O desafio das 34 escolas estaduais que retomaram aulas presenciais, no modelo híbrido, para preparar os alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é conciliar os encontros preparatórios com a rematrícula e a entrega de cestas básicas e chips. Em Fortaleza, as três unidades intercalam os dias dos encontros e se preparam para intensivos na próxima semana. É o caso da Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Bárbara de Alencar, no bairro Varjota.
ESCOLAS estão conciliando entrega de chips para os alunos com retorno presenciais das aulas
Por lá, as aulas presenciais ocorrem desde 16 de novembro duas vezes por semana para duas turmas. Pela manhã, há uma com alunos do 2º e 3º ano do Ensino Médio, onde frequentam em média 10 pessoas. À noite, cerca de 20 educandos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) participam. Na próxima semana estão previstos três dias de aulas para os pré-vestibulandos.
"Com a proximidade do Enem, a gente teve o interesse de trazê-los presencialmente à escola para fortalecer o estudo deles, apoiar no conteúdo e na sistemática de estudos. Além disso, interagir com os estudantes e estabelecer o vínculo para mostrá-los que não estão sozinhos. A escola está disponível para este momento de desafio. A gente vai superar essa dificuldade e eles terão êxito no projeto de vida, nos sonhos e nos anseios", comenta Najla Giffoni, coordenadora da Bárbara de Alencar.
No total, 350 estudantes do ensino fundamental, médio e EJA estudam no local. Nesta terça-feira, 5, ocorria entrega de chips com 20MB de dados aos discentes. A escola tem autonomia para decidir a programação das atividades, conforme a Secretaria de Educação (Seduc).
Escolas que estão com atividades presenciais para alunos que vão fazer Enem. EEFM General Murilo Borges Moreira
A escola está equipada com tapetes sanitizadores, dispensadores de álcool em gel e sinalização nos espaços de convivência, como o que dá acesso à cantina. Também estão estocados garrafas com higienizador para as mãos. As medidas visam evitar a proliferação do novo coronavírus.
Escolas que estão com atividades presenciais para alunos que vão fazer Enem. Escola de ensino fundamental e médio Bárbara de Alencar usa tapetes sanitizantes
Após um ano sem aulas presenciais, as expectativas de Rafael Brandão Leme, 17, não são tão boas para as provas do Enem. "Com certeza vai ser mais difícil de passar", diz o aluno do 3º ano do Ensino Médio da Escola de Tempo Integral João Nogueira Jucá, na Sapiranga. O Exame ocorre nos dias 17 e 24 de janeiro.
Escolas que estão com atividades presenciais para alunos que vão fazer Enem. Escola de ensino fundamental e médio Bárbara de Alencar
O adolescente também não sabe qual graduação deve disputar para entrar na universidade. "Se nada der certo, o jeito é fazer uns cursos ou sair entregando currículo por aí". Na próxima quinta-feira, 7, ele e outros colegas participarão de aulão preparatório para o Enem. O POVO identificou funcionários sem máscara.
Escolas que estão com atividades presenciais para alunos que vão fazer Enem. EEFM General Murilo Borges Moreira. Bruno Silva, 18 anos, indo para o 3º ano
Na manhã de ontem, o fluxo de estudantes do 2º ano do Ensino Médio era intenso na Escola Murilo Borges, no Vicente Pinzón. Não havia programação voltada para o Enem, mas a escola entregava chips, cestas básicas e rematriculava os alunos para o próximo ano letivo. Bruno Silva, 18, era um deles. O jovem vai cursar o 3º ano do Ensino Médio este ano. A expectativa dele é de que as aulas sejam presenciais.
Escolas que estão com atividades presenciais para alunos que vão fazer Enem. Escola de ensino fundamental e médio Bárbara de Alencar
"Eu percebi que o contato físico é uma coisa muito importante para professores e alunos. A sala cheia, a barulheira, tudo faz falta. É um negócio feio quando não tem", lamenta. O jovem saiu com cesta básica do local. Esta é a segunda vez que retira os alimentos desde o início da pandemia.
Por outro lado, o vigilante Francisco Juscelino, 40, afirma que só enviará os filhos à escola quando todos estiverem vacinados. A filha mais nova foi remanejada da escola municipal para a unidade, e o filho mais velho segue agora para o último ano do ensino básico.
"É mais seguro até pra gente. Eu já tenho 40 anos. Minha esposa, 41. Sem a vacina fica complicado. Todos nós ficamos vulneráveis. Durante esses meses, eles continuaram estudando em casa. Não pararam. Vamos esperar um pouco mais", comenta ainda com receio de retorno presencial às aulas.