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Covid-19: o que o novo surto na Europa alerta ao Brasil
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Covid-19: o que o novo surto na Europa alerta ao Brasil

| RISCOS | Situação de outros países deve servir de exemplo. Mesmo com avanço da vacinação, manter medidas de proteção pode evitar novo aumento
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DESOBRIGAR uso de máscaras ainda é um risco no Brasil  (Foto: Fernanda Barros)
Foto: Fernanda Barros DESOBRIGAR uso de máscaras ainda é um risco no Brasil

Apesar de apresentar redução de indicadores da Covid-19, o Brasil ainda não está em situação exatamente "controlada", conforme epidemiologistas. Níveis altos de vacinação — o que ainda não é realidade no País — e outras medidas de enfrentamento não farmacológicas, podem "barrar" o agravamento. Mas o exemplo da Europa, que registra novo aumento de casos, alerta para o risco de desobrigar medidas como o uso de máscaras. E de que um cenário considerado precipitadamente "controlado" pode ser revertido rapidamente pelo Sars-CoV-2.

Outro ponto importante é que, quando estamos falando de um vírus, há que se considerar o ciclo de atividade natural do patógeno, salienta Caroline Gurgel, virologista e epidemiologista, professora do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC).

"É um comportamento natural. Ainda não se explica o porquê do comportamento viral ocorrer em determinados momentos. Eu acredito que para cá seja a chuva. E pouco vento no começo do ano. Já nos países temperados é o frio. É um ciclo. Igual como estava 'controlado' há pouco nos outros países. Não estamos no controle", compara.

Um fator de preocupação são as novas variantes, que podem causar uma explosão de casos "porque encontram no percurso pessoas que ainda não foram expostas a ela". Nesse sentido, a vacinação é capaz de reduzir hospitalização e, consequentemente, mortes pela infecção.

"Existe uma baixa adesão da vacina devido aos movimentos anti-vacina que ganharam corpo com divulgação de fake news. Então estamos presenciando um experimento aberto e sem restrições dos efeitos da não vacina nas populações do mundo inteiro", relaciona.

Uma nova onda de Covid-19 se alastra pela Europa, sobretudo em países do Centro e do Leste, onde as taxas de imunização se mantêm mais baixas. A alta nos casos em vários países faz com que governos reimponham restrições e deixa em alerta o restante do continente.

No Brasil, pouco mais de metade da população (53,56%) está totalmente imunizada contra a Covid-19, conforme balanço do consórcio de veículos de imprensa. Aqueles parcialmente imunizados, com ao menos uma dose ou dose única, representam 72,32% do total de habitantes.

"Estamos tendo dificuldades de subir (a taxa de vacinação) porque os adultos jovens e adolescentes não estão indo se vacinar. Temos que estudar o porquê. A qualquer momento (a situação) pode mudar", diz a epidemiologista Lígia Kerr, professora do Departamento de Saúde Comunitária da UFC e integrante da Comissão de Epidemiologia da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

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"Uma preocupação é que, observando vários países que flexibilizaram antes da gente, a gente vê que a possibilidade de aumento é bastante alta. Se não nos óbitos, nos casos", acrescenta.

Ela cita que no Reino Unido, que tem alta taxa de cobertura vacinal (86%), houve um aumento rápido de novos casos após reabertura acentuada. Ela considera que retirar o uso de máscara "é um símbolo para dizer que as coisas estão melhorando". "Os países que fizeram isso estão com dificuldade de retornar. Temos duas grandes estratégias para proteger: as vacinas e o uso de máscaras", reitera.

Desde essa quarta-feira, 28, é permitido andar de máscara em locais abertos no município do Rio de Janeiro. Com isso, é a primeira capital a dispensar o uso obrigatório da proteção. (Com Agências)

 

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