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Operação obtém detalhes de expansão de facção em 2020
CIDADES

Operação obtém detalhes de expansão de facção em 2020

Ação da Draco já prendeu 28, apreendeu mais de 1,7 tonelada de drogas e R$ 75 mil em dinheiro
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A operação Guilhotina, que captou as ligações de Francisco José dos Santos Freitas, o Zezinho das Hortas, é uma ofensiva realizada pela Polícia Civil desde julho de 2020 combater a expansão do Comando Vermelho (CV). O objetivo é prender os principais líderes da organização. À época, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) começou a investigação por ocasião das queimas de fogos feitas pelo CV em comemoração à "tomada" de novos territórios.

A facção havia "proibido" a existência de "neutros" e da "massa", ou seja, criminosos sem facção. Além disso, outras comunidades antes "dominadas" pela facção Guardiões do Estado (GDE) passaram a ter atuação do CV. A Draco apreendeu um "salve" do CV com detalhes dessa movimentação. O texto, ao qual O POVO teve acesso, afirmava que o "dono" de comunidade que permitisse criminosos neutros em sua área de atuação poderá "perder a vida e a favela". "Essa guerra já deu para cada um escolher seu lado, e a massa ou neutro estão pegando matérias de irmãos CV para revender aos alemão (inimigos)" (sic), diz a mensagem anexada ao pedido de prisão temporária feito pela Draco de Cosmo Cosmo Rosa da Silva, outro apontado pela Polícia chefe do CV, do bairro Aerolândia.

Uma das comunidades onde essa resolução do CV foi implantada foi a Rosalina, no bairro Parque Dois Irmãos, como O POVO já havia mostrado em junho passado. Em outro salve apreendido pela Draco, há a ameaça: "Entao se der meia noite na data de hoje 15/06/2020 [...] (e) não vermelhar (aderir ao CV) a Rosalina, todos que ficar [...] serão considerados alemão pra nós do Comando Vermelho". Naquele dia, um intenso foguetório foi registrado no bairro, com direito a vídeos mostrando a comemoração pelos criminosos.

Os salves encontrados pela Draco também diziam respeito aos fins dos "batismos" no CV, o ritual que marca o ingresso de membros em uma facção. A decisão teria sido motivada pela ação policial, que estava localizando os batismos e abrindo procedimentos de investigação. "O DONO DA ÁREA OU QUEM TOMA CONTA DA ÁREA irá ter a responsabilidade de ver quem vai virar CV, ou seja se botar camarada com vacilação na organização a cobrança será no dono da área ou do cara que toma conta da área para o dono" (sic).

Outra informação contida no salve apontava que os "donos" dos territórios estavam responsáveis por organizar a área "desde que seja dentro do estatuto da facção, dentro da filosofia e ideologia da organização". Também é dito que o "dono" terá de cobrar R$ 100 a cada integrante do CV de sua área, caso contrário será "brecado" de "vender", ou seja, proibido de traficar.

Durante o período em que a Guilhotina foi deflagrada, 28 pessoas foram presas, conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Além disso, foram apreendidos 633 quilos de cocaína e crack, 1,150 tonelada de de substância com características semelhantes à cocaína e pedras de oxi, assim como R$ 75 mil.

Entre os presos na ação está Renê Rodrigues Lima, apontado como "conselheiro de guerra" do CV e chefe do tráfico na comunidade do Oitão Preto, no bairro Moura Brasil. Também foram presos dois chefes do CV cearense no Pará. Conforme a Draco, eles, que se escondiam no Rio de Janeiro, se refugiaram no estado do Norte do País por considerarem-no território "neutro", já que não possuíam ordem de prisão lá. Os nomes deles não foram revelados.

 

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