Para os usuários dos terminais de ônibus de Messejana e do Papicu a redução da quantidade de pessoas durante este segundo lockdown, válido até 21 de março, é menor do que à registrada durante o isolamento social rígido decretado em maio de 2020, durante primeira onda da pandemia da Covid-19 no Ceará.
Em Messejana, por volta de 11h30min, alguns coletivos chegavam com muitos passageiros. Situação que impedia o distanciamento social. Uma equipe da Etufor com cinco homens realizava a higienização dos veículos. Na segunda-feira, 15, conforme apurado no local, cerca de 280 automóveis foram higienizados. Até o meio-dia desta terça-feira, 16, 140 transportes passaram pela limpeza.
A equipe de reportagem não identificou essa mesma estratégia no equipamento do bairro Papicu. Por lá, o fluxo de usuários, por volta de 13 horas, era tranquilo. Os coletivos chegavam com poucos passageiros.
O auxiliar administrativo Ruan Alves, 22, comenta que, para ir trabalhar, por volta de 11 horas, o número de passageiros é bem menor em relação ao horário da noite, próximo das 18 horas, horário de pico no sistema. "Nos dois primeiros dias de lockdown, eu percebi a redução de passageiros. É quando as pessoas são mais obedientes, ficam com medo do que pode acontecer. Mas depois, já na primeira semana que foi anunciado, o fluxo voltou ao normal".
Para ele, a menor quantidade de veículos prejudica o transporte na localidade onde mora. "Lá no meu bairro, você nunca esperava por ônibus. E agora espera", diz o jovem ao pontuar que o aplicativo "Meu Ônibus" é o que tem auxiliado para saber os horários aproximado da chegada dos coletivos.
Mawanne Alexia, 23, que, segundo ela, tem cumprido o isolamento social rígido, teve de ir buscar uma encomenda no terminal da Messejana. Para ela, o trânsito no caminho estava tranquilo, assim como no equipamento público. "Eu pensei que estava numa situação pior. Talvez porque não seja horário de pico, aí sim estaria bem complicado".
Por outro lado, a moradora do bairro Vila Velha diz que na região onde vive parece não existir pandemia da Covid-19. "Para ser bem sincera com você, lá ninguém cumpre nada. Você só percebe realmente a redução de pessoas na rua depois que dá umas dez horas da noite. Aí, realmente, fica bem esquisito".
Mawanne complementa: "Isso tudo eu acho errado porque eu sei que são medidas preventivas. Eu sou técnica na área da saúde e eu sei que é muito necessário. Eu sei que muita gente tem a sua necessidade, você precisa se locomover, gerar uma fonte de renda. Mas a vida é o bem maior".
Lurdiana Morais, 19, descia do coletivo vindo do bairro Alameda das Palmeiras cheio de passageiros. Para a jovem, a realidade é diferente do que é recomendada pelos médicos. "É para estarmos distantes um do outro. Nem sempre eu consigo vir sentada. Nem sempre os ônibus são higienizados", lamenta. Questionada se tem medo de ser infectada pelo vírus, a passageira afirma que não. "Tudo é permissão de Deus".
Com mãe idosa e uma filha criança, a assistente social Ana Milana, 30, afirma que tem evitado sair de casa. Nesta terça-feira, porém, teve de resolver problemas pessoais. Para ela, a lotação nos terminais reduziu, mas ainda há horários mais complicados. "A população também precisa se conscientizar".
“Estão fazendo o melhor possível, mas ainda precisam melhorar. Ainda é necessário investir em mais medidas de segurança, como máscaras e álcool em gel. Na Messejana, está mais vago. Mas no horário de pico ainda tem muita gente", pontua.
Viviane Rodrigues, 21, trabalhadora da educação, lamenta a redução da frota de veículos. “Com o lockdown, reduziu também a quantidade de pessoas, mas foi menor. Até porque ainda tem gente trabalhando e precisa do transporte público”. Para ela, não tem como manter o distanciamento dentro dos veículos. Considera ainda que a população não mantém os cuidados no interior dos automóveis.
Todos os dias, Viviane pega seis ônibus. Do Jangurussu ao Papicu, a jovem afirma que muitas vezes prefere ir de pé e se isolar para evitar ao máximo o contato com outros usuários. "Por descuido da população, as pessoas baixam a máscara. É um contato muito grande, querendo ou não. Na plataforma, não ficamos tão em cima uns dos outros, mas também não tem esse distanciamento todo”.
Confira galeria de imagens com o fluxo de usuários nos terminais de Messejana e Papicu em dias diferentes:
Coordenador de operações da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), Raimundo Rodrigues afirma que, desde o início do segundo lockdown, a demanda é de 340 mil usuários por dia. Antes do período era aproximadamente de 540 mil passageiros, número 40% menor dos dias úteis anteriores ao período pandêmico. O representante frisou ainda que a frota adicional de 200 ônibus posta na rua no último mês continua nas ruas.
"A Etufor, desde o início da pandemia, adotou algumas medidas nos terminais, entre elas podemos citar a distribuição de 550 mil máscaras e a instalação de pias com água, sabão e álcool em gel nos sete terminais", lembrou.