O segundo mês da quadra chuvosa começou com chuvas intensas no Ceará. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), 133 municípios registraram precipitações entre 7 horas de domingo, 28, e o mesmo horário desta segunda-feira, 1º de março. O litoral cearense recebeu as maiores precipitações.
Em Fortaleza, o posto de coleta de chuvas do Pici marcou 45 milímetros (mm). No Castelão, 24,1 mm. Em Messejana, 14 mm. As precipitações foram suficientes para alagar diversos pontos da Capital. Entre eles, no bairro Aerolândia e no Centro. O principal ponto turístico, a avenida Beira Mar ficou inundada em vários trechos. Tanto no calçadão como na nova área recém-aterrada e nas duas faixas para veículos.
Em fotos enviadas via WhatsApp O POVO, é possível perceber alagamentos próximos ao Mercado dos Peixes, ponto turístico da Cidade. Carros e outros veículos, além de pedestres, tentaram atravessar a avenida com dificuldade. Havia mais pontos alagados na extensão da avenida - no início, no meio e no final da via. Apesar da obra na área ainda não estar concluída, os registros de fotos e vídeos sobre o alagamento tiveram bastante repercussão nas redes sociais.
Em nota enviada ao O POVO, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf) explicou que o alagamento aconteceu pela obstrução da galeria de drenagem, ocasionada pelo depósito de areia. Seria justamente por onde a água da chuva deveria escoar para o mar. Segundo a pasta, foi enviada uma equipe para realizar serviços na região e, após a conclusão, ocorreu o devido escoamento do acúmulo pluvial.
A Secretaria ressaltou que as obras na região ainda não estão terminadas. "A Seinf reitera que as obras de drenagem e urbanização da nova avenida Beira Mar possuem conclusão prevista para junho deste ano", pontou.
O órgão complementou ainda que, desde o início de 2021, recolheu 7,5 toneladas de lixo e aguapés em 46 canais e lagoas, em serviços de limpeza, além de desobstrução em mais de mil bocas-de-lobo.
"A Prefeitura de Fortaleza conta também com o apoio da população para que não descarte lixo nas ruas e nos recursos hídricos. É importante ficar atento ao cronograma de coleta de lixo domiciliar, que é realizada em todos os bairros da Capital três vezes por semana."
Com mais de 100 mm de água, Cascavel (110 mm), Uruburetama (108 mm), Beberibe (103 mm) tiveram as maiores precipitações do Estado neste primeiro dia de março. Todos os municípios estão no Litoral Leste cearense. Potengi, na região hidrográfica co Sertão Central/Inhamuns, teve 98 mm. São Gonçalo do Amarante (87 mm), Fortim (85 mm) e Horizonte (83 mm) também registraram chuvas intensas.
"As condições meteorológicas continuam favoráveis para ocorrência de chuvas. Ainda teremos a influência de um vórtice ciclônico de altos níveis, a formação de áreas de instabilidade, bem como o efeito do sistemas de brisas, e condições locais como relevo, temperatura e umidade, que estará bastante alta", destacou Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme.
Conforme a especialista, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), por sua vez, está localizada acima da Linha do Equador e não deve influenciar de modo significativo Na ocorrência de chuvas no Ceará nos próximos dias. Para esta terça-feira, 2, há previsão de nebulosidade variável com chuva isolada na Região Jaguaribana. Nas demais áreas, eventos de chuva. Para quarta-feira, 3, há possibilidade de nebulosidade e chuva isolada em todo o Estado.
Dados preliminares apontam fevereiro com volume acumulado de 138,03 mm, 16,6% de desvio positivo, ainda dentro da categoria normal. A região com melhor cenário foi a do Cariri, onde choveu 44,41% acima da normal climatológica. Situação diferente vive a região do litoral de Fortaleza, onde choveu 47,9% abaixo da normal.
"As precipitações observadas foram ocasionadas, principalmente, por áreas de instabilidades e a presença de vórtices ciclônicos de altos níveis. A ZCIT não teve influência significativa em fevereiro. Por isso, os piores índices de precipitação observados ocorreram na faixa litorânea". Meiry Sakamoto explicou ainda que as chuvas não devem influenciar no prognóstico climático para março, abril e maio, que prevê 50% de chance de de quadra chuvosa abaixo da média.