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Três motoristas detidos e paralisação parcial no primeiro dia de greve
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Três motoristas detidos e paralisação parcial no primeiro dia de greve

|MOTORISTAS|A ação ocorreu na manhã desta terça. Segundo o Sintro, o cerco começou por volta das 9h30min e tentava impedir greve dos rodoviários. Alguns passageiros reclamam de longas esperas nos pontos de ônibus e terminais, mas consideraram movimento quase normal
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ALGUNS pontos de ônibus estavam com pouco movimento na manhã de ontem
 (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA ALGUNS pontos de ônibus estavam com pouco movimento na manhã de ontem

Três motoristas foram detidos pela Polícia Militar na manhã desta terça-feira, 8, na sede do Sindicato, no Centro de Fortaleza,segundo o  Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro). De acordo com informações do Sintro, os trabalhadores foram detidos por estarem impedindo a circulação do trânsito. A sede do Sintro foi cercada pela PM por volta das 9h30min para impedir, ainda de acordo com a entidade, a paralisação programada para esta manhã. Os motoristas foram encaminhados ao 34o Distrito Policial, no Centro. Ainda de acordo com o Sintro, eles já foram liberados.

O início da greve dos trabalhadores do transporte público, que ocorreu ontem, foi decidido em assembleia realiza pelo Sintro-CE. Motoristas e cobradores reivindicam reajuste salarial, melhores condições de trabalho e priorização da categoria na campanha de vacinação contra Covid-19. Não há previsão para duração da greve.


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Geraldo Lucena, diretor Social do Sintro, disse, em entrevista à Rádio O POVO CBN que são várias as razões para a paralisação. A primeira é a falta de reajuste. O último aumento segundo ele, ocorreu em 2019, e existe a inflação. “Com 200 reais, a gente pagava um carrinho (de supermercado). Hoje, com 200 reais você leva as compras na palma da mão. Ou seja, um absurdo”, diz. O segundo motivo foi a troca do plano de saúde e o terceiro, o pedido de vacinação. “Eles não vêem como prioridade, nós só somos prioridade para carregar passageiro”, reclama.

Outra razão é a dupla função. Porque, de acordo com Lucena, apesar de hoje os ônibus somente aceitarem pagamento da passagem com créditos no bilhete único ou na carteira de estudante, inúmeras vezes os motoristas precisam parar os ônibus para auxiliar pessoas com deficiência, sobretudo os cadeirantes. “Vamos ter um grupo de trabalhadores de 40% com problema de coluna”, contabiliza.

A maioria dos pontos de ônibus pelos quais a equipe do O POVO passou na manhã de ontem estava vazia ou com pouca movimentação, alguns passageiros reclamam da demora de ônibus. "Está demorando um pouco nas paradas. Umas 7 horas quando saio do Hospital São José. Esperei e peguei uma carona, porque demorou bastante o meu ônibus. Vim até uma certa altura e de lá peguei outro ônibus", conta a técnica de enfermagem Antônia da Guia na saída do Terminal da Messejana.

No local, o gari Edson Gomes contou à equipe que estava há duas horas tentando chegar ao trabalho. "Passei uma hora esperando no ponto de ônibus perto de casa", conta ele, que faz o percurso Aerolândia-Papicu-Messejana.

No terminal da Parangaba, registros de aglomerações no fim da tarde. Os usuários do serviço relataram que, apesar da greve, a oferta de ônibus se manteve dentro da normalidade. “Disseram que não ia ter ônibus [por causa da greve], amanheci o dia preocupada, mas foi normal, melhor do que nos outros dias. Não senti nenhuma dificuldade”, diz a aposentada Antônia Lopes, 70, moradora do bairro Serrinha.

Sobre a condução dos motoristas, a  Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informa, por nota, que uma equipe do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio), da Polícia Militar, conduziu três homens para o 34º Distrito Policial (DP) durante uma manifestação, realizada na manhã desta terça-feira, 8. Ainda de acordo com a SSPDS, conforme informações preliminares, os três motoristas de ônibus estavam tomando as chaves de outros condutores para não trabalharem durante a paralisação da categoria. O fato teria ocorrido na Avenida da Universidade. Após ser identificado, os três foram encaminhados para a delegacia onde foram ouvido. Ainda de acordo com a SSPDS, para as autoridades policiais, os homens negaram os fatos. Um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) pelo crime de atentado contra a segurança de meio de transporte foi lavrado contra eles.

Ainda na nota, a SSPDS cita o artigo 262 "consiste em expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento. A pena prevista é de três meses a um ano".



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