Durante os últimos anos, o fortalezense tem se habituado com a constante redução de velocidade em vias da Capital. A medida nem sempre é bem aceita pelos motoristas, mas os resultados alcançados mostram a necessidade da reeducação no trânsito. Nesta primeira semana de agosto, as avenidas Eduardo Girão e José Jatahy são as próximas com velocidade máxima readequada de 60 km/h para 50km/h.
"Não vejo muito resultado. Para mim, acaba deixando o trânsito lento e mais travado. Acho que piora a situação", disse Abner Medeiros, 32, que conduzia seu veículo na av. Eduardo Girão nessa quinta-feira, 5.
Apesar de alguns condutores não notarem as melhorias na segurança do trânsito com as reduções de velocidade, um levantamento realizado pela Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) mostra que a medida trouxe resultados positivos. A média de acidentes com mortes em Fortaleza caiu 67% em vias que tiveram a velocidade readequada entre 2016 e 2020, de acordo com a AMC.
O estudo levou em consideração o número de ocorrências nas avenidas Presidente Castelo Branco, Osório de Paiva, Francisco Sá e Augusto dos Anjos, antes e depois da implementação da velocidade máxima em 50km/h.
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Entre janeiro e julho de 2021, 115 pessoas morreram no trânsito da Capital. O excesso de velocidade é uma das principais causas de acidentes com severidade, segundo a AMC.
Na av. Eduardo Girão, que receberá o novo limite de velocidade entre o trecho da av. da Universidade e a av. Aguanambi, foram registrados 23 acidentes entre 2015 e 2020. A via possui um fluxo de cerca de 22 mil veículos por dia.
"Eu acredito que melhore, os acidentes acontecem frequentemente. Toda semana tem uma batida. Não costumam ser graves, mas sempre acontecem. Os motoristas acham ruim [a redução], mas acabam se acostumando", conta Levi Oliveira, 20, que trabalha como vendedor em uma loja na av. Eduardo Girão.
Já Graça Ponte, 72, moradora da região há 50 anos, acredita que a medida também deve passar pela mudança de comportamento dos condutores. "Os acidentes até diminuíram, mas antes era demais. Já vi muito acidente aqui. Não sei se reduzir ajudaria, hoje esse trânsito está louco, ninguém respeita nada", desabafa.
A av. José Jatahy, que conta com 2,8 km de extensão, passará por readequação no trecho compreendido entre as avenidas Carapinima e Tenente Lisboa. Na via, cotidianamente, costumam trafegar cerca de 25 mil veículos. Durante os últimos cinco anos, a AMC contabilizou 267 sinistros na avenida.
Desde 2017, outras 25 vias, além das duas que passam por redução durante este mês de agosto, já tiveram a velocidade máxima reduzida para 50km/h. A av. Humberto Monte passa por estudos e pode ser a próxima a receber readequações.
A AMC destaca que oferece um período educativo de seis meses após a conclusão da nova sinalização nas vias, ou seja, o condutor não será penalizado caso ultrapasse o novo limite de velocidade permitido durante esse prazo.
De acordo com o órgão, em todo o mundo, a velocidade excessiva é a causa de uma em cada três mortes no trânsito. Assim como a readequação da velocidade de 60km/h para 50 km/h aumenta em dez vezes a chance de uma pessoa atropelada sobreviver.
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Vias que já passaram pela redução:
1) Av. Pres. Castelo Branco
2) Av. Gal. Osório de Paiva
3) Av. Francisco Sá
4) Av. Augusto dos Anjos
5) Av. Duque de Caxias
6) Av. Frei Cirilo
7) Av. Cel. Carvalho
8) Av. Gomes de Matos
9) R. Alberto Magno
10) Av. Dom Luís
11) Av. José Leon
12) R. Vereador Pedro Paulo
13) Av. João de Araújo Lima
14) Av. Monsenhor Tabosa
15) Av. Abolição
16) Av. Santos Dumont
17) Av. Imperador
18) Av. Antônio Sales
19) R. Dr. Justa Araújo
20) R. Gov. João Carlos
21) R. Marechal Bittencourt
22) Av. Borges de Melo
23) Av. Bernardo Manuel
24) Av. Bezerra de Menezes
25) Av. Jovita Feitosa