Um guarda municipal de Fortaleza fez a mãe e o irmão reféns nessa terça-feira, 3, em um apartamento no bairro Dionísio Torres. As vítimas foram ameaçadas com uma faca, mas saíram ilesas após intervenção de policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Segundo a Secretaria Municipal da Segurança Cidadã (Sesec), o profissional faz uso de medicação controlada para tratamento de transtornos psíquicos.
Os policiais que atenderam à ocorrência relataram ao O POVO que o homem teve um surto psicótico ao saber que sua mãe queria interná-lo em uma clínica psiquiátrica. Inconformado com a situação, ele foi até o apartamento onde mora a família e a colocou sob a mira de uma faca. Um irmão do agente também foi feito refém ao tentar libertar a mãe. Minutos antes, ele já havia acionado a Polícia Militar quando notou que o guarda aparentava sinais de instabilidade emocional.
Após a chegada dos policiais, houve uma negociação com o agente para que as vítimas fossem liberadas, mas apenas o irmão conseguiu permissão para deixar o local. Abalado com o que pudesse acontecer com a mãe, ele resolveu permanecer no apartamento.
As negociações ficaram ainda mais difíceis, segundo a Polícia, quando o agente apareceu na sacada do prédio empunhando a faca no pescoço da mãe. "Se vocês entrarem, eu mato", teria ameaçado. Sem sinal de que o homem fosse recuar, os policiais invadiram o apartamento na tentativa de resgatar as vítimas. Antes da entrada da equipe no imóvel, o guarda jogou álcool e ateou fogo no próprio corpo. Com queimaduras de primeiro grau, ele foi socorrido sob escolta policial para o Instituto Doutor José Frota (IJF). Já as vítimas foram encontradas bastante abaladas. A mãe, inclusive, havia sido presa com algemas e teve pequenas escoriações nos punhos.
Segundo o comandante do Bope, tenente-coronel Gerlúcio Vieira, o guarda tem um “relacionamento complicado” com a mãe. Ele a tratava como “alvo” ao descobrir que ela planejava interná-lo para que tratasse do seu quadro psíquico. Em depoimento na delegacia, o irmão do profissional revelou que há um histórico de conflito familiar, mas que nunca havia ocorrido ameaças físicas.
A Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) informou que não comenta o estado de saúde mental do agente por se tratar de um assunto pessoal. O POVO apurou, no entanto, que o guarda era acompanhado periodicamente pelo Núcleo de Atenção Biopsicossocial, da Secretaria Municipal da Segurança Cidadã (Sesec), além de fazer uso de medicamentos controlados. Segundo a GMF, o agente exerce funções no setor administrativo e não possui porte de arma de fogo.