Fortaleza está com vacinação contra a Covid-19 suspensa neste fim de semana. A aplicação da primeira dose (D1) continuará interrompida até a chegada de novos lotes. No caso da segunda dose (D2), aplicação será retomada na segunda-feira, 19, nos grupos que atingiram a data limite do cartão de vacinação. Interrupção de agendamento da D1 ocorreu por duas vezes na semana passada. Se vacinação continuar com hiatos, a tendência é atrasar calendário, conforme epidemiologista.
O último lote de vacinas recebido pelo Ceará, com 176.750 doses da AstraZeneca, foi destinado à aplicação da segunda dose, conforme o prefeito José Sarto (PDT). "A Prefeitura cumpriu hoje (16/07) a aplicação de todo o estoque de vacina contra Covid-19, recebido até o momento, destinado para a 1ª dose", publicou nas redes sociais.
Conforme a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), o Ministério da Saúde não avisou acerca da chegada de novas doses ao Estado. Na análise de Thereza Magalhães, pesquisadora e professora de Epidemiologia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), as interrupções são ruins principalmente em relação à primeira dose. Isso porque a maioria da população continua sequer sem proteção parcial.
"Vai ter pessoas suscetíveis ao vírus sem nenhuma dose. Porque uma dose já dá uma boa atenuada na ação do vírus no corpo. Ainda que isso seja melhorado com a segunda dose. Em uma pessoa vacinada com as duas doses, eu tenho uma segurança de que potencialmente a infecção não vai ficar grave nem vai a óbito. Mas a primeira dose já tem uma ação de proteção", explica.
Se continuar no mesmo passo, tendência é de atraso. Meta do Estado é vacinar todos os adultos até o final de agosto. Nessa terça-feira, 13, o secretário da Saúde do Estado do Ceará, Dr. Cabeto, disse que Ceará pode vacinar pessoas de até 12 anos nesse prazo. Isso a partir de uma previsão "esperançosa", "não tão impossível".
"A tendência é de não cumprir esse calendário até o final de agosto, dependendo de com que folga esse calendário foi planejado. Mas é verdade que Fortaleza e os municípios do Ceará como um todo têm ainda uma capacidade residual de ampliar o número de vacinas por dia, mas a gente precisa ter a disponibilidade de vacina em número de doses suficiente. Então, esse é o grande desafio hoje", avalia.
O governador Camilo Santana (PT) anunciou nessa quarta-feira, 14, que negocia a aquisição de pelo menos três milhões de doses da vacina CoronaVac junto à empresa chinesa Sinovac. O Estado também mantém contato com o Instituto Butantan, que representa o laboratório no Brasil.
Nas últimas duas semanas, o governador projetou a chegada do primeiro lote da vacina Sputnik V ao Ceará "nos próximos dias", mas a entrega ainda não aconteceu. Ontem, o Ceará ultrapassou a marca de 5 milhões de doses aplicadas das vacinas contra a Covid-19. Ao todo, foram 5.010.320 doses, sendo 3,6 milhões de D1, 1,2 milhão de D2 e mais de 139 mil na dose única. A campanha de vacinação no Estado conta com quatro tipos de vacinas (CoronaVac, AstraZeneza, Pfizer e Janssen). (Colaborou Mateus Brisa/ Especial para O POVO)