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Medidas sanitárias ajudam a conter novas variantes do coronavírus
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Medidas sanitárias ajudam a conter novas variantes do coronavírus

Normais ao longo da evolução dos vírus, as mutações nem sempre são preocupantes. Porém, permitir que ele circule, sem a adoção de medidas para contê-lo, pode favorecer o surgimento de novas variantes
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AEROPORTOS são locais que merecem atenção para o rastreamento de possíveis novos casos que cheguem ao País (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves AEROPORTOS são locais que merecem atenção para o rastreamento de possíveis novos casos que cheguem ao País

Duas variantes do coronavírus têm chamado atenção recentemente. Uma é a B.1.1.7, que foi identificada inicialmente no Reino Unido, rapidamente espalhou-se por outros países e foi confirmada recentemente no Brasil. A outra, nomeada 501.V2, foi detectada inicialmente na África do Sul no fim de 2020. O surgimento de variantes dos vírus — neste caso o Sars-Cov-2, coronavírus causador da Covid-19 — ocorre após uma série de mutações no código genético ao longo da evolução deles. Permitir que o vírus circule e infecte diferentes pessoas é um dos fatores que influenciam o surgimento dessas mutações.

Nem todas, porém, são preocupantes. "A maioria delas não é, mas se deixarmos ele (o vírus) circular com muita força estamos aumentando a chance de que, daqui a pouco, uma variante importante surja", afirma Mellanie Fontes-Dutra, biomédica, doutora em Neurociência e coordenadora da Rede Análise Covid-19. Dessa forma, o uso de máscara e álcool gel, além da adoção do distanciamento físico, são medidas necessárias para evitar o surgimento de novas variantes.

Além disso, aeroportos são locais que merecem atenção para o rastreamento de possíveis novos casos que cheguem ao País, afirma Mellanie. "Os controles devem ser aqueles que já conhecemos — máscaras, distanciamento, ambientes com bom fluxo ou troca de ar. Em alguns países, as pessoas que chegam permanecem cerca de dez a 14 dias de quarentena antes de circular de fato", complementa.

Desde março, o Aeroporto Internacional de Fortaleza conta com uma barreira sanitária. Na área de desembarque, são realizados aferição de temperatura corporal, triagem, repasse de informações sobre os sintomas da doença e, se necessário, encaminhamento do passageiro à rede de atenção à saúde. Até o final de dezembro de 2020, 760 mil pessoas proveniente de 4.600 voos nacionais e internacionais tiveram a temperatura aferida no aeroporto, segundo informações da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

Na última segunda-feira, 4, a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo confirmou os dois primeiros registros da variante B.1.1.7 no Brasil, após análise de amostras realizada pelo Instituto Adolfo Lutz. Foram os casos de uma mulher de 25 anos — moradora de São Paulo e infectada após contato com viajantes que estiveram na Europa — e um homem de 34.

Até o momento, estudos mostram indícios de que a variante seja mais transmissível do que a que já circulava no País. "Ainda não se bateu completamente o martelo se ela é de fato mais transmissível, porque vários experimentos específicos devem ser feitos para comprovarmos isso", afirma a biomédica Mellanie Fontes-Dutra.

De acordo com ela, pesquisas também mostram que a B.1.1.7 não deve ser mais letal que a versão que já era conhecida no Brasil. "Mas a questão é que isso não impede que ela acabe matando mais, porque, infectando mais pessoas, mais pessoas vão agravar, vão precisar de hospitalização e infelizmente mais delas vão a óbito."

Quanto à variante sul-africana 501.V2, também são necessárias mais informações sobre maior letalidade ou aumento nas chances de desenvolvimento de casos graves da Covid-19 em pacientes infectados. Também não é possível afirmar, ainda, em quantos porcentos a nova variação é mais contagiosa do que outras já existentes. O que relatórios de saúde sul-africanos afirmam é que ela é responsável por um aumento da carga viral dos pacientes infectados, o que, associado com uma crescente de casos no país, sugere uma contaminação mais expressiva do que o vírus original.

Em evento da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas redes sociais, a chefe da equipe técnica da Organização para o novo coronavírus, Maria Van Kerkhove, afirmou que as novas variantes aparentemente não estão piorando a gravidade da pandemia. Ainda que as vacinas atuais não sejam eficazes contra as novas variações, "elas são relativamente fáceis de modificar", afirmou o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan.

Como ocorrem as mutações no coronavírus


Ao longo do desenvolvimento dos vírus, é normal que ocorra uma série de modificações no código genético deles — no caso do Sars-Cov-2, o RNA."Cada vez que infecta uma pessoa, ele vai criar novos vírus, novas versões dele mesmo. Ele vai usar ferramentas para fazer um 'ctrl+c', 'ctrl+v' do seu material genético e formar novos vírus", explica Mellanie Fontes-Dutra.

Apesar de ele tentar manter-se "o mais fiel possível", alguma variação pode surgir. "É aí que começamos a ver essa questão das mutações. Dependendo do lugar em que essa mutação for, pode ter alguma importância ou não", complementa a biomédica. Sem a adoção de medidas para conter a propagação do vírus, esse processo pode ser favorecido.

Números da Covid-19 no Ceará


Nesta quarta-feira, 6, o Ceará chegou aos 340.312 casos confirmados de Covid-19. Foram 1.269 novos casos registrados, na comparação com a terça-feira, 5. Desde o início da pandemia no Estado em março de 2020, o Ceará já acumula 10.062 óbitos pela doença — são nove registros a mais, em relação à véspera. Os dados são do boletim epidemiológico disponível no IntegraSus, plataforma da Sesa, com atualização às 17h33min. (Colaborou Alan Magno) (Com Agências)

Fortaleza, Ceará Brasil 11.05.2020  Hospital Regional da Unimed (FCO FONTENELE /O POVO)
Fortaleza, Ceará Brasil 11.05.2020 Hospital Regional da Unimed (FCO FONTENELE /O POVO)

Com 164 pacientes internados e 70 em UTI, Unimed Fortaleza suspende marcação de cirurgias eletivas

Atualizado em 6/1/2021, às 15h51min

Em nota divulgada nesta quarta-feira, 6, a Unimed Fortaleza informou a suspensão temporária da marcação de novas cirurgias eletivas no Hospital Unimed. A medida vale até o fim do mês e pode ser prorrogada, caso seja necessário. Na nota, a cooperativa destaca que a medida não vai afetar os procedimentos já agendados nem as cirurgias de urgência, oncológicas, cardíacas e neurocirurgias.

Foi o recente aumento de pacientes buscando atendimento nas emergências do Hospital Regional Unimed (HRU) com sintomas de Covid-19 que levou à adoção dessa medida. O número de internações para tratamento da doença também tem aumentado.

Presidente da Unimed Fortaleza, o médico Elias Leite afirmou, por meio de perfil no Instagram, que nesta quarta-feira há 164 pacientes internados por Covid-19 no Sistema Unimed, 19 a mais do que ontem, terça-feira, 5. Nas unidades de terapia intensiva (UTI), estão 70 pacientes — 15 a mais do que o registrado na véspera, quando havia 55 pessoas.

Há também novos dois pacientes em uso de respirador, somando 35, ao todo. "Até meia-noite de ontem, atendemos no nosso hospital 191 pacientes com quadro respiratório com suspeita de Covid-19. E do meio-dia de ontem ao meio-dia de hoje tivemos 10 altas e 10 internações", complementa o médico.

Em relação às altas hospitalares, ele informou que o HRU contabiliza o total de 1.675. Somando esse número ao dos demais hospitais da rede, foram 2.566 altas de pacientes que tiveram Covid-19.

"Os números infelizmente continuam aumentando. Da parte da gente, a gente vai fazendo tudo possível para levar o melhor atendimento aos nossos clientes. Vamos ficar na batalha até o final. Temos que manter os cuidados, não dá para baixar a guarda", destacou o médico.

De acordo com ele, o recente aumento na procura por atendimento com suspeita da doença pode ser resultado das aglomerações que ocorreram no período de final de ano. Mas ele ressalta que ainda se passou pouco tempo para se perceber a  repercussão das aglomerações do Réveillon, especificamente.

Confira, abaixo, a nota da cooperativa.

Nota sobre suspensão da marcação de cirurgias eletivas

A Unimed Fortaleza informa que, em razão do aumento recente de pacientes procurando as emergências com suspeita de Covid-19, bem como de internações para tratamento da doença na rede, estão suspensas, temporariamente, a partir desta quarta-feira (06/01), a marcação de cirurgias eletivas no Hospital Unimed. A medida vale até o fim de janeiro de 2021, podendo ser prorrogada caso se faça necessário. A cooperativa reforça que os procedimentos já agendados, bem como as cirurgias de urgência, oncológicas, cardíacas e neurocirurgias não serão afetadas.

Florianopolis 26 de agosto de 2014, O medico Miguel Nicolelis,  em evento. (Foto José Luiz Somensi/Fronteira de Pensamentos)
Florianopolis 26 de agosto de 2014, O medico Miguel Nicolelis, em evento. (Foto José Luiz Somensi/Fronteira de Pensamentos)

Covid-19: Nicolelis sugere novo lockdown para "evitar 2ª leva de mais de 300 mil mortes em 2021"

"Acabou. A equação brasileira é a seguinte: ou o país entra num lockdown nacional imediatamente, ou não daremos conta de enterrar os nossos mortos em 2021". Com essa constatação realizada pelas redes sociais no início da semana, Miguel Nicolelis alerta para uma previsão alarmante para uma segunda onda da Covid-19 no Brasil, em 2021. Neurocientista brasileiro com reconhecimento internacional, o atual coordenador da comissão científica do Consórcio Nordeste para combate ao coronavírus foi entrevistado na rádio O POVO/CBN na manhã desta quarta-feira, 6 de janeiro. Confira os destaques. 

Ouça a entrevista de Miguel Nicolelis à rádio O POVO/CBN na íntegra

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Questionado sobre o embasamento estatístico para sugerir um novo lockdown em todo o Brasil, Nicolelis trouxe à tona o recente caso de Manaus, que decretou estado de emergência por 180 dias e sofre com a sobrecarga de hospitais e cemitérios. "O prefeito teme que nos próximos dois meses possa ter um colapso funerário, ou seja, não seria possível dar conta do número de corpos resultantes da pandemia. A cidade está completamente fora de controle, possui taxa de ocupação hospitalar próxima de 100% e com filas de espera já", afirma.

PÁGINAS AZUIS | Miguel Nicolelis: A peleja da ciência contra a besta-fera da ignorância

"Naquele momento (em que publicou nas redes sociais), eu tinha terminado uma análise de todas as capitais brasileiras e visto que, por exemplo, no Nordeste, oito, das nove capitais, apresentavam tendência de crescimento do número de casos de coronavírus. Isso antes mesmo da gente computar o efeito das festas natalinas e de réveillon", explica. "Nós tínhamos, pelo menos, três capitais com velocidade de contaminação maior do que no começo da primeira onda, em março e abril, mostrando claramente que nós temos que agir antes que o efeito das festas de final de ano seja sentida, que vai ser nas próximas semanas", complementa o neurocientista, que também cita maiores taxas na região Sul e em estados como São Paulo e Rio de Janeiro.

Na percepção de Nicolelis, a questão mais emergencial com o novo avanço da pandemia recai nos sistemas hospitalares, que podem não suportar as altas demandas de infecção em um futuro breve. Ao constatar que a taxa de crescimento das contaminações pelo vírus está atingindo índices superiores aos registrados no início da pandemia, ele sugere isolamento social mais rígido: "o Brasil precisaria seguir o exemplo do Reino Unido e fazer um lockdown de duas a três semanas, para baixar o crescimento e evitar o colapso até que nós tenhamos a campanha nacional de vacinação nas ruas".

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O médico ainda demonstrou forte oposição às ações do governo federal, do qual chama a atenção. "Nós temos que ter um Comitê Nacional com todas as instituições e lideranças essenciais para que esse plano seja posto em prática o mais rápido possível. O Ministério da Saúde precisa entender e o Governo Federal precisa entender que não há mais tempo a perder, acabou a margem de manobra", defende. "Não temos mais nenhum tempo a perder para evitar uma segunda leva de mais duzentos ou trezentos mil óbitos em 2021, e evitar com que a pandemia se estenda até 2022."

Confira outros pontos

Contexto cearense

"O Ceará fez um dos melhores lockdowns do País. Fortaleza, teve um dos melhores, junto de São Luiz. Se não tivesse tido, o número de vítimas do Estado seria muito maior. Foi exatamente isso que nós mostramos aos governadores no dia 16 de maio do ano passado. Para todos eles nós mostramos os cálculos para cada estado. Os resultados mostram que, se não houvesse um isolamento social, as previsões de casos e óbitos seriam duas, três vezes maiores do que nós tivemos. Eu lamento profundamente que nós tivemos duzentas mil mortes no Brasil e dez mil mortes no Ceará, só que esse valor no Ceará poderia ter sido duas, três vezes maior, se nada tivesse sido feito."

Conscientização nacional

"Infelizmente, não houve uma mensagem categórica, transparente, nacional, que demonstrasse que, antes que a vacina seja disponibilizada, o isolamento social e o uso de máscaras são as poucas ferramentas que nós temos disponíveis pra impedir uma explosão de casos em todo o País. Infelizmente, a população não foi informada devidamente. A dicotomia 'salvar a economia - salvar vidas' começou a dominar o discurso, desde da primeira onda aqui no Brasil, e esse discurso não foi devidamente esclarecido. Se nós começarmos a ter um número de óbitos exacerbado e uma falência do sistema de manejo de corpos no Brasil, como ocorre em Manaus, não adianta nada tentar preservar a economia, porque nós teremos uma crise social e uma crise econômica de enormes proporções. É por isso que nós, cientistas, epidemiologistas e comitês científicos, no mundo inteiro, estão tentando olhar pro futuro, semanas do futuro. Nós não estamos olhando nos dados de hoje só."

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Segunda onda

"Desde as primeiras reuniões do nosso comitê (Consórcio Nordeste) com os governadores, nós alertamos que uma segunda onda era uma realidade. O que nós precisamos agora é de liderança, de estadistas pelo Brasil que ponham com transparência a gama de dados que temos disponível e os riscos que estamos enfrentando. Se nós tirarmos vantagens disso, com isolamento social mais restrito por um período curto, podemos baixar o número de casos, baixar o número de óbitos e salvaguardar o funcionamento do sistema hospitalar até que tenhamos a campanha de vacinação funcionando."

Erros repetidos

"A região Sudeste, hoje em dia, está numa situação crítica. É só olhar os dados das capitais - São Paulo, Rio de Janeiro, provavelmente já estão com taxa de ocupação acima de 90% das UTIs. Esse efeito cascata vai começar a se espalhar por todo o Brasil, porque o Brasil é um país altamente conectado por rodovias e pela malha aeroviária. Então, nós estamos tentando oferecer recomendações semanas antes de que uma crise hospitalar se institua, não só em Manaus, mas em outras regiões e talvez em todo o País. Nós estamos repetindo os mesmos erros da primeira onda, estamos mantendo o espaço aéreo brasileiro aberto pra voos internacionais que podem trazer uma nova cepa mais transmissível pro Brasil. Já trouxe aliás, né? Nós já temos em São Paulo dois casos confirmados. Nós estamos mantendo as rodovias sem bloqueios sanitários, sem reconhecimento do fluxo de pessoas. Pessoas, pelas rodovias e pela malha aeroviária, que transmitem o vírus, além da transmissão comunitária."

Perspectiva nacional

"O Brasil é um dos únicos países do mundo onde não houve um planejamento e uma ação nacional. Um país continental como o nosso, que tem realidades extremamente diversas, necessitava claramente de uma coordenação nacional. Uma de Estado-maior, vamos dizer, de combate à pandemia, que também fosse uma fonte de informações seguras, corretas pra orientar os gestores estaduais e municipais e também a população. A gente não pode esquecer que o o auxílio emergencial aparentemente não vai ser restaurado, ele acabou agora em dezembro e esse vai ser um outro fator fundamental. Em várias capitais brasileiras a velocidade de crescimento dos casos já é mais rápida do que ocorreu na primeira onda; você tem que olhar para essa situação e agir de maneira coordenada, senão nós podemos ter algo pior do que foi a primeira onda. Nós vamos ter um repique de casos, infelizmente, de óbitos, em algumas semanas, como resultado das aglomerações absurdas que nós observamos durante as festas do final de ano. Isso nem está computado ainda nos cálculos que fizemos nos últimos dois dias, mas que ele vai vir, ele virá".

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