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Feiras voltam após liberação com movimentação baixa
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Feiras voltam após liberação com movimentação baixa

|NOVO DECRETO| Feirantes acreditam que retomada será importante durante o segundo semestre. Apesar da baixa movimentação nesta segunda-feira, 28, algumas pessoas desrespeitavam medidas sanitárias
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Brasil registra queda na taxa da desocupação
 (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Brasil registra queda na taxa da desocupação

A última semana do mês de junho trouxe esperança para aqueles que dependem das vendas que acontecem nas feiras livres da Capital. Isso porque o setor foi liberado para retomar os trabalhos desde ontem, 28, de acordo com o último decreto publicado no último dia 26, que traz as novas medidas de isolamento social adotadas pelo Estado.

No bairro Henrique Jorge, parte da rua Professor Paulo Lopes estava tomada pelos feirantes que realizavam a tradicional feira da região. Roupas, peixes, carnes, frutas e verduras estavam sendo ofertadas no local. Entre negociações bem sucedidas e outras nem tanto, José Barbosa, 58, que atua há 25 anos na feira, diz que ainda calcula o prejuízo causado pelo tempo em que ficou parado. "Esse período foi péssimo para a gente que é feirante, um dia que não trabalha é um dia sem comer. Espero que melhore, porque está fraco ainda. Em um dia bom, eu faturo R$ 100. Mas com essa pandemia, eu estou com um prejuízo grande, só perdendo mercadoria", contou Barbosa.

O feirante, que chega ao local logo às 5 horas da manhã, diz não entender as restrições impostas pelas autoridades públicas. A principal reclamação do feirante é o valor oferecido pelo auxílio da Prefeitura. "Não entendo porque os governantes não querem que a gente trabalhe, se fosse para não trabalhar, que dessem um auxílio bom. O que dá pra fazer com R$ 100? Se você for comprar carne em qualquer açougue, o quilo tá quase R$ 50. Com o nosso trabalho, conseguimos comprar pelo menos o feijão", desabafou.

Joaquim Melo, 63, é outro feirante experiente do bairro. Enquanto descascava alguns milhos, ele falou sobre a insatisfação durante o período de inatividade. "Já tenho uns 15 anos por aqui, nunca vi um negócio desse. Sempre tinha muita Polícia por aqui. Hoje está tranquilo, antes era um aperreio. Eu não entendo isso, fecham as feiras, mas não fecham supermercados e nem ônibus. Se aqui é ao ar livre, como pode ser pior que esses lugares?", questionou.

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Segundo o artigo 7 do decreto publicado no último sábado, 25, as feiras livres estão liberadas desde que se obedeça um distanciamento mínimo entre as pessoas e os próprios boxes que compõem o local, além de destacar que as medidas sanitárias previstas em protocolos devem ser seguidas.

Na rua, a realidade é outra. Apesar da baixa movimentação ontem, 28, não era difícil observar pessoas desrespeitando o uso correto da máscara, além de não existir quase nenhuma distância entre as tendas, que, muitas vezes, estavam completamente juntas.

Apesar dos riscos de retomar o trabalho, muitos feirantes não veem outra opção para sobreviver. José da Silva, o "Lisbão", 59, comemorou a possibilidade de trabalhar legalmente, e ainda relatou as dificuldades enfrentadas nos últimos meses. "É bom demais voltar, a gente só come no dia que trabalha. É horrível ter que ficar preso, sem ter como trabalhar e ainda ficar correndo com medo da Polícia. A esperança é que tudo melhore neste segundo semestre. Ainda está muito difícil, aqui a gente trabalha pela sobrevivência, só pela comida mesmo", relata.

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Feira da José Avelino

Em outro ponto da cidade, no Centro, alguns feirantes estendiam suas mercadorias ao longo da rua José Avelino. Outros disputavam a atenção dos consumidores que passavam em frente ao Mercado Central, na av. Alberto Nepomuceno.

Com seu carrinho montado e algumas peças de roupas expostas, Alexandra de Oliveira, 38, esperava compradores. Ela conta que chega ao local ainda no início da madruga e que as restrições durante a pandemia já lhe custaram alguns clientes. "Eu chego aqui 2 horas da manhã, eu não saio cedo de casa porque eu tenho filhos. Temos excursões que vêm de fora só para comprar da gente, mas já perdemos alguns clientes por causa dessa perseguição", explica.

O sentimento de perseguição, segundo a feirante, vem da frequente presença da fiscalização no local. "A maioria dos feirantes espera trabalhar, pelo menos, até as 8 horas da manhã. Principalmente nos dias mais movimentados. Mas, ultimamente, nós não temos certeza de nada."

Emanuel Nogueira, 40, já estava focado em aumentar as vendas pensando nas comemorações de fim de ano. Com esperança de dias melhores, o feirante espera que os próximos decretos não o impeçam de trabalhar. "A expectativa é que dê uma melhorada, espero que mais gente venha para que eu possa vender meus produtos. A tendência é melhorar, está chegando o fim do ano. Espero que deixem de perturbar a gente, só quero trabalhar", finalizou.

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