Logo O POVO+
Grupo alvo de operação contra fraude em licitações teria movimentado R$ 132 milhões
CIDADES

Grupo alvo de operação contra fraude em licitações teria movimentado R$ 132 milhões

|Operação Hasta|Cerca de R$ 700 mil foram encontrados em quase 420 contas bancárias. Dez empresas participariam do esquema
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
ALÉM DE dinheiro, armas foram apreendidas na operação Hasta (Foto: Divulgação/SSPDS)
Foto: Divulgação/SSPDS ALÉM DE dinheiro, armas foram apreendidas na operação Hasta

A Polícia Civil deu detalhes ontem sobre a operação deflagrada na terça-feira, 6, contra um grupo suspeito de fraudes milionárias em licitações de prefeituras do Ceará. As investigações apontam que o esquema teria movimentado, em oito anos, R$ 132 milhões. Foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão e foram alvo de sequestro judicial 38 veículos e um imóvel. Cerca de R$ 700 mil foram encontrados em quase 420 contas bancárias e, somente em espécie, foi localizado valor equivalente a R$ 120 mil, entre dólares, euros e moeda coreana.

A Operação Hasta foi deflagrada em Fortaleza, Caucaia, Itatira e Pacatuba, embora a Polícia Civil tenha ressaltado que não eram, necessariamente, essas as prefeituras contratantes. Pelo menos, dez empresas ligadas ao grupo teriam sido identificadas até o momento. Conforme o inquérito policial, as empresas contratavam com administrações públicas municipais valores milionários, mas a maioria delas não possuía condições técnicas de prestar os serviços contratados. "Uma das empresas sequer possuía um domicílio, pintaram na casa de um dos investigados um pedaço do muro e colocaram o nome da empresa nesse pedaço do muro, então, ela sequer tinha um imóvel", disse Marcelo Veiga, delegado adjunto da Delegacia de Combate à Corrupção (Decor), que participou da operação em Itatira. O principal portfólio das empresas era a locação de veículos, contudo, outros serviços também eram apresentado, como obras em geral. Segundo a Polícia, as pessoas que constavam como titulares das empresas investigadas eram apenas "laranjas". Ainda é investigada a forma de fiscalização dessas empresa e a possibilidade de envolvimento de agentes públicos no esquema.

Duas pessoas foram presas em flagrante. Uma por falsificação de moeda, a outra por tentativa de homicídio. Paulo Anderson Alves Mota, 32 anos, teria atirado contra os policiais que cumpriam mandado de busca e apreensão. Conforme a defesa, os disparos só ocorreram porque os policiais invadiram a residência. Paulo, conforme trecho do inquérito da Decor, estava entre os principais recebedores de recursos das contas da empresa Maxximus Serviços LTDA. ME, em um montante de mais de R$ 1,9 milhões. A empresa, porém, era de propriedade, de fato, de uma outra pessoa, conforme a investigação. A casa dele, afirmou a Polícia, era incompatível com a atividade financeira que constava como exercida por ele. No local, foram apreendidos veículos de outras empresas, que o autuado afirmou não saber a quem pertenciam. Durante os cumprimentos dos mandados, também foram apreendidos 1.500 dólares falsificados e oito armas de fogo.

A investigação teve início ainda em 2020, quando a Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) recebeu denúncia de que a empresa Rota Ativa Serviços e Locações de Veículos Eireli teve a titularidade alterada, fraudulentamente, dois dias após a morte do então titular legal, que seria, porém, laranja de um político de Itatira. Bárbara Milena Morais e Jadilson André da Silva foram indiciados por crimes como falsidade ideológica. Bárbara, porém, afirmou à Polícia que havia adquirido a empresa do titular antes de sua morte. Ela disse ainda que a empresa possuía contrato com cinco prefeituras, tendo encerrado com outras quatro. (Com informações de Angélica Feitosa, Lais Oliveira e Érico Firmo)

 

O que você achou desse conteúdo?