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IFCE inicia semestre com calendário acadêmico sob questionamentos
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IFCE inicia semestre com calendário acadêmico sob questionamentos

Encurtamento dos dias letivos preocupa estudantes e servidores. Algumas unidades ainda finalizam atividades do primeiro semestre
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 Fachada do IFCE em Fortaleza (Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves Fachada do IFCE em Fortaleza

Alguns campi do Instituto Federal do Ceará (IFCE) começaram esta semana o semestre 2020.2 sob questionamentos por parte da comunidade escolar. A quantidade de aulas programadas representaria sobrecarga de trabalho e estudos.

Fontes ouvidas pelo O POVO afirmam que em Fortaleza era previsto inicialmente que o semestre finalizasse em 3 meses e 4 dias. Uma mobilização interna de servidores e alunado conseguiu estender esse prazo por mais 60 dias. O prazo reduzido, no entanto, continua valendo para turmas em conclusão de curso e em outros campi da Instituição.

Um estudante do IFCE, que pediu para não ser identificado, critica o modelo adotado. "Da maneira como está, é prejudicial. Por conta do rendimento mesmo. Você tem de cumprir muitas atividades em pouco tempo. O conteúdo principal das disciplinas tem de ser mantido. O calendário está bastante insatisfatório", considera.

Estudante de licenciatura em Química no IFCE de Acaraú, Lucas Vitoriano ainda está finalizando o semestre 2020.1. Ele avalia negativamente os últimos meses de aprendizado e teme pelo próximo. 

"Os professores estão trabalhando o dobro, até o triplo, para conseguir dar conta de tudo. Não é possível dar cinco meses de aula em três meses. Não é culpa dele. É culpa do pouco tempo. Tem cadeiras que não dá para o aluno concretizar e levar o conhecimento necessário para outra disciplina", diz Lucas.

Reuber Saraiva, pró-reitor de Ensino da Instituição, destaca que as decisões tomadas para encurtamento dos dias letivos seguem as diretrizes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tendo praticamente todos os campi do Instituto adotado a possibilidade. 

O professor cita ainda os esforços feitos para agilizar o ensino e alcançar quem não tem conectividade. Cita a compra de 4,5 mil tablets, o aditivo para mais 1,5 mil e a distribuição de 10 mil chips. "O Campus Paracuru nos deu o feedback muito importante de que estamos tendo menos trancamento durante o ensino remoto. Nem todo município tem aquele transporte regular. Dentro do contexto que estamos vivenciando, a gente está vendo algo bastante positivo", comemora Reuber.  

O coordenador do Sindicato dos Servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (SINDSIFCE), David Montenegro, alerta que o Instituto Federal não pode ser comparado às universidades. Embora oferte licenciaturas, por exemplo. Frisa ainda que metade do público atendido é do ensino médio e vivem em situação vulnerável.

"A gente insistia que retomar o calendário letivo significaria, no limite, aprofundar a exclusão e a desigualdade. Coisa que se comprovou. A exclusão digital está na ordem de 35%. Chips e tablets, que muitos viram como a cloroquina da educação, a salvação dos problemas que a gente enfrenta, não têm capacidade técnica e nem escala de alcance numa instituições com quase 40 mil matrículas", avalia David Montenegro.

 

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