O aumento de casos da Covid-19 iniciado há cerca de dois meses no Ceará tem apresentado maior incidência entre os jovens. Considerando os novos casos registrados entre 16 de outubro e 16 de dezembro, 40% são de pessoas entre 15 e 34 anos. Entre 16 de abril e 16 de junho — durante o pico da pandemia no Estado —, 30% dos novos casos foram de pessoas nessa faixa etária. Nesse período, o percentual de pessoas com mais de 60 anos infectadas era de 22%. Durante os últimos dois meses, a taxa de pacientes com a infecção nesse perfil etário é de 14%. Os dados são da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa).
O avanço de novos casos nas últimas semanas tem sido mais lento quando comparado ao aumento de casos no período inicial da pandemia no Estado. O aumento da circulação viral se deu novamente em regiões de Fortaleza com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais alto. A proporção de novos infectados com idades a partir de 45 anos diminuiu em comparação ao período entre abril e junho. Por outro lado, todos os recortes etários até 45 anos apresentam aumento de pessoas infectadas em relação ao número total de novos casos.
A taxa de novos diagnósticos de infecção pelo coronavírus entre pacientes de zero a 14 anos saiu de 4% (de 16 de abril a 16 de junho) para 6% (de 16 outubro a 16 de dezembro).
Conforme José Xavier Neto, cientista-chefe do Governo do Estado e coordenador do Centro de Inteligência em Saúde do Ceará, a mudança é significativa e está ligada à questão comportamental. São pessoas que voltaram a se deslocar mais após a reabertura. "Indica uma característica muito clara do jovem com mais mobilidade e certa independência para se locomover", explica.
Segundo Xavier, que é professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), o cenário ainda é de surtos, principalmente na Capital. "No Ceará, não temos evidência de segunda onda", diz.
Ele alerta, contudo, que o perfil dos novos casos confirmados pode mudar muito rapidamente. "É importante segurar até que se comece a vacinação. Se olhar as curvas de mortalidade, teve uma mortalidade importante durante o pico, mas de lá para cá está controlada. A situação é de controle e estamos em posição privilegiada em comparação a outros estados do Brasil", avalia.
O médico afirma que as pessoas com comportamento de risco devem a voltar a colaborar, principalmente usando máscara e evitando aglomerações. "Se houver uma colaboração da população, a gente vai poder atravessar esse período que sugere uma ameaça por conta das festividades até chegar a vacina. Todo mundo está cansado e as festas têm muito significado por conta da família. Mas é preciso que seja feita de maneira muito controlada", destaca.