Um dos pontos de partida para o início da investigação que resultou na Operação Santana Raptor, da Polícia Federal, teria sido uma entrevista dada pelo paleontólogo Álamo Saraiva ao O POVO.
Em 28/9/2017, o pesquisador da Universidade Regional do Cariri (Urca) declarava, nas Páginas Azuis do jornal, que um paleontólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) teria "um trabalho extremante danoso" com a Chapada do Araripe.
De acordo com Álamo Saraiva, que coordena o Laboratório de Paleontologia da Urca, "o professor vinha aqui com um grupo de alunos que traziam roupas, cestas básicas, brinquedos para crianças e faziam um escambo de fósseis".
Álamo Saraiva apontou, na época, que o paleontólogo percorreria "locais de exploração do calcário laminado" para, supostamente, comprar fósseis.
Segundo Álamo, como o material era levado em um micro-ônibus da universidade carioca - o mesmo que trazia os alunos -, se evitava assim a fiscalização da polícia.
Na época da entrevista, O POVO procurou o paleontólogo citado por Álamo Saraiva. Por causa da gravidade das denúncias não citou o nome do pesquisador da UFRJ.
Ao O POVO, ele respondeu que havia ficado "bastante surpreso com as afirmações apresentadas, já que possuímos um excelente trabalho de intercâmbio com a Urca há mais de 20 anos. Inclusive, minha relação com o professor Álamo sempre foi de enorme cordialidade, sem que houvesse qualquer abordagem sobre estas questões comigo ou com outros pesquisadores de minha instituição".
De acordo com o paleontólogo carioca, "todas as ações realizadas por nossa universidade estão autorizadas pelo Departamento Nacional da Produção Mineral, através de portarias administrativas e que possibilitam um trabalho de treinamento e qualificação dos futuros geocientistas brasileiros".
E contestou: "Não realizamos escambo de fósseis com qualquer trabalhador local. Trata-se de uma informação equivocada e inadequada. Em dezembro de 2016, realizei uma doação de material para a Igreja de Santana do Cariri destinada ao bazar de final de ano - já que minha mãe atua em atividades de assistência social, na cidade em que vive no interior do estado do Rio de Janeiro".