As escolas particulares já discutem atualizar protocolos sanitários contra a Covid-19 para ampliar aulas presenciais. O debate sobre pontos como distanciamento entre as carteiras em sala de aula e reabertura de espaços de convivências ainda está em fase embrionária no Comitê Técnico de Trabalho do Ceará, que faz a interface com os setores produtivos. O argumento para se discutir atualizações é de que a revisão do funcionamento dos equipamentos precisa ser feita de forma breve por conta da proximidade do ano letivo de 2021.
"As coisas podem ser reajustadas para começarmos 2021 em outro patamar. A gente começou com 1,5 metro de distanciamento na sala de aula. Quando o vírus está circulando muito na comunidade pode fazer sentido. Mas muitos países já estão usando 1 metro. A gente precisa desse debate com o Poder Público, as escolas estão fazendo tudo certinho", argumenta Henrique Soárez, coordenador do grupo de trabalho ao retorno presencial do Sindicato de Educação da Livre Iniciativa do Ceará (Sinepe-CE).
As instituições privadas gradualmente têm sido liberadas para as aulas presenciais há pouco mais de dois meses. Na primeira etapa da retomada, em 1º de setembro, o decreto governamental autorizou retorno do Ensino Infantil às salas. Os 1º,2º e 9º anos do Ensino Fundamental, além do 3º ano do Médio, também foram permitidos um mês depois. Mais recente, no final de outubro, foi permitido retorno presencial das turmas de 3º ao 8º ano do Fundamental, com capacidade máxima estabelecida. A decisão, com suas limitações, também vale para a rede pública, que segue sem previsão de reabertura das escolas.
Entre os argumentos lançados por Henrique, diretor do 7 de setembro, está a constatação publicada no Informe Epidemiológico da Semana Epidemiológica 43 (SE43), da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). "Não encontramos qualquer relação com a abertura das escolas", diz um dos pontos do material ao destacar que a faixa etária predominante de novos pacientes é de 20-39 anos.
Henrique defende a necessidade de ampliar a ida dos estudantes à escola. Hoje, a média é de duas vezes na semana. Com a redução do distanciamento entre as cadeiras em sala de aula, mais alunos podem voltar às aulas presenciais e ir em mais dias.
"Em um contato com MPF (Ministério Público Federal), com o procurador Alessander Sales, foi mencionado sobre um plano de contingenciamento. Ele falou disso. Vamos terminar o ano de 2020 dessa forma, mas é preciso começar a discutir 2021. Na escola particular, a nossa cabeça está toda em 2021. A gente já está falando nas provas do próximo ano. A gente já tem que começar o debate. Tem muita coisa que a gente precisa discutir", tenciona Henrique.
O POVO buscou o Ministério Público Federal para entender sobre o plano de contingenciamento citado, mas o órgão preferiu não se manifestar. Afirmou que a decisão é do colegiado montado pelo Governo do Estado e que a discussão ainda está em fase inicial.
Em nota, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) afirma que todas as decisões do Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas e Comportamentais são baseadas em estudos epidemiológicos e em relatórios técnicos. Informações são compartilhadas e acompanhadas pelo Comitê ampliado, grupo reúne Governo do Ceará, Prefeitura de Fortaleza, Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa, Ministério Público Estadual e Federal.
Casos
Em relação aos casos registrados nas instituições privadas, a Sesa conta que foram 26 escolas, em Fortaleza, com casos suspeitos e confirmados de Covid-19 até sexta-feira, 30 de outubro. Nenhuma escola foi fechada até então.