A falta de medicamentos para intubação de pacientes em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) têm preocupado gestores municipais do Ceará. Conforme Sayonara Cidade, presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), alguns municípios têm estoque suficiente para 10 a 15 dias. Ela não especificou quantos estão nessa condição.
"O maior problema está sendo a falta de medicação. Eu não vejo a possibilidade de melhoria nesse momento. Os secretários da saúde me dizem que fazem seus pedidos de medicamentos e não são atendidos. Quando são entregues, os pedidos vêm em quantidade menor que o solicitado", diz.
Ela detalha que a cada semana o Ministério da Saúde (MS) é informado da demanda das secretarias. "O que nós recebemos do ministério dividimos para os (municípios) que estavam sem nada. Alguns têm estoque de 10 a 15 dias, dependendo dos pacientes quem tem na UTI. Quem tem estoque para 3 meses não recebeu dessa remessa agora", detalha.
Segundo Sayonara, a unidades públicas estão em maior dificuldade de aquisição. Isso porque algumas têm licitação para a compra de um representante específico, que não tem o quantitativo para entregar.
Conforme o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), pelos menos 10 estados estão com falta de 11 medicamentos do kit intubação, o que corresponde a estoque para menos de 20 dias, e 18 estados estão com estoque crítico de bloqueadores neuromusculares. A entidade não informou, contudo, quais estados compõem a lista. "A gente corre o risco de nos próximos dias vivermos um cenário muito parecido com o que vivemos no segundo semestre de 2020, quando faltou medicamento para intubação de pacientes", afirma Carlos Lula, presidente do conselho, em áudio enviado pela assessoria.
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Segundo ele, o problema agora não é de planejamento, mas "a indústria nacional é incapaz de fornecer toda a medicação que a gente necessita diante do volume de pacientes que a gente teve de internar em leito de UTI". O presidente da entidade alerta que "urge o ministério não só fazer um reajuste de preços nacional, requisição administrativa" mas também "fazer uma compra internacional para abastecer o mercado nacional".
O MS requisitou os estoques da indústria de medicamentos como sedativos, anestésicos e bloqueadores musculares, que passaram a ficar escassos em alguns locais do País. Segundo a pasta, a ordem de entrega dos fármacos foi feita na quarta-feira, 17, e deve suprir a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) por 15 dias, com 665,5 mil comprimidos. O Presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini, reconheceu que o uso dos produtos está acima "de qualquer estimativa". Ele afirmou que a indústria "está trabalhando para atender as necessidades" e que "se preocupa" com requisições de estoques, "pois isso pode desorganizar o mercado".
Em nota, o Ministério da Saúde afirma que as requisições não atingem produtos já vendidos pela indústria a Estados e municípios.
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