A cobertura da vacinação infantil passa por momento crítico em todo o País, de janeiro a julho últimos, a média é de 59,8%. No Ceará, a situação é menos grave, mas ainda abaixo do desejável. Até agosto, 81,3% das crianças estavam imunizadas. No mesmo período de 2019, o percentual era de 98,72%. Para garantir imunização, o alcance deve ficar entre 90% e 95%, a depender da vacina.
Nos sete primeiros meses do ano passado, 94,43% das crianças no Estado estavam imunizadas com a BCG. Em 2020, são 61,14%. A cobertura da Tríplice Viral (D1), que em 2019 era de 103,48%, está em 87,14%.
Carmem Osterno, coordenadora de Imunização da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), credita a queda da cobertura vacinal, sobretudo, à pandemia do novo coronavírus. Ela considera os cinco meses de isolamento social "perdidos". E explica que o serviço é essencial e nunca parou.
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"Em agosto, nós começamos campanha intensa de divulgação, com os secretários municipais de saúde, e com os agentes de saúde, para buscar as crianças em casa. A gente espera fechar o ano com toda a população infantil vacinada", projeta Carmem.
Conforme a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a cobertura média em Fortaleza, em 2020, está em 91%. Algumas vacinas, no entanto, não alcançaram o ideal. Caso da Poliomielite, com 87%, e Pentavalente, com 85%.
Por vídeo, Renata Dias, assessora técnica de imunização da SMS, reforçou a importância das vacinas. "É importante que as crianças, antes de retornem às aulas, estarem com o cartão de vacina em dias", advertiu.
Erika Freitas Mota, professora do Centro de Ciências da Universidade Federal do Ceará (UFC), observa que a redução da cobertura vacinal é perceptível nos últimos cinco anos. A doutora em bioquímica frisa ainda a necessidade de fortalecimento do Programa Nacional de Imunização (PNI) e maior presença do estado para garantir o direito à saúde pública universal.
"Quando se fala de vacinação, é preciso entender que não é questão de escolha individual. A gente vive em sociedade. Isso é uma responsabilidade social e coletiva. Os surtos da doença não vão atingir somente os indivíduos que acharam que podiam escolher não se vacinar. Eles atingem toda a população. Para quem vive em sociedade, as vacinas devem sim ser obrigatórias", reflete Erika.
Em nota, o Ministério da Saúde reitera a importância da vacinação e afirma que tem ampliado as estratégias de conscientização.