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Sindicato dos médicos: Chapa 2 chama ao diálogo e critica negacionismo na atual gestão
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Sindicato dos médicos: Chapa 2 chama ao diálogo e critica negacionismo na atual gestão

Votação para diretoria da entidade será no próximo dia 10, quando 4 mil profissionais estão aptos a votar. Duas chapas estão na disputa
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Debate com a Chapa 2 que concorre ao Sindicato dos Médicos (Foto: Reprodução Facebook)
Foto: Reprodução Facebook Debate com a Chapa 2 que concorre ao Sindicato dos Médicos

Liduína Rocha e Roberto da Justa, candidatos da chapa 2 "Médicos em defesa da vida, da Ciência e do SUS" à presidência e vice-presidência do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec-CE), ao lado do infectologista Kenny Colares, participaram nesta segunda-feira, 1º , do Debates do Povo, na rádio OPOVO CBN, que discutiu as eleições na entidade - marcadas para o próximo dia 10. Leonardo Alcântara, candidato a presidente pela chapa 1 "Seguir avançado", de continuidade da gestão, confirmou presença, mas desmarcou o compromisso alegando incompatibilidade na agenda.

O apresentador do programa, jornalista Marcos Tardin, ressaltou a importância da eleição no Sindicato para a população cearense e, por isso, não caberia o cancelamento da pauta do Debates do Povo. Apesar da ausência de Alcântara, deixou o espaço aberto à chapa 1, que representa a atual gestão no sindicato. O bate-papo de uma hora foi costurado pelos convidados, principalmente, contra o negacionismo exarcebado no enfrentamento à Covid-19 e o convite ao diálogo.

O ouvinte Cícero Amorim citou o alinhamento de integrantes da atual gestão do Simec-CE ao governo federal para perguntar quais as estratégias da Chapa 2 para reposicionar a entidade na rota da ética e da ciência.

Candidata à presidência, Liduína pontuou que o papel do sindicato não é apenas o de denunciar. "O que a gente pode fazer para redimensionar e colocar numa outra rota: usar evidências científicas. Usar a ciência como instrumento de construção das pautas do Sindicato dos Médicos. Observar que a boa defesa profissional é centrada na ética e no diálogo com as instituições que se relacionam com o trabalho médico", respondeu ao internauta.

“Infelizmente, faltou seriedade, em função de projetos políticos pessoais, no combate à pandemia. Não existe agenda para debater gestão, não existe agenda para ser gestão, isso é muito claro”, apontou Liduína, se referindo à chapa de situação.

Entre as propostas citadas para o trabalho sindical, a obstetra candidata ao Simec-CE destacou que deve prezar pelo trabalho médico, pela regionalização, discussão sobre o modelo de contratação na iniciativa privada, por exemplo, além de defender incansavelmente o SUS e a vida. “A gente precisa voltar a ser feliz no exercício da profissão médica”.

O professor Wellington Costa questionou aos participantes do Debates como é possível ter negacionistas concorrendo ao Sindicato dos Médicos. Na resposta, o infectologista Kenny Colares fez a metáfora de quando o paciente é diagnosticado com diabetes e recebe a lista de alimentos que deve evitar, mas aparece outro médico contrariando o primeiro e libera o indivíduo para comer tudo o que tiver vontade, mesmo que isso lhe custe a vida.

“A partir do momento em que nossas instituições, e os médicos são influenciados por ela, não levantam a voz de uma forma muito forte contra isso, a gente acaba assinando embaixo a conta da pandemia. Vai ficar na nossa conta também um pouco por omissão. Esta é a discussão aberta neste momento”, analisou Colares.

Da Justa lembrou que a medicina é uma atividade rica e intensa, que oportuniza a realização de questões fundamentais à vida humana. Para o candidato a vice-presidente da Chapa 2, esse período de pandemia trouxe não apenas a felicidade, mas angústia e sofrimento.

“A medicina precisa ser encarada como atividade promotora e em defesa da vida. É isso que a gente tem como princípio da condução do nosso sindicato, o que se opõe completamente à perspectiva que está hoje na condução. É lamentável que a chapa da situação não queira debater, não queira apresentar propostas, ideias. É lamentável que a entidade venha sendo utilizada para projetos políticos pessoais. É uma entidade que deu as costas para a categoria, para a sociedade e abraçou essa necropolítica”, criticou Roberto da Justa.

"É muito angustiante ver o papel do médico atrelado à política de negação. Existe outra narrativa na nossa categoria profissional. Nós não somos todos negacionistas. Muito pelo contrário. A maioria de nós tem colocado a sua vida e seu corpo à disposição, especialmente, neste momento de pandemia. Principalmente os profissionais muito jovens, que saíram do seu curso direto para os lugares de maior complexidade no atendimento de pacientes com Covid-19", defendeu Liduína.

A eleição para a gestão do Simec-CE está marcada para a próxima quarta-feira, 10 , quando 4 mil médicos podem votar. No total, há 8 mil sindicalizados. Em todo o Estado há cerca de 20 mil profissionais.

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