O Ministério da Saúde ainda não definiu quantas doses serão distribuídas aos estados após o Instituto Butantan entregar mais 600 mil frascos da Coronavac nesta sexta-feira, 30. Com isso, parece ainda distante a vacinação dos idosos que já estão com a segunda dose do imunizante atrasada. Em todo o Ceará, cerca de 10 municípios paralisaram a campanha de imunização. Só em Fortaleza, quase 39 mil pessoas serão prejudicadas.
Foram entregues 420 mil novas doses como parte do lote que havia sido prometido pelo governo paulista. Cerca de 180 mil vacinas foram antecipadas na semana passada para cumprimento de medida judicial na Paraíba, em 22 de abril.
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) não sabe quanto receberá do MS, por isso não se pronunciou se a nova remessa será capaz de sanar o problema no Estado. A Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS) também aguarda orientações e novo lote dos imunizantes. Na última quinta-feira, 29, o Estado recebeu 3,8 mil doses da Coronavac - insuficientes para minimizar o impasse na imunização.
Segundo o governo paulista, no mês de março foram disponibilizadas ao Ministério da Saúde 22,7 milhões de doses. Em fevereiro, foram 4,85 milhões e em janeiro, mais 8,7 milhões. Em abril, até o último dia 19, foram liberadas 5,2 milhões de doses.
O Butantan ainda trabalha para entregar mais 54 milhões de doses para a vacinação dos brasileiros até o dia 30 de agosto, totalizando 100 milhões de unidades contratadas pelo Plano Nacional de Imunização (PNI).
Atualmente, sete em cada 10 vacinas disponíveis no Brasil contra a Covid-19 são do Butantan.
Assim como ocorreu na Paraíba, o promotor de Justiça Eneas Romero de Vasconcelos, titular do Centro de Apoio Operacional da Cidadania (CAOCidadania), do Ministério Público do Ceará (MPCE), indica que Fortaleza não deve descartar a judicialização da situação para que o Ministério da Saúde envie doses para o público com a imunização prejudicada.
Para ele, a medida que for chegando novos lotes, aqueles com o prazo mais atrasado devem ser priorizados. O posicionamento ocorreu nesta sexta-feira em conversa com os jornalistas Jocélio Leal e Rachel Gomes, na Rádio O POVO CBN, sobre as recomendação feitas ao Estado e à Fortaleza.
Mais cedo, também em entrevista aos jornalistas, o médico epidemiologista Anastácio Queiroz afirmou acreditar que é possível demorar até seis semanas entre uma dose e outra sem prejudicar o processo de imunização. "Alguns acreditam que não. Demorar umas quatro semanas, até 6 semanas do prazo, é provável que a resposta imune seja mantida. Evidente que esse estudo não foi feito, mas pelo conhecimento que se tem, provavelmente as pessoas não teriam prejuízos".
Enquanto isso, a população segue buscando D2 em Fortaleza. O POVO acompanhou alguns pontos de vacinação. Houve uma movimentação tranquila no Cuca do Mondubim. No entanto, alguns indivíduos que compareceram ao local foram orientados a voltar para casa sem aplicação da dose.
Entre eles, estava Francisca Braga. Segundo a dona de casa, a informação repassada foi que ela esperasse em casa o aviso de confirmação. “Eu vim tomar a segunda dose, só que tá faltando. Informaram que eu aguardasse, porque eu ia ser chamada". A informação repassada é que para tomar a vacina é preciso receber um e-mail, ligação ou mensagem de confirmação.