Cerca de 194 alunos não conseguiram concluir o calendário letivo de 2020 em Fortaleza. Desse total, 175 ainda não se matricularam para retomar os estudos em 2021. No ano passado, a taxa de abandono ficou em 0,1%. Apesar da pandemia da Covid-19, o percentual é menor do que o registrado em 2019: 0,4%.
A SME ainda não tem o perfil dos alunos desistentes. Mas a principal suspeita é de que eles sejam de famílias do Interior que tiveram de retornar aos municípios de origem por conta da crise econômica.
A declaração foi dada pela titular da Educação de Fortaleza, Dalila Saldanha, na manhã desta quinta-feira, 1º, durante webnário "Abandono e evasão escolar na pandemia", organizado pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca).
Para resgatar os estudantes desistentes, Dalila afirma que o Ministério Público do Ceará (MPCE) e os conselheiros tutelares estão cientes da situação e devem buscá-los para compreender os motivos pelas quais houve a evasão.
Além disso, a gestora da Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza revelou que, conforme levantamento da pasta, dos 230 mil alunos da rede em 2020, 11 mil não tinham contato com equipamentos tecnológicos. Ano passado, Fortaleza figurou como a 4ª maior rede de ensino do País entre as capitais. Em 2021, com 10 mil matrículas a mais, total ficou em 240 mil estudantes.
Para fortalecer o ensino remoto, SIM/Cards e tablets serão distribuídos aos estudantes a partir de abril. Educadores devem receber apenas chips. A logística ainda está sendo definida.
Também participaram da conversa Ítalo Dutra, oficial de Educação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Ricardo Vitelli, professor e pesquisador da Unisinos (Universidade do Vale do Rio Sinos), com mediação da editora-pública da Jeduca, Marta Avancini.
Italo Dutra afirmou que a Busca Ativa em Fortaleza é excelente e que a rede não espera o aluno perder totalmente o vínculo com a escola. Além disso, ressaltou que as instituições não podem, além de todas as responsabilidades, ficar responsável também para mitigar a desistência do alunado. Para tanto, segundo ele, é preciso instituir trabalho intersetorial.
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"Todo esse contexto de exclusão digital, principalmente para os professores, precisa de uma política mais forte para uma estrutura de apoio tecnológico. Assim como para as famílias. Por isso, a gente vai precisar montar (força-tarefa). As desigualdades que tínhamos conseguido reduzir, com a pandemia, vão aumentar ainda mais", pontuou Dalila.
De acordo com o Censo Escolar, entre os anos de 2008 e 2018, houve redução de 93,8% do abandono no ensino fundamental em Fortaleza, e o índice de abandono registrado em 2019 foi de apenas 0,4%.
Na capital cearense há sistema informatizado para acompanhar diariamente a frequência escolar dos estudantes. A falta não justificada resulta em alerta aos gestores escolares, conselheiros tutelares e MPCE.
A titular da SME destacou ainda que há esforços do Governo do Estado e dos prefeitos para antecipar a vacinação dos professores a fim de agilizar a reabertura das unidades de ensino no Ceará.