Profissionais da educação se reuniram nesta sexta-feira, 25, em frente ao Paço Municipal para protestar contra o retorno às aulas. Organizados pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute), eles afirmam que as escolas não têm condições para o retorno, por questões estruturais.
Presidente da entidade, Ana Cristina Fonseca Guilherme da Silva pondera que os alunos teriam pouco mais de um mês, 40 dias, de aulas presenciais. Considerando o sistema híbrido, em que os estudantes se alternam na escola, o número de dias cai pela metade. "São 20 dias de aula. Não vale as vidas, não vale o risco", defende.
A Secretaria Municipal da Educação (SME) informou, em comunicado oficial, que ainda não há uma data definida para o retorno presencial das aulas na rede municipal de ensino de Fortaleza.
Ana Cristina comenta que, mesmo com só algumas turmas presenciais, seria inviável manter um número inferior a 100 alunos, bem como lidar com estruturas em escolas menores, o que, na prática, dificultaria a aplicação do distanciamento. "Escola é um espaço de aglomeração. Em todas as escolas, é muito mais que 100 pessoas. Temos que entender também que teremos crianças do infantil, geralmente assintomáticas, e vão colocar em risco os professores e os pais", afirma.
A presidente destaca ainda que, embora todos os professores devam ser testados, nem todos os alunos passarão pelo processo, a ser feito por amostra, com apenas uma parcela dos estudantes. Segundo ela, isso gera um quadro de incerteza e risco para os profissionais da Educação.
Questões sociais também foram apontadas. "Na escola particular, os pais vão deixar as crianças na escola com meios de transporte. Na escola pública, eles geralmente vêm a pé. Imagina a criança chegar com a temperatura mais alta e a gente não deixar entrar (...) Se for em sistema híbrido, o pais vão deixar, mas não pode entrar porque não é o dia. Eles não têm com quem deixar (os filhos)", ressalta.
Segundo Ana Cristina, caso haja a continuidade da postura de retorno das aulas, os sindicatos não descartam a ocorrência de uma greve, com manutenção do ensino à distância. (Júlia Duarte / Especial para O POVO)