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"Não somos vilões, salvamos vidas": O POVO acompanha trabalho de fiscais no lockdown
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"Não somos vilões, salvamos vidas": O POVO acompanha trabalho de fiscais no lockdown

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O POVO acompanhou ontem atuação de uma equipe de fiscalização  (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA O POVO acompanhou ontem atuação de uma equipe de fiscalização

Trabalhadores que atuam diretamente no enfrentamento à pandemia, os agentes de fiscalização tentam há um ano debelar o que pode transmitir a Covid-19: aglomerações, não uso de máscara e álcool em gel, funcionamento de locais sem os devidos protocolos sanitários. "O fiscal não tem prazer em fechar nenhum estabelecimento. Ele está ali só fazendo o trabalho dele. Não somos vilões, salvamos vidas", relata uma gerente da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis).

O POVO acompanhou a atuação de uma equipe do órgão ao longo de um turno de trabalho. Cada dupla realiza a vistoria em quatro estabelecimentos, em média. A rota é definida pela gerência a partir das denúncias recebidas pelos canais de comunicação. Todos os esforços da agência têm sido focados no cumprimento dos protocolos sanitários contra a Covid-19. A fiscalização atua em conjunto com equipes da Polícia Militar do Ceará (PMCE) e da Guarda Municipal de Fortaleza.

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"Muitas vezes, a gente tem um dilema. Um empresário que precisa trabalhar, gerar empregos que sustentam famílias. Do outro lado, UTIs superlotadas que precisam de espaço. O valor da vida se sobrepõe. Quando a fiscalização desbarata uma feira, contém uma aglomeração, tá salvando vidas. Porque aquela aglomeração gera outras pessoas contaminadas. Está zelando por um bem maior, não desmerecendo o bem patrimonial", mensura uma gerente regional da agência.

FORTALEZA,CE, BRASIL, 23.03.2021: Fiscalização da Agefis verifica denuncias em estabelecimentos de ensino e mercantil durante lockdown.  (Fotos: Fabio Lima/O POVO).
FORTALEZA,CE, BRASIL, 23.03.2021: Fiscalização da Agefis verifica denuncias em estabelecimentos de ensino e mercantil durante lockdown. (Fotos: Fabio Lima/O POVO). (Foto: FABIO LIMA)


O trabalho tem sido pesado e ininterrupto. "As pessoas estão cada vez mais revoltadas, quebradas, falindo. As pessoas chegam e dizem: eu vou fechar as portas, não tenho mais como manter os funcionários. Toda essa carga pesada fica no fiscal", diz.

Na tarde desta terça-feira, 23, a equipe acompanhada foi em quatro estabelecimentos que tinham sido alvos de denúncia e em um por busca ativa. Foram duas denúncias de escolas funcionando com número maior de alunos do que o permitido. Contudo, nos dois locais a atividade presencial é realizada pela manhã. Os agentes passaram informações sobre os protocolos que devem ser seguidos. Outra equipe deve voltar nos locais pela manhã para verificar o funcionamento.

Em uma faculdade particular, não foram constatadas irregularidades. A denúncia ao local citava que todos os funcionários da unidade continuavam trabalhando normalmente. A equipe passou ainda em um bar, que estava fechado no momento, e em uma farmácia, que cumpria todos os protocolos exigidos.

"Quando eu chego em casa, eu dou graças a deus quando não preciso interditar um local. A gente tá cumprindo a lei, mas a gente pensa no trabalhador. O coração aperta", conta uma das agentes.
"Tem uma agência inteira, agentes, equipes de apoio, policiais. São servidores públicos que estão colocando sua vida em risco para salvar vidas", acrescenta outra fiscal. As ações noturnas são as mais pesadas para a fiscalização. "Em alguns locais, a gente é super bem tratado e as pessoas nos consideram uma autoridade. Em outros, as pessoas não respeitam", acrescenta. (Ana Rute Ramires)

 

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