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Praia de Jericoacoara está imprópria para banho após identificação de coliformes fecais
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Praia de Jericoacoara está imprópria para banho após identificação de coliformes fecais

|Boletim|Análises microbiológicas feitas pelo órgão aponta risco de contaminação para frequentadores e banhistas
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ÁREA do parque, segundo o Estado, pertencem ao Ceará e não à União (Foto: Fábio Lima/O POVO)
Foto: Fábio Lima/O POVO ÁREA do parque, segundo o Estado, pertencem ao Ceará e não à União

Conhecida como um dos pontos turísticos mais atrativos do litoral cearense, a Praia de Jericoacoara, localizada 300 km de Fortaleza, foi declarada imprópria para banho pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). A informação consta no boletim de balneabilidade divulgado pelo órgão no último dia 29 de outubro. A classificação indica alta concentração de coliformes fecais em trechos frequentados por banhistas. Por risco de contaminação, a Semace orienta que seja evitado contato com a água do mar.

Segundo relatório técnico elaborado pelo órgão, as análises microbiológicas identificaram a presença da bactéria fecal enterococos em amostras colhidas na praia. O patógeno pode causar distúrbios infecciosos e inflamatórios quando entra em contato com o organismo humano. Os processamentos indicaram média acima de 400/NMP (número mais provável por 100mL) de enterococos nas amostras analisadas, índice classificado como “impróprio” para atividades relacionadas a banho.

Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) prevê que se o indicador estiver igual ou abaixo de 400/NMP as atividades recreativas são “desaconselháveis”. As águas são consideradas próprias somente se a média não ultrapassar 100/NMP. Além dos números detectados nas amostras, a Semace também considera outros fatores ao orientar mais precaução aos banhistas, a exemplo da presença de substâncias com potencial danoso à saúde, como resíduos sólidos e líquidos provenientes de esgotos sanitários, além de óleos e graxas.

O relatório pede que os banhistas evitem nadar ou praticar outros esportes náuticos em locais com “manchas de coloração vermelha, marrom ou azul-esverdeada”. O documento também desaconselha o consumo de frutos do mar originários desses locais.



De acordo com o gestor ambiental da Semace, Lincoln Davi Mendes, apesar do diagnóstico preocupante, não há indicativos de que o problema tenha abrangência generalizada em toda a extensão da praia. Uma nova análise será feita na próxima segunda-feira, 8, para identificar possíveis mudanças no cenário microbiológico da área.

"Pode ter sido uma contaminação muito pontual. Algo que deve ter ocorrido um dia antes ou minutos antes da nossa coleta", pontuou Mendes em entrevista à Rádio O POVO CBN nesta quarta-feira, 3. Ele explicou que “se uma família tiver um cachorrinho ou até mesmo uma criança tenha feito xixi no local, já seria o suficiente para o comprometimento da coleta”.

Para o gestor, caso não haja nenhum fato atípico, o resultado da nova coleta poderá voltar ao nível aconselhável para banho e atividades recreativas. A expectativa se dá devido ao histórico de balneabilidade das praias cearenses, que segundo ele, sempre foi positivo. "Não podemos ter um único resultado como padrão", pontuou.

O POVO procurou a Prefeitura de Jijoca de Jericoacoara, que informou ainda não ter sido notificada sobre o relatório técnico da Semace. “Estamos buscando informações para entender como esse estudo foi feito e onde essas amostras foram colhidas. Somente após isso, será possível divulgar posicionamento oficial”, disse em nota a assessoria de imprensa da gestão municipal.

Riscos

Segundo o doutor em saneamento ambiental, Michael Viana, pesquisador do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), quem frequenta praias consideradas impróprias está sujeito a diversos problemas de saúde. Ele explica que tanto o contato com a água quanto com a areia podem acarretar em doenças dermatológicas e infecciosas.

“Os riscos vão desde dermatite, doenças de pele, até contaminação por vírus, bactérias e outros organismos que podem causar doenças nos humanos. E isso não só por causa dessa bactéria em específico [enterococcus], mas por conta de outros organismos que podem estar ali também, já que a presença de coliformes, muitas vezes, é apenas um indicativo de contaminação fecal, que também resulta em outras. Então, ali [na praia] não tem só esses organismos, possivelmente”, comentou Viana.

Embora as amostras processadas pela Semace acendam sinal de alerta, o especialista acredita que ainda é muito cedo pensar em impor medidas restritivas para acesso à praia. “Eu acho complicado a proibição, até porque se trata de praia com elevada atratividade turística, mas vejo como razoável que haja divulgação, seja por de meios de comunicação ou através de placas sinalizando que a água naquela área específica está imprópria para banho. O mais importante é informar. As pessoas que quiserem utilizar, assumem o risco, tendo consciência do problema”, avalia o pesquisador.

Viana ainda acrescenta que “não se pode generalizar o problema” antes de novas amostras serem processadas. Ele ressalta que os indicadores podem sofrer influência de acontecimentos atípicos, o que resulta em diagnósticos imprecisos em ocasiões eventuais. “Quando chove, a possibilidade de aumento desse índice de contaminação fecal é maior porque a chuva acaba carreando material de drenagem pelos rios e elevando a concentração desses organismos em locais pontuais. Então, no caso de Jericoacoara, pode ter sido uma chuva pontual ou algum problema relacionado à estação de tratamento de esgoto, mas isso precisa ser avaliado ainda, através de novas amostras. Ainda é muito cedo para generalizar esse diagnóstico”, conclui o pesquisador. (Colaborou Euziane Bastos)

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