A Diocese do Crato iniciou os preparativos para a cerimônia de beatificação da Menina Benigna. O processo ocorre em 2022 e deve consagrar a carirense como a primeira beata do Ceará. A 18ª edição da Romaria da Benigna está marcada para acontecer no próximo dia 15 de outubro, em Santana do Cariri. Na mesma data, o governador Camilo Santana (PT) assina a ordem de serviço da construção do complexo religioso em devoção a mártir.
Segundo o padre Paulo Lemos, que atua como pároco de Santana do Cariri, ainda não há uma data definida para o processo de beatificação acontecer. O que existe é uma proposta para que o evento seja realizado em outubro de 2022. As datas que estão em discussão no momento são: 21, 15 (dia do nascimento da jovem) e 24 (dia em que morreu) de outubro. Quem tem o poder de escolher o período, contudo, é o Vaticano, que ainda não informou a decisão.
Mesmo sem data definida, a Diocese do Crato e a Paróquia de Santana do Cariri já atuam juntas nos preparativos para a cerimônia. No próximo dia 15, por exemplo, começa a romaria em homenagem a ela. O padre Lemos diz que o evento vai funcionar como uma espécie de "preparação" para 2022.
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"A romaria já deve aquecer o coração dos devotos para a beatificação", frisou o padre em entrevista ao repórter Farias Júnior, da rádio CBN Cariri. O evento ocorre anualmente em Santana do Cariri e tem encerramento previsto para o dia 24, data da morte de Benigna.
A promessa de assinatura para o inicio das obras do complexo foi feita pelo governador durante encontro com representantes da Diocese do Crato na última semana. Em publicação nas redes sociais, a entidade religiosa anunciou a parceria com o Governo do Estado e explicou como funcionará o equipamento.
Segundo a Diocese, o complexo terá cerca de 110 mil m² e contará com uma estátua de 20 metros da Menina Benigna. Além disso, o equipamento vai comportar: salas de acolhimento aos romeiros, esplanada para celebrações, estacionamento, vias pavimentadas, jardim arborizados, uma trilha, entre outros.
O momento também serviu para a discussão acerca do projeto de construção de um museu dedicado à futura beata, que deve ser construído em Santana do Cariri. Durante a reunião, Camilo Santana se comprometeu ainda com a infraestrutura da celebração da beatificação, conforme informou a Diocese.
Benigna Cardoso da Silva foi assassinada de forma brutal no dia 24 de outubro de 1941, quando tinha apenas 13 anos de idade. O responsável por sua morte foi Raul Alves. Na ocasião do crime, o agressor emboscou a jovem enquanto ela ia buscar água no poço e a esfaqueou com golpes de facão.
A motivação da ira do criminoso teria sido o fato de Benigna ter se recusado a manter relações íntimas e amorosas com ele. O crime chocou os moradores de Inhumas, distrito em que a menina morava, situado no município de Santana do Cariri.
Religiosa e temente a Deus, a "Menina Benigna", como ficou conhecida, passou a ser vista como "Heroína da Castidade" na região, uma vez que moradores associaram sua morte diretamente à recusa sexual. Mesmo ainda não sendo oficialmente reconhecida como Santa, os fiéis de Santana do Cariri até hoje a tratam dessa forma, a ponto de rezarem pela sua intercessão e a visitarem seu túmulo.
O processo de santificação da Menina Benigna só foi agendado em 2011 pela Arquidiocese do Crato. Em 2013, após aprovação do processo pela Igreja Católica, a jovem foi proclamada como “Serva de Deus”. Seis anos depois, em outubro de 2019, houve a etapa considerada como uma das mais importantes: quando o Vaticano reconheceu o martírio dela.
Esse reconhecimento consagrou Benigna como mártir. O título é dado para quem viveu e morreu heroicamente, exercendo um testemunho de santidade. O passo foi importante para que o processo avançasse para a etapa de beatificação, que inicialmente estava prevista para ocorrer em 2020.
Com a pandemia da Covid-19, no entanto, o processo foi adiado e a nova data agora se estabelece para agosto de 2022. Nessa etapa Benigna será reconhecida como beata, tornando-se a primeira do Ceará a receber o titulo. Logo depois deve haver a canonização, quando o Vaticano pode considerá-la santa.