O Sindicato de Educação da Livre Iniciativa do Ceará (Sinepe-CE) deve procurar o Governo do Estado, nesta semana, para mais uma rodada de negociação com objetivo de conseguir autorização para retomada presencial das turmas de ensino médio e superior a partir da próxima segunda-feira, 17. A expectativa das instituições privadas era de reabertura nesta segunda-feira, 10, após sinalização do governador Camilo Santana (PT).
"Há necessidade de olhar do Comitê para retomada das atividades presenciais do ensino médio. Há um dano irreversível acontecendo na saúde e no desenvolvimento educacional desses adolescentes, que estão há um ano e dois meses sem qualquer atividade presencial. Um abismo educacional acontecerá nos próximos anos. Gostaria realmente que, no próximo decreto, o Comitê analisasse, pois precisamos ter essa retomada", solicita Andréa Nogueira, vice-presidente do Sinepe-CE.
No Ceará, as aulas presenciais estão permitidas até o 9º ano do ensino fundamental e práticas dos cursos na área da saúde, cada um dentro de capacidade máxima estabelecida em decreto. Na última semana, em entrevista à Rádio O POVO CBN e CBN Cariri, o governador Camilo Santana (PT) afirmou que o Comitê avaliaria na sexta-feira passada as aulas presenciais para o ensino médio. Porém, houve a manutenção do decreto estadual, e as restrições permaneceram as mesmas.
Mais cedo, Andréa também concedeu entrevista aos jornalistas Jocélio Leal e Rachel Gomes, na Rádio O POVO/CBN. "Cabe uma reflexão do que estamos esperando e formando para nossa sociedade. Para uma sociedade mais igualitária, pacífica e com mais oportunidade? Acredito eu que não. As desigualdades têm aumentado e também menos oportunidades surgirão no mercado, na educação. Nosso estado é reconhecido, nacional e internacionalmente, pelo potencial dos nossos alunos. Será que continuar sem atividades presenciais permanecerão no nosso País? Eu luto que sim", refletiu a educadora.
Questionada se o posicionamento dos profissionais da educação do setor público pode ter influenciado na decisão do Comitê Científico, Andrea citou que o assunto é delicado, mas criticou o que chamou de "grupos corporativistas" de professores que não querem voltar, mas ressaltou o "direito legítimo" de quem condiciona a volta à vacinação dos profissionais.
A vice-presidente do Sinepe-CE reforçou que também espera a prioridade dos professores e profissionais da educação na vacinação contra a Covid-19. "Mas eu acredito que a gente precisa voltar às atividades. Todos devem voltar. A livre iniciativa mostrou que é possível retornar, sim".
Segundo a representante sindical, mais de 180 escolas fecharam em todo o Estado desde o início da pandemia da Covid-19. O número, destaca Andréa, pode ser ainda maior, tendo em vista que há instituições que não possuem vínculo com o Sinepe-CE. A professora lembrou que ainda não foram repassadas linhas de crédito para ajudar as escolas particulares no Ceará. A bandeira chegou a ser ventilada pelo Sindicato como ajuda ao setor.
19 de março/20
Primeiro decreto suspende aulas presenciais no Ceará por dez dias.
1º abril /20
Governo suspende aulas presenciais por mais 30 dias. Escolas particulares recomendam férias coletivas e antecipadas. Rede pública aposta em ferramentas digitais e meios de comunicação pública para alcançar estudantes.
Maio/20
Apenas 50% dos municípios ofertam atividades online. 40% dos alunos têm dificuldade de acesso. Particulares vivem impasse sobre desconto nas mensalidades e caso vai ao Superior Tribunal Federal (STF).
Julho/20
Instituições privadas realizam aula pública em frente à Faculdade de Direito da UFC pelo retorno da educação; hashtag #direitodeescolha acabou sendo adotada desde então nas manifestações. Vice-presidente do Conselho Estadual de Educação pede bom senso em relação ao retorno das aulas presenciais.
Agosto/20
Camilo Santana anuncia possibilidade de retorno para setembro e adianta que caberá aos responsáveis a escolha de enviar ou não o filho à escola.
Setembro/20
Em 1º de setembro, 30% das escolas particulares retomam aulas presenciais com limite de capacidade. Com a proximidade das eleições, prefeitos anunciam reabertura das escolas municipais apenas em 2021.
Outubro/20
Camilo amplia reabertura educacional e autoriza retorno gradual com 35% da capacidade das turmas de EJA, do 1º, 2º e 9 ano do ensino fundamental. Com 50% dos estudantes, o 3º ano do ensino médio também foi permitido. Medidas válidas para 44 cidades da Macrorregião da Saúde de Fortaleza. Conselho Nacional de Educação (CNE) aprova resolução para ensino remoto até o fim de 2021.
Novembro/20
Aulas presenciais para alunos do 3° ao 8° ano do ensino fundamental em escolas particulares retomam em 3 de novembro na Macrorregião de Saúde de Fortaleza.
Fevereiro/ 21
Com o recrudescimento da pandemia da Covid-19 no Estado, Governo suspende aulas presenciais, implanta toque de recolher durante a semana e lockdown aos fins de semana. Escolas encontram brecha no decreto e funcionam com crianças de até 3 anos, aulas práticas no ensino superior nas áreas da saúde também foram permitidas.
Abril/21
A retomada educacional começa neste mês. Camilo autoriza retomada das classes presenciais para turmas até o 9º ano do ensino fundamental, com 40% da capacidade.
17 de Maio/2021
As aulas presenciais no Ceará permanecem restritas até o 9º ano e às práticas para cursos da saúde no ensino superior.
Linha do tempo
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