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Semana de Proteção Animal alerta para espécies em risco de extinção no Ceará
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Semana de Proteção Animal alerta para espécies em risco de extinção no Ceará

Segundo inspetora da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, a venda ilegal de animais em feiras é a segunda maior fonte de denúncias
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O passarinho é exclusivo do Ceará e corre risco de extinção
 (Foto: FÁBIO NUNES/AQUASIS/DIVULGAÇÃO)
Foto: FÁBIO NUNES/AQUASIS/DIVULGAÇÃO O passarinho é exclusivo do Ceará e corre risco de extinção

O Ceará tem pelo menos 100 espécies de animais silvestres em risco de extinção. Porém, não há estudos específicos para os biomas do Estado e esse número pode ser ainda maior. Diante disso, uma equipe de pesquisadores trabalha no desenvolvimento do Livro Vermelho da Fauna Ameaçada do Ceará. O projeto foi assunto no lançamento da Semana Estadual de Proteção Animal (Sepa) 2020, realizado ontem, 4.

"O livro terá seis listas: mamíferos terrestres, aves, anfíbios, répteis, peixes de água doce e peixes marinhos. Já temos os coordenadores e uma pré-catalogação dessas espécies, baseada no livro nacional e em pesquisas das universidades", explica Marcelo Soares, coordenador do Programa Cientista-chefe da Secretaria de Meio Ambiente (Sema). Os próximos passos envolvem reuniões entre os especialistas, bem como junto de comunidades locais e setores da sociedade.

A publicação compreenderá todos os biomas cearenses até a fauna marinha. "Agora, nós vamos fazer reuniões e preencher uma ficha para cada espécie. Especificando se a espécie tem poucos dados, se está vulnerável ou ameaçada e em quais locais elas se encontram", expõe. A previsão é que o estudo seja finalizado em dois anos e que cada lista seja publicada na medida que o trabalho avance.

Segundo Artur Bruno, titular da Sema, não existia no Estado uma política sistemática de proteção aos animais silvestres. "O governador Camilo Santana criou a Coordenadoria de Proteção e Defesa Animal (Coani) no ano passado, com a missão de trabalhar as políticas para animais domésticos, mas, sobretudo, para animais silvestres", enfatiza. Para Thais Tavares, técnica da Coani, "o maior desafio está no combate à caça animal e ao tráfico ilegal de animais silvestres". "É preciso pensar tanto a parte da fiscalização quanto a educação da própria população", diz.

Eliziane Holanda, inspetora da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, afirma ser comum encontrar animais vendidos ilegalmente em feiras e que, depois dos casos de maus tratos domésticos, essa é a maior fonte de denúncias recebidas. Além disso, de acordo com a Polícia Ambiental do Ceará, a caça ilegal de espécies silvestres cresceu durante a pandemia de Covid-19. O quadro se agravou principalmente no Interior. Atualmente, o batalhão ambiental conta com 256 policiais em todo o Ceará. 

No Estado, existem duas Unidades de Conservação criadas especificamente para proteger aves ameaçadas: o Refúgio da Vida Silvestre do Periquito Cara-suja, em Guaramiranga, e o Refúgio da Vida Silvestre do Soldadinho do Araripe, em Crato. Entretanto, faltam centros para reabilitar os animais resgatados. O Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Fortaleza, de responsabilidade do Ibama, passa por dificuldades. Na tentativa de solucionar o problema, a Sema afirma estar negociando assumir a gestão do local.

SERVIÇO

Semana Estadual de Proteção Animal - Transmissões ao vivo

Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e o Impacto da Caça no Ceará

Quando: 6 de outubro, às 10 horas

Onde: YouTube Sema

Criadouros, licenciamento e venda de animais silvestres

Quando: 8 de outubro de 2020, às 10 horas

Onde: YouTube Sema

 

Para 2022

O "Livro Vermelho da Fauna Ameaçada do Ceará" vem sendo articulado no âmbito da Sema desde pelo menos 2016. Agora, a expectativa é que o trabalho seja finalizado em dois anos.

1.173

é o número de animais em vulnerabilidade ou em risco de extinção no Brasil. A agropecuária e a expansão urbana são os principais fatores de pressão às espécies

Fonte: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção 2018

O Ceará possui mais de 100 espécies ameaçadas, entre elas:

Mamíferos

- Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus)

- Peixe-boi-marinho (Trichechus manatus)

- Gato do mato (Leopardus tigrinus)

- Mocó (Kerodon rupestris)

Aves

- Jacucaca (Penelope jacucaca)

- Periquito cara-suja (Pyrrhura griseipectus)

- Soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni)

Répteis

- Tartaruga-verde (Chelonia mydas)

- Tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata)

- Cobra-da-terra-dos-brejos (Atractus ronnie)

Anfíbios

- Sapinho "maranguapense" (Adelophryne maranguapensis)

Peixes

- Cavalo-marinho (Hippocampus reidi)

- Tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum)

- Raia-manta (Mobula birostris)

Invertebrados

- Estrela do mar (Astropecten marginatus)

- Caranguejo guaiamum (Cardisoma guanhumi)

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente (Sema) do Ceará

 

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