Uma operação para cumprir 10 mandados de prisão e 10 de busca e apreensão foi deflagrada ontem pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas, do Ministério Público do Estado (MPCE), com apoio da Coordenadoria Integrada de Planejamento Operacional (Copol), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Até o fim da manhã, 12 desses mandados — seis de busca e apreensão e seis de prisão — haviam sido cumpridos.
A operação Garateia, como foi batizada, teve como alvo um grupo criminoso, ligado a uma facção criminosa, que traficava drogas na região do bairro Serrinha, em Fortaleza. Além disso, outros crimes conexos, como roubos e homicídios são investigados. O MPCE divulgou que a apuração do Gaeco teve início após série de ataques contra prédios públicos e privados promovida por facções criminosas em 2019. Entre as medidas adotadas para coibir as ações criminosas estavam revistas em unidades prisionais, que resultaram na apreensão de diversos celulares. Os aparelhos foram encaminhados ao Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública (CIISP) — Região Nordeste, que enviou ao Gaeco relatório com as informações colhidas. A partir disso, os mandados foram pedidos à Vara de Delitos de Organizações Criminosas do Estado do Ceará.
Os nomes dos alvos, assim como o nome da facção criminosa a que pertenciam, não foram revelados. Apenas foi informado que a facção que os suspeitos integrariam têm atuação nacional e que, entre os alvos, está um dos chefes do grupo criminoso da Serrinha. Os materiais apreendidos devem trazer mais elementos de prova sobre o bando.
O nome da operação é uma referência a um tipo de anzol com várias pontas usada para fisgar o maior número possível de peixes. "Garateia", portanto, refere-se, conforme o MPCE, à "pesca" realizada no conteúdo dos celulares apreendidos que levou ao grupo criminoso da Serrinha.
O ano de 2019 teve três ondas de ataques criminosos. A primeira, a maior delas, ocorreu em janeiro, e foi promovida pelas duas maiores facções do Estado, Comando Vermelho e Guardiões do Estado (GDE). O motivo dos ataques foi a insatisfação das lideranças das facções com a nomeação de Mauro Albuquerque para a então recém-criada Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). Foram registrados 443 ataques, conforme o CIISP, sendo 123 contra prédios públicos, ente 2 e 29 de janeiro. Em abril, três torres de transmissão de energia foram atacadas. Já em setembro, 141 ações criminosas foram registradas. Desta vez, apenas a facção GDE orquestrou os atentados. Foi a última onda de ataques criminosos praticados por facção registrada no Estado.
Documentário: Guerra sem fim
Os bastidores do conflito entre facções criminosas e os seus impactos para a população cearense voltam a ser contados na estreia da nova temporada do "Guerra Sem Fim", documentário original O POVO. Na próxima segunda-feira, 5, o primeiro episódio da segunda temporada estará disponível para os assinantes do OP+, onde também podem ser vistos os episódios da primeira temporada.