Em meio à segunda onda da pandemia de Covid-19 no Ceará, bastou pouco mais de cinco meses neste ano para que o número de mortes pela doença superasse a quantidade de vítimas registradas em no ano de 2020. Dos mais de 21,3 mil óbitos registrados até agora no Estado, 10,9 mil ocorreram entre 1º de janeiro e o último dia 7 de junho. Dados do ano passado apontam que 10,4 mil vidas foram perdidas entre março e dezembro.
Ao todo, 10.910 óbitos por Covid-19 foram registrados em 2021, o que representa 51,1% das 21.349 mortes registradas desde que a doença fez as três primeiras vítimas no Ceará, em 24 de março de 2020. Os meses mais letais nesta segunda onda da pandemia foram março e abril, quando ocorreram, respectivamente, 3.325 e 3.565 mortes. Durante a primeira onda, em 2020, apenas o mês de maio somou mais de três mil vítimas.
As informações estão disponíveis no painel "Óbitos por Covid-19" do IntegraSUS, plataforma da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), e foram atualizadas às 16h49min da terça-feira, 8. Nesta quarta-feira não houve atualização do sistema. Além disso, existe um intervalo entre a ocorrência dos óbitos e o registro deles no sistema. Dessa forma, dados mais recentes estão sujeitos a alteração.
A segunda onda da pandemia no Ceará teve início por volta de outubro de 2020, quando os números de casos confirmados voltaram a crescer. Esse período tem sido marcado pelos impactos da variante P.1 do Sars-Cov-2 — que passou a ser nomeada como "gama" pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Com ela, houve mais contaminação, pessoas mais jovens passaram a ficar internadas e o período de internação foi mais prolongado.
No final do último mês de maio, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Ceará informou que essa variante estava sendo identificada em pelo menos 90% dos casos registrados no Ceará. Por mês, a instituição tem sequenciado cerca de 3 mil amostras. O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT) também afirmou, em abril, que cerca de 90% dos casos registrados na Capital estavam relacionados a ela.
Análises da Sesa divulgadas em boletins epidemiológicos semanais têm mostrado redução nos registros de casos confirmados e de óbitos no Estado. Porém, especialistas já têm apontado a possibilidade de uma terceira onda da pandemia. Mas a vacinação contra a Covid-19 pode ter impactos positivos nesse cenário futuro, avalia a enfermeira e pesquisadora Thereza Maria Magalhães Moreira, membro do Grupo de Trabalho (GT) de enfrentamento da Covid-19 da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Desde a última sexta-feira, 4, mais de 80 municípios cearenses já tinham autorização para começar a vacinar a população geral, entre 18 anos e 59 anos de idade. Na Capital, essa etapa da campanha de imunização teve início no domingo, 6, e pessoas de 44 anos já estão sendo agendadas. "Quanto mais eles (os gestores) baixarem essa idade, menor a chance de óbito na terceira onda, mesmo que ela aconteça", afirma a pesquisadora.
Em entrevista à Rádio O POVO CBN na última terça-feira, 8, o titular da Sesa, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, Dr. Cabeto, afirmou que a meta da secretaria é vacinar toda a população cearense maior de 18 anos até agosto deste ano. Caso esse cenário seja confirmado, a pesquisadora projeta menor letalidade e menos agravamento nos quadros dos pacientes. "Vamos ter os casos, mas esses casos não devem evoluir, não devem complicar. E aí a requisição para internação, para UTI (Unidade de Terapia Intensiva), tudo diminui."