O site do Ministério da Saúde foi invadido ontem e saiu do ar. Plataformas como o Painel Coronavírus, o e-SUS Notifica, o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) e o Conecte SUS, que exibe dados de vacinação contra a Covid-19, também foram atingidas. Hackers autointitulados Lapsus$ Group assumiram a autoria do ataque cibernético. Como consequência direta, o governo decidiu postergar em uma semana a exigência de comprovante de vacinação para viajantes que chegam ao Brasil, "para proteger o brasileiro que está no exterior" e pode não ter o documento no retorno. A medida já valeria hoje.
Segundo a empresa brasileira de segurança cibernética Harpia Tech, que monitora riscos e ameaças em geral, o Lapsus$ Group não é um nome conhecido no universo hacker. "Temos apenas dois registros de ataques que usam esse nome, com escritos em inglês", diz Filipe Soares, fundador da HarpiaTech.
Segundo o jornal Estadão, em um primeiro momento, a Saúde acredita que não houve comprometimento das informações dos vacinados. A Polícia Federal e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foram acionados para investigar o caso. Em Minas, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vinculou a obrigatoriedade de quarentena ao ataque hacker.
O secretário executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, afirmou que "por precaução, vai postergar por sete dias o início da vigência das exigências de vacinação" para viajantes. As medidas restritivas vêm sendo solicitadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há cerca de um mês, com aval de secretários e especialistas de Saúde. O presidente Jair Bolsonaro já afirmou, porém, ser contrário a exigências para entrada de viajantes, criticando duramente os defensores do passaporte da vacina.
De acordo com o secretário executivo da Saúde, o governo decidiu padronizar as regras e não aplicá-las só a estrangeiros por uma questão de "isonomia". "Algum estrangeiro residente no Brasil que se imunizou aqui não consegue acesso a esses dados. A gente ia começar a criar várias estratificações", disse. Em caso de não imunizados, a portaria prevê uma quarentena de cinco dias.
"Na madrugada, não só o (sistema) da vacinação, mas diversos outros sistemas ficaram instáveis. O que regula as filas, por exemplo, que marca cirurgias, também tinha ficado fora do ar. O sistema de transplante tinha ficado fora do ar", declarou Cruz, que garantiu que a maior parte foi rapidamente restabelecida. (Agência Estado)