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Caso de PM morto após surto na Bahia gera manifestações e repercussão política
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Caso de PM morto após surto na Bahia gera manifestações e repercussão política

|SALVADOR| Wesley Soares foi morto após passar a disparar com um fuzil. Secretaria diz não saber o que motivou o ato
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CASO do policial Wesley Soares aconteceu domingo passado em Salvador
 (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)
Foto: Arisson Marinho/CORREIO CASO do policial Wesley Soares aconteceu domingo passado em Salvador

A morte do policial militar baiano Wesley Soares, alvejado por colegas de farda, no domingo, 28, após o que foi considerado um "surto", seguiu repercutindo nacionalmente ontem. Protestos foram realizados por policiais, congressistas se manifestaram e, em redes sociais, passaram a circular mensagens apócrifas convocando amotinamentos.

Wesley era lotado em Itacaré, cidade localizada a 250km de Salvador. Conforme a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o soldado, que estava de serviço, dirigiu até o Farol da Barra, na Capital, e, por volta das 14 horas, começou a atirar com um fuzil para o alto. Além dos disparos, o militar bradava palavras de ordem e pintou o rosto de verde e amarelo. Em um determinado momento, ele atirou ao mar pertences de vendedores ambulantes. De acordo com a SSP, Wesley "alternava momentos de lucidez com acessos de raiva". "Venham testemunhar a honra ou desonra do policial militar da Bahia", disse em dado momento, registrado em vídeo. Em outro vídeo, ele aparece dizendo: "Eu não vou deixar, não vou permitir que violem a dignidade humana do trabalhador". Não fica claro se ele estava referindo a si próprio.

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Conforme o coronel Paulo Coutinho, comandante-geral da PM-BA, ainda não se sabe o que provocou o surto. Wesley não apresentava "problemas de comportamento" e "não deu sinais em qualquer momento de distúrbios", afirmou ele.

O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) chegou a negociar com o soldado. Uma irmã dele foi chamada até o local na tentativa de fazê-lo se entregar. Por volta das 18h35min, ele foi alvejado pelos policiais. Conforme a secretaria, o soldado disse que "havia chegado o momento", fez uma contagem regressiva e passou a atirar contra os colegas de farda. Vídeo da TV Aratu, da Bahia, mostra o momento em que Wesley disparou contra os militares. Foram efetuados pelo menos 10 tiros, conforme a SSP. Encaminhado a um hospital, Wesley veio a óbito por volta das 22h40min.

"No momento que caiu ao chão, ele iniciou uma série de disparos contra os policiais, que novamente tiveram a necessidade de realizar disparos, e, quando ele cessou a agressão, os policiais chegaram perto para utilizar o resgate", declarou o Capitão Luiz Henrique, negociador da PM. "A situação não permitia, inclusive pela distância, a utilização de uma pistola de condicionamento. A tropa estava sendo atacada com uma arma de guerra, um fuzil. Efetivamente, é um potencial de letalidade grande. As ações foram desencadeadas com o objetivo de retirá-lo do enfrentamento", afirmou o coronel Coutinho em entrevista coletiva na segunda-feira, 28.

Convocados por associações de militares e políticos, policiais militares de folga se manifestaram na porta do hospital para onde Wesley havia sido socorrido. "A PM parou", gritaram em determinado momento. Também foi marcado um protesto no Farol da Barra na manhã de ontem. Em sua conta no Twitter, a presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, Bia Kicis (PSL-DF), associou o caso às medidas de isolamento social impostas pelo governo baiano para conter a propagação da Covid-19. Ela chegou a afirmar que o soldado havia sido morto por ter se recusado "a prender trabalhadores", mas, em seguida, apagou o post. Em outra publicação, a deputada afirmou que iria aguardar as investigações. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) também relacionou o caso ao isolamento social. "Aos vocacionados em combater o crime, prender trabalhador é a maior punição", afirmou.

A oposição reagiu aos tweets. Líder da minoria na Câmara, o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) escreveu que "Bia Kicis e demais deputados bolsonaristas estão usando politicamente a morte do PM Wesley Soares em Salvador p/ espalhar fake news, atacar o isolamento social e incitar motins policiais. Estão manipulando uma tragédia p/ atacar a Constituição e a Democracia".

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