora é todos os dias, em qualquer horário". "Às 6 horas de manhã, quando levantei, já estava com cheiro de fumaça no meio do mundo", relata. "À tarde, com certeza tem de novo."

A poluição traz problemas cotidianos, como a dificuldade de lavar e estender roupas no varal, e também prejuízos à saúde. "A minha casa, dentro do quarto, está insuportável. Mesmo com portas e janelas fechadas, teve uma noite dessas que passei mal por conta da fumaça", acrescenta. "É como se estivessem queimando vários tipos de produto."

"O principal gás liberado das queimadas é o monóxido de carbono, que é altamente tóxico. No caso da combustão do lixo, tem outros gases que são tanto ou mais prejudiciais que também são liberados", explica Flávio Mac Dowel, pneumologista da Unimed Fortaleza. Os gases provocam inflamações no sistema respiratório e podem desencadear ou agravar doenças como asma, rinite, bronquite crônica e enfisema. "Qualquer pessoa que esteja exposta a essa fumaça, tendo alguma doença ou não, deve limpar frequentemente as cavidades nasais com soro fisiológico e manter uma boa hidratação", orienta.

De acordo com o artigo nº 764 do Código da Cidade (Lei complementar nº 270/2019), é infração gravíssima "queimar, no logradouro público ou na área interna do imóvel quaisquer resíduos sólidos que causem poluição ambiental e/ou incômodo aos transeuntes ou à vizinhança e pôr em risco a segurança das edificações do entorno". Os infratores, em caso de pessoa física, estão sujeitos a multa que varia de R$135 a R$ 21.600. A população pode acionar a fiscalização por meio do aplicativo Fiscalize Fortaleza (disponível para Android e IOS), do site denuncia.agefis.fortaleza.ce.gov.br e do telefone 156. (Colaborou Catalina Leite)

 

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