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Caatinga tem 366 espécies ameaçadas de extinção
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Caatinga tem 366 espécies ameaçadas de extinção

Proporcionalmente, o número corresponde a 18,2% das espécies analisadas pelo IBGE. No ranking, o bioma é o terceiro com mais espécies ameaçadas
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Tatu bola (tolypeutes tricinctus) é um dos animais ameaçados de extinção na Serra das Almas, Crateús, Ceará (Foto: José Miguel de Paula)
Foto: José Miguel de Paula Tatu bola (tolypeutes tricinctus) é um dos animais ameaçados de extinção na Serra das Almas, Crateús, Ceará

Entre os biomas brasileiros, a Caatinga está em terceiro lugar em relação à quantidade de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção. Segundo informações divulgadas ontem, 5, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), das 2.015 espécies analisadas na primeira edição da pesquisa "Contas de Ecossistemas: Espécies ameaçadas de extinção no Brasil 2014", 366 (18,2%) estão nas categorias "criticamente em perigo", "em perigo" e "vulnerável" na Caatinga.

Na lista, o bioma só fica atrás da Mata Atlântica (1.989) e do Cerrado (1.061). O índice é considerado "alarmante" pelo biólogo Samuel Portela, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente e coordenador técnico da Associação Caatinga.

O biólogo explica que, diferentemente do que ocorre em outros biomas, como a Amazônia e o Cerrado, na Caatinga o desmatamento não ocorre com a retirada de "blocos" das florestas, mas de forma "pulverizada", principalmente com a extração ilegal de madeira.

Com a redução da floresta, o habitat das espécies também é impactado, assim como a biodiversidade e a quantidade de água disponibilizada nos mananciais, complementa. "(A Caatinga) é um bioma que já perdeu 50% de sua área original. É algo que vem avançando consideravelmente", afirma.

Segundo Portela, a Associação Caatinga acompanha o bioma de forma "mais geral", em relação à perda de florestas, e as informações do estudo do IBGE serão importantes para a tomada de decisão. "É um estudo norteador e que ajudará bastante, a meu ver, os esforços de conservação dos biomas."

Ainda segundo a publicação do IBGE, o Pantanal e a Amazônia têm as maiores proporções de espécies na categoria menos preocupante. No Pantanal, 88,7% das 1.404 espécies analisadas — ou 1.246 — estão nessa categoria. Na Amazônia, a parcela que compõe esse grupo é de 84,3% das 5.944 espécies analisadas — ou 5.010.

O levantamento aborda espécies e o estado de conservação delas na natureza, detalhadas por biomas - Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Mar e ilhas oceânicas - e tipos de ambiente (terrestre, água doce e marinho).

A pesquisa analisou 4.617 espécies da flora e 12.262 espécies da fauna que contam com informações sobre o estado de conservação e foram listadas pelo Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (CNCFlora/JBRJ) e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Ao todo, são reconhecidas atualmente 49.168 espécies de plantas e 117.096 espécies de animais no Brasil.

No estudo, foi observado o estado de conservação das espécies em 2010, 2014 e 2018. Para avaliar as variações em relação ao risco de extinção das espécies ao longo dos anos, a pesquisa utiliza o Índice da Lista Vermelha (ILV).

Os valores do ILV variam de 0% a 100% e são como uma proporção do número de espécies em cada categoria de risco de extinção (com pesos maiores para categorias de maior risco) em relação a um cenário ideal em que todas as espécies avaliadas estão na categoria "menos preocupante". Um valor ILV igual a 100%, por exemplo, equivale a todas as espécies sendo categorizadas como "menos preocupantes", e não se espera que nenhuma seja extinta no futuro próximo. Enquanto isso, um valor do ILV igual a 0% indica que todas as espécies foram extintas. (Colaborou Laís Oliveira / Especial para O POVO)

 

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