Em 2020, a cada 100 mil bebês nascidos vivos, 95 mulheres morreram em até 42 dias após o término da gravidez devido a fatores ligados à gestação, ao parto ou ao puerpério. O número representa um aumento de 64% em relação às mortes maternas nessas mesmas condições em 2019. Trata-se da razão da mortalidade materna (RMM) e a alta desse índice pode estar diretamente relacionada à Covid-19.
"As pacientes deixaram de ir ao pré-natal e com isso elas começaram a chegar descompensadas nas maternidades. Além disso, havia as infecções pelo coronavírus. Em terceiro, aquelas com Covid-19 não tinham acesso ao atendimento terciário", analisa o obstetra Zeus Peron.
De 2018 para 2019, a RMM havia reduzido 10,4% no Ceará. Em 2018, a taxa era de 64,88; diminuiu para 58,11 no ano seguinte e chegou a 95,26 em 2020. Os dados são da Sesa e estão disponíveis no IntegraSUS, com última atualização realizada no último 6 de março.
Os dados também evidenciam a possível relação entre a pandemia e o aumento da mortalidade materna. O pico de RMM no Ceará em 2020 foi registrado em maio, chegando à taxa de 213,7 - no mesmo mês em que se constatou o pico de casos e óbitos pela Covid-19 no Estado.