Marcações no chão, medição de temperatura na entrada, recipientes de álcool em gel distribuídos pelos espaços, portas e janelas abertas e distanciamento entre as carteiras. O cenário, já rotineiro para crianças e adolescentes até o 9º ano nos colégios particulares de Fortaleza, entrou também para o cotidiano de jovens do Ensino Médio em Fortaleza nessa segunda-feira, 14. Liberadas pelo decreto estadual nº 34.103, as aulas presenciais tiveram baixa adesão no primeiro dia.
"Depois de um ano e meio em ensino remoto, voltei agora para o presencial. Acho uma forma de ensino melhor, a comunicação com o professor é muito melhor", conta Lucas Araújo, que está no 2º ano do Ensino Médio no colégio Farias Brito. Ele afirma que as medidas contra a Covid-19 estão "bem restritas, acho que o certo para esse retorno". Na escola, a turma de Lucas foi que a teve maior número de jovens retornando à sala do Ensino Médio: 10 estudantes. "Estou tomando todos os cuidados exigidos e saindo de casa somente quando necessário. Agora venho para a escola uma semana e depois fico uma semana em casa, no rodízio do sistema híbrido", completa indicando sua preocupação de que os colegas respeitem os cuidados contra o novo coronavírus e não aglomerem antes de voltar à escola.
Segundo a diretora técnica do centro educacional Farias Brito, Fernanda Denardin, uma comissão anti-Covid foi criada com os estudantes para que haja um processo de conscientização entre os colegas. "Temos um protocolo construído no ano passado com dois infectologistas e uma empresa especializada em limpeza. Passamos esse documento para os pais. Além disso, fazemos trabalhos específicos com os alunos para educação em saúde", garante. "Estamos percebendo um grande compromisso das famílias em atender os protocolos." Ela conta ainda que poucos casos de Covid-19 foram confirmados entre os alunos de todas as séries e que nenhum caso de transmissão interna.
Sandra Beltran-Pedreros, mãe de uma estudante do 1º ano do Ensino Médio em outra escola particular da Capital, pondera que o momento de baixas taxas de vacinação e possibilidade de circulação de variantes do coronavírus talvez não seja o ideal para voltar às salas de aula. "Vejo que ela precisa desse retorno para sociabilizar com os colegas, estabelecer vínculos. O aprendizado pode ser que melhore também. Mas continuo preocupada com a questão da saúde." Conforme Sandra enfatiza, a adesão ao sistema híbrido foi um voto de confiança na decisão do Governo e nos cuidados da escola e das outras famílias. "Estamos esperando para ver o que acontece e existe a possibilidade de ela voltar ao sistema remoto", pontua.
Conforme o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe-CE), cerca de 200 colégios privados retomam as aulas presenciais para o Ensino Médio entre ontem e esta terça-feira, 15. Para o sindicato a baixa adesão no primeiro dia de volta é esperada. "O que vimos nos últimos retornos é que isso muda dia a dia. Tem gente que prefere esperar um pouco mais para mandar os filhos", afirma Henrique Soarez, um dos diretores do Colégio 7 de Setembro e coordenador da força-tarefa pela volta às aulas presenciais do Sinepe. "Ninguém sabe se teremos uma terceira onda ou não, mas pedimos às autoridades que haja protocolos mais concretos sobre a suspensão de aulas presenciais. Essa ida e vinda, que talvez seja natural de uma pandemia, precisa ser mais ágil quando acontecer e os prazos para retorno precisam ser mais transparentes."
Enquanto isso, os estudantes da rede pública devem ter a possibilidade de uma volta às salas de aula somente em agosto, quando inicia o segundo semestre letivo de 2021. Conforme a Secretaria da Educação (Seduc), as escolas da rede pública estadual de ensino vão finalizar o primeiro semestre neste mês de junho somente no formato remoto.