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2ª onda da Covid no Ceará foi pior no Interior: veja lugares onde mais piorou
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2ª onda da Covid no Ceará foi pior no Interior: veja lugares onde mais piorou

| Covid-19 | Salto foi maior no Litoral Leste/Jaguaribe, com aumento de 67,11% no número de mortes em relação à primeira onda. Situação no Interior se agravou mais que na Capital
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Imunizantes da Astrazeneca chegaram ao Ceará para reforçar vacinação contra Covid-19  (Foto: Thiara Montefusco/Governo do Ceará)
Foto: Thiara Montefusco/Governo do Ceará Imunizantes da Astrazeneca chegaram ao Ceará para reforçar vacinação contra Covid-19

A segunda onda da Covid-19 no Ceará foi mais grave, com maior número de casos e de óbitos em relação à primeira onda. A curva epidemiológica se diferencia nos dois períodos. Na mais recente, a base da pirâmide é mais larga. Ou seja, houve média de mortes pela doença maior durante mais dias. Em algumas regiões, o pico também foi mais alto. O impacto mais severo foi observado no Interior, com 26% de aumento no número de mortes entre 2020 e 2021.

Essa taxa de variação foi obtida considerando as regiões de saúde de Sobral, Sertão Central, Litoral Leste/Jaguaribe e Cariri. Dados são do IntegraSUS, plataforma da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), conforme atualização feita às 16h04min dessa quarta-feira, 14, e levam em conta a data de óbito do paciente.

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Na região de saúde de Fortaleza, o número de mortes saiu de 6.587 para 7.585, uma variação de 15,15%. Especificamente no município de Fortaleza, o aumento foi menor: 10,35%. Salto foi maior na região de saúde do Litoral Leste/Jaguaribe, com crescimento de 67,11% nesse indicador (de 453 para 757).

Em outras duas regiões do Interior, o aumento também foi mais grave do que na Capital: Cariri (31,72%) e Sertão Central (25,58%). Apenas na região de saúde de Sobral a taxa de variação foi parecida com a de Fortaleza, com mudança de 15,15%.

Esse impacto foi proporcionalmente maior no Interior devido ao acesso à saúde. Principalmente levando em consideração estruturas mais complexas de atendimento, como as demandas por pacientes com quadros graves de Covid-19.

A análise é da virologista e epidemiologista Caroline Gurgel, professora do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ela explica que a segunda onda ocorreu de forma mais homogênea pelas regiões do Estado.

Gurgel detalha que a infecção alcança alta gravidade em tempo muito curto. "Quando não se consegue levar as pessoas rapidamente, há um agravamento. Tinham filas enormes e, muitas vezes, não tinham locais disponíveis para atender. Com o serviço lotado aqui na capital, as pessoas não tinham acesso", relaciona.

Ela pondera que o Governo do Estado investiu muito na ampliação de leitos. Contudo, aumento não conseguiu acompanhar a disseminação do vírus e, consequentemente, a necessidade de hospitalização. Cidades do Interior enfrentavam mais dificuldades de transportar as pessoas para onde tinham Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Em maio de 2020, Estado dispunha de 2.951 leitos destinados a pacientes com Covid-19. Em junho último, Ceará chegou a 5.205 leitos Covid, conforme o Governo do Estado. O que representa um aumento de 76,3% entre a primeira e a segunda onda.

O impacto da segunda onda no Estado também está associado às características da variante P.1, primeiramente identificada em Manaus. A virologista explica que o patógeno tem maior afinidade aos receptores celulares e, consequentemente, capacidade de formar maior carga viral — o equivalente a dez vezes mais do que a cepa original —, gerando processo inflamatório mais intenso.

"Por serem mais jovens na segunda onda, ficavam mais tempo em UTIs. Gerando uma fila de espera por leito maior. Também teve o isolamento. No primeiro lockdown, as pessoas tinham mais medo e ficaram mais em casa. Não houve adesão da população na segunda onda", acrescenta a pesquisadora.

 

Lote com 176.750 doses da AstraZeneca contra a Covid-19 chega ao Ceará

Lote com 176.750 doses da vacina contra a Covid-19 da farmacêutica AstraZeneca chegaram ao Ceará por volta de 22 horas dessa quinta-feira, 15. Em anúncio nas redes sociais, o governador Camilo Santana (PT) afirmou que a entrega de outros imunizantes pelo Ministério da Saúde (MS) é aguardada ainda nesta semana. O lote de ontem é o 47º recebido pelo Estado desde o início da imunização, em janeiro deste ano.

Após chegarem no território estadual, as doses são encaminhadas para a Central de Armazenamento e Distribuição, de onde são repassadas às áreas Descentralizadas de Saúde (ADS) e aos municípios. Ainda nas redes sociais, o governador declarou persistir na aquisição direta de mais vacinas pelo Estado, "para acelerar cada vez mais a vacinação".

O último lote a chegar ao Estado, na madrugada da última sexta-feira, 9, consistia em 32,6 mil doses da CoronaVac. Camilo anunciou nessa quarta-feira, 14, que negocia a aquisição de pelo menos três milhões de doses da CoronaVac junto à chinesa Sinovac. O Estado também mantém contato com o Instituto Butantan, que representa o laboratório no Brasil.

Segundo ele, ainda neste mês de julho deve chegar ao estado o primeiro lote da vacina russa Sputnik V para possibilitar a imunização da população do Ceará acima de 12 anos até o fim de agosto. Até o momento, a campanha de vacinação no Estado conta com quatro tipos de vacinas (CoronaVac, AstraZeneza, Pfizer e Janssen), enviadas pelo do Ministério da Saúde.

O Ceará tem um total de 1.390.243 pessoas que completaram a imunização contra a Covid-19 (duas doses de AstraZeneca, CoronaVac, Pfizer ou dose única da Janssen). O que equivale a 15,14% da população. Em relação à primeira dose, 3,6 milhões de pessoas receberam a vacina — 39,21% da população. (Mateus Brisa e Mirla Nobre/Especiais para O POVO)

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