O Ceará apresenta a melhor taxa de acesso ao ensino médio do Nordeste, segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2020, realizada com dados de 2019. No Estado, a taxa ajustada de frequência escolar líquida (Tafel), que mede a frequência à escola na etapa adequada, ficou em 74,2% para a população de 15 a 17 anos no Ensino Médio. O indicador tem avançado progressivamente desde 2016, quando era de 67,6%.
Em relação à taxa bruta de frequência escolar, o Estado também evoluiu, atingindo 88,4% em 2019, com elevação de 5,9 pontos percentuais frente ao dado registrado em 2016. As informações organizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foram divulgadas ontem, 12.
De acordo com o IBGE, a taxa de frequência escolar bruta considera apenas a frequência à escola em qualquer nível - ainda que não seja adequado àquela faixa etária. No grupo de 6 a 10 anos e no grupo de 11 a 14 anos de idade, a expansão da taxa bruta de frequência escolar no Ceará foi: 0,7 ponto percentual e 1,5 ponto percentual, respectivamente. É preciso considerar, porém, que o Ceará já se encontrava em patamar bastante próximo à universalização em ambas as faixas (99,3% e 98,0%, respectivamente) em 2016.
Para a faixa de 15 a 17 anos, o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece o objetivo de Tafel de atingir 85% até 2024 - uma proporção 13,6 pontos percentuais superior à registrada em 2019, já que a média do País foi de 71,4% neste grupo etário. Segundo o IBGE, em 2019, nenhum estado atingiu a proporção de 85%. O valor mais elevado em relação a esse São Paulo (84,1%).
Em relação aos jovens que ingressam no Ensino Superior na idade adequada, entre 18 e 24 anos, a Tafel do Ceará estava em 22,9% em 2019, crescendo em 5,4 ponto percentual desde 2016. O IBGE mostrou que Amapá, Santa Catarina e Distrito Federal são as três únicas unidades da Federação que já ultrapassaram o patamar de 33% de Tafel no ensino superior, percentual estabelecido como meta pelo PNE. Portanto, para o Ceará alcançar a meta, falta ainda uma elevação de 10,1 pontos percentuais, que precisaria ser alcançada em um período de cinco anos.
O professor Wagner Andriola, docente titular da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Ceará (UFC), acredita que o resultado obtido pelo Ceará na frequência escolar líquida dos jovens de 15 a 17 anos demonstra o acerto nas ações educacionais voltadas a esse segmento estudantil.
"Não obstante a esse avanço, o Ceará deverá aprimorar as ações de gestão escolar, com o fato de incrementar o sucesso na escolarização desses jovens, bem como diminuir substantivamente as taxas de evasão escolar nessa faixa etária específica (15 a 17 anos)", acrescenta.
Nesse processo, o especialista enxerga como desafios dotar as escolas de tempo integral, transformar as ações de formação em experiências úteis à integração desses jovens ao mercado de trabalho e incrementar as trocas de experiências entre as universidades com o Ensino Médio. Sobretudo em áreas estratégicas ao desenvolvimento local, tais como, infraestrutura (aeroportuária, portuária, ferroviária, prisional), logística, tecnologia e inovação, saúde e segurança públicas, formação de professores, avaliação de políticas públicas.
Em nota, a Secretaria da Educação (Seduc) defende que vem ao longo dos anos democratizando o acesso à escola pública de qualidade e vem reduzindo a distorção idade-série e o abandono escolar com uma política de educação em tempo integral e profissional voltadas ao desenvolvimento de competências socioemocionais e cognitivas.
"A Secretaria da Educação (Seduc) tem orientado as escolas a promoverem a busca ativa, levando em consideração a região onde estão localizadas. Também há ações com a finalidade de manter o vínculo entre escola e alunos para que se sintam apoiados. Uma delas é a Política de Desenvolvimento de Competências Socioemocionais", traz o posicionamento da pasta.
Das 728 escolas estaduais, 277 atendem em tempo integral, alcançado um total de 96 mil jovens. (Colaborou Ítalo Cosme)
Pesquisa
A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) traz uma análise detalhada das condições de vida da população brasileira a partir de três eixos fundamentais - Estrutura Econômica e Mercado de Trabalho; Padrão de Vida e Distribuição de Renda; e Educação, com detalhamento geográfico, por gênero, cor ou raça e grupos de idade, assim como a evolução temporal de muitos dos indicadores.