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Hospitais enfrentam dificuldades para contratar médicos
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Hospitais enfrentam dificuldades para contratar médicos

Unidades particulares estão abrindo novos leitos de UTI para a Covid, mas não conseguem formar as equipes para tratar os pacientes
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Mesmo com expansão do número de leitos, as taxas seguem em alta. (Foto: Divulgação/ Governo do Ceará)
Foto: Divulgação/ Governo do Ceará Mesmo com expansão do número de leitos, as taxas seguem em alta.

No dia em que o Brasil bateu o recorde de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia, com 1.910 vidas perdidas em um único dia, a Unimed Fortaleza anunciou ontem a abertura de novas vagas para médicos para reforçar o quadro de atendimento nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). De terça-feira, 2, para ontem, 10 novos leitos foram entregues, mas ainda faltam profissionais para assumir as funções.

As vagas estão disponíveis tanto para quem é cooperado quanto para quem não é. "Nesse momento, nós estamos precisando de médicos para as nossas UTIs. Estamos com carência de médico", explicou o presidente Elias Leite.

Em fevereiro a cooperativa abriu seleção. Ao todo, foram ofertadas 400 vagas para técnicos de enfermagem, enfermeiros e fisioterapeutas para atuação em UTIs, emergência e clínica médica. Algumas vagas ainda estão em aberto.

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A rede também reabriu o hospital de campanha com o aumento de pacientes internados por Covid-19, demanda que aumentou em 69%. Para leitos de UTI, o aumento foi ainda maior, chegando a 99%.

"É como eu costumo dizer: o dinheiro, na maioria das vezes, resolve tudo rapidamente, mas não a formação profissional, que leva um certo tempo. E o trabalho nas UTIs precisa de formação direcionada. Um médico recém-formado, por exemplo, não está apto para desempenhá-lo", afirma Aramicy Pinto, presidente da Associação dos Hospitais do Estado do Ceará (Ahece).

"A instalação de novos leitos de UTI pelo setor privado e público no Ceará não acompanha a oferta de equipes. Um paciente de Covid na UTI requer o esforço de muitas pessoas, como médicos, enfermeiros, técnicos e fisioterapeutas para monitorar o quadro de saúde, o qual tem mudanças abruptas de uma hora para outra", explica.

O gestor aponta que a decisão da cooperativa de abrir vagas para médicos não-cooperados foi uma surpresa.

"Estou em contato com outras associações Brasil afora e o Nordeste como um todo está passando pela mesma dificuldade. Infelizmente, não podemos fazer outra coisa além de esperar que os médicos atendam o chamado e aceitem trabalhar nessas vagas que aguardam preenchimento. Essa falta de médicos já estava sendo percebida desde a abertura de novos leitos, mas como eu disse, é um problema que não pode ser resolvido apenas com o aporte de recursos, pois requer qualificação anterior", completa.

"As equipes que estão trabalhando estão exauridas e isso era esperado. A solução definitiva é uma: vacinação para todos. E que seja rápido", destaca.

O médico intensivista Luís Apolônio trabalha no Instituto José Frota (IJF) e nos hospitais privados Otoclínica e São Camilo. "Os colegas estão trabalhando em cargas horária excessivas e adoecendo não só de Covid mas também de outras mazelas físicas e mentais. Isso gera um absenteísmo grande e o resultado é que quem fica precisa dobrar a carga horária para cobrir essas faltas", afirma.

"Como os cirurgiões estão mais livres por causa da suspensão das cirurgias eletivas, alguns têm trabalhado na linha de frente da Covid, mesmo sem ter essa vivência do atendimento. Muitos desistem por medo de se contaminar ou mesmo porque o trabalho pode chocar em muitos momentos. É um trabalho fora do dia a dia deles. Alguns ainda estão se adaptando", ressalta. (Com Júlia Duarte)

 

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Promessa é de que a rede estadual de saúde chegue a 703 leitos de UTI para Covid-19 até o fim de fevereiro.
Promessa é de que a rede estadual de saúde chegue a 703 leitos de UTI para Covid-19 até o fim de fevereiro.

Brasil tem novo recorde de mortes por covid: 1.910 em 24 horas

O Brasil registrou 1.910 mortes em decorrência da Covid-19 nas últimas 24 horas, de acordo com atualização do Ministério da Saúde às 19 horas desta quarta-feira, 3. No total, 259.271 óbitos aconteceram desde o início da pandemia, de acordo com o órgão. O balanço diário também registrou 71.704 novos casos em 24 horas, o segundo pior registro desde o primeiro caso de covid-19 no Brasil, em fevereiro de 2020, elevando o número total de infecções para 10,7 milhões.

O país, de 212 milhões de habitantes, já havia registrado na terça-feira um recorde de 1.641 mortes por covid-19. A média móvel (média de casos ou mortes dos últimos 7 dias) do Brasil é de 1.331 mortes por dia, outro recorde. Desde janeiro, o país não consegue ficar abaixo da marca de mil mortes por dia, como aconteceu entre junho e agosto do ano passado.

Quase vinte dos 26 estados e o Distrito Federal têm mais de 80% de seus leitos ocupados em unidades de terapia intensiva (UTI), o que levou prefeitos e governadores a aumentarem as medidas de restrição ao deslocamento de pessoas e ao fechamento de algumas atividades. O Ceará decretou lockdown ontem.

A evolução da doença, que bate recordes de mortes e novos casos diários de forma recorrente, é o que podemos chamar de "história natural" da infecção, conforme explica a médica obstetra Liduina Rocha, integrante do Coletivo Rebento. A especialista pondera que não estamos conseguindo frear o caminho natural do vírus com o que é preconizado pelos cientistas.

"As políticas públicas não seguem o que a ciência propõe. O governo federal tomou os piores caminhos e não estamos enfrentando essa situação somente pelo vírus, mas pelas decisões tomadas a partir dele. Não adianta que estados e municípios ajam de forma isolada, é preciso que haja uma medida traçada nacionalmente para que tenhamos resultados efetivos", considerou. (com AFP)

 

Promessa é de que a rede estadual de saúde chegue a 703 leitos de UTI para Covid-19 até o fim de fevereiro.
Promessa é de que a rede estadual de saúde chegue a 703 leitos de UTI para Covid-19 até o fim de fevereiro.

Fortaleza tem 91,23% dos leitos de UTI ocupados; 10 hospitais registram lotação

Fortaleza tem 91,23% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados por pacientes com Covid-19, média que leva em consideração tanto hospitais públicos quanto privados da Capital. De acordo com dados obtidos até às 17h04min desta quarta-feira, 3, pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e divulgados na plataforma IntegraSUS, dez unidades médicas estão com equipamentos desses porte lotados.

As instituições que registram lotação nas UTIs são: Hospital Monte Klinikum, Hospital Infantil Albert Sabin, Casa de Saúde e Maternidade São Raimundo, Hospital São José de Doenças Infecciosas, Hospital e Maternidade Dra. Zilda Arns Neumann, Hospital São Carlos, Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, Hospital Aldeota, Hospital Antonio Prudente e Hospital Otoclínica

O índice de ocupação vinha registrando médias acima de 90% desde o dia 15 de fevereiro, caindo para 89,91% na terça-feira, 2, e tornando a subir nesta quarta (91,23%). Atualmente, a UTI adulta está ocupada em 92,15%, a voltada para atendimento infantil em 84,38% e os leitos utilizados para o tratamento de gestantes seguem com 100% das vagas ocupadas.

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A Capital tem ainda 90,54% dos leitos de enfermaria ocupados por pacientes que contraíram o vírus. As vagas em equipamentos desse porte voltados para o atendimento de adultos estão preenchidas em 92,44%. Ocupação na enfermaria infantil é de 88,71% e na de gestante é de 71,15%.

O Ceará já registra 430.184 casos e 11.348 óbitos pela doença, conforme dados atualizados às 13h43min dessa terça-feira, 2, no IntegraSUS. Um total de 316.196 cearenses já se recuperaram da doença e 49.948 casos seguem sob investigação, aguardando confirmação de testes.

Confira a taxa de ocupação das unidades em Fortaleza

Rede pública

Hospital Geral Dr Waldemar Alcântara (HGWA)
UTI - 94,12% (16 ocupados dos 17 disponíveis)
Enfermaria - 85,9% (67 ocupados dos 78 disponíveis)

Hospital Universitário Walter Cantidio
UTI - 71,43% (10 ocupados dos 14 disponíveis)
Enfermaria - 94,74% (18 ocupados dos 19 disponíveis)

Hospital Geral De Fortaleza (HGF)
UTI - 96,3% (26 ocupados dos 27 disponíveis)
Enfermaria - 100% (87 ocupados dos 87 disponíveis)

Hospital Infantil Albert Sabin (Hias)
UTI - 100% (21 ocupados dos 21 disponíveis)
Enfermaria - 86,57% (58 ocupados dos 67 disponíveis)

Hospital Leonardo Da Vinci (HLV)
UTI - 85% (160 ocupados dos 136 disponíveis)
Enfermaria - 90,67% (68 ocupados dos 75 disponíveis)

Hospital e Maternidade Dra. Zilda Arns Neumann
UTI - 100% (8 ocupados dos 8 disponíveis)
Enfermaria - 96,65% (88 ocupados dos 92 disponíveis)

Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ)
UTI - 100% (8 ocupados dos 8 disponíveis)
Enfermaria - 96,1% (74 ocupados dos 77 disponíveis)

Instituto Dr. José Frota Central (IJF)
UTI - 88,33% (53 ocupados dos 60 disponíveis)
Enfermaria - nenhum leito ativo

Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza
UTI - 100% (8 ocupados dos 8 disponíveis)
Enfermaria - nenhum leito ativo

Rede particular

Hospital Antonio Prudente
UTI - 100% (56 ocupados de 56 disponíveis)
Enfermaria - 87,25% (89 ocupados de 102 disponíveis)

Hospital São Carlos
UTI - 100% (21 ocupados de 21 disponíveis)
Enfermaria - 100% (46 ocupados de 46 disponíveis)

Hospital Otoclínica
UTI - 100% (32 ocupados de 32 disponíveis)
Enfermaria - 100% (73 ocupados de 73 disponíveis)

Casa de Saúde e Maternidade São Raimundo
UTI - 100% (8 ocupados de 8 disponíveis)
Enfermaria - 86,96% (20 ocupados de 23 disponíveis)

Hospital Aldeota
UTI - 100% (34 ocupados de 34 disponíveis)
Enfermaria - 75% (12 ocupados de 16 disponíveis)

Hospital Hospital Monte Klinikum
UTI - 100% (29 ocupados de 29 disponíveis)
Enfermaria - 100% (32 ocupados de 32 disponíveis)

Instituto Praxis
UTI - 80% (8 ocupados de 10 disponíveis)
Enfermaria - 83,67% (82 ocupados de 98 disponíveis)

Hospital Regional Unimed
UTI - 93,08% (121 ocupados de 130 disponíveis)
Enfermaria - 89,66% (208 ocupados de 232 disponíveis)

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