Além das denúncias de tortura contra presos da Penitenciária Industrial e Regional de Sobral (Pirs), o ex-prestador de serviços do presídio também relatou a morte suspeita de um detento.
O preso, mesmo debilitado e recebendo soro, teria sido transferido indevidamente do Posto de Enfermagem da Pirs para uma das celas superlotadas da unidade prisional da Região Norte do Ceará.
O caso teria ocorrido no dia 26 de novembro do ano passado. Segundo o documento, protocolado no escritório da Ordem dos Advogados do Brasil/Sobral, o detento estava submetido a "uma soroterapia endovenosa, devido a uma gastroenterite constante".
No relato, o denunciante afirma que o detento já havia sido internado em um hospital clínico de Sobral. Depois de retornar para a Pirs, o interno voltou a ter diarreias e, novamente, foi submetido ao soro na veia.
Antes de ser preso, o paciente teria testado positivo para a Covid-19 em Guaraciaba do Norte. Na Pirs foi feito outro teste e o resultado deu negativo.
Depois de passar mal e desidratado, o detento voltou para o Posto de Enfermagem. No entanto, não teria ficado o tempo necessário para a reabilitação. Às 19 horas de 26/11/2020, o interno faleceu em uma das celas da penitenciária.
O histórico dos atendimentos estão relatados no prontuário eletrônico com assinatura do setor médico, de enfermagem e do serviço social. Além de constarem no Sistema de Gestão Penitenciária do Ceará e no Departamento jurídico da Pirs.
O escritório que defendia o preso - Amsterdam, Diego & Lorena Advogados Associados - informou que "a gravidade do estado de saúde dele foi omitida". A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) do Ceará contestou. O preso, segundo a SAP, recebeu seis avaliações médicas "com a devida prescrição e uso dos medicamentos". E o laudo pericial atestou que o óbito ocorreu por "característica natural sem causa determinada", sem sinal de "traumas ou fraturas". (DT)