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Com a introdução da variante Ômicron do novo coronavírus e a expectativa de aglomerações durante as festas de fim de ano, o Ceará tem "grandes chances" de enfrentar uma terceira onda da pandemia ainda antes do carnaval de 2022. O alerta consta no informe epidemiológico do Centro de Inteligência em Saúde do Ceará (Cisec), divulgado nesta quinta-feira, 30. O estudo aponta que, embora o Estado esteja em uma situação considerada relativamente confortável, a velocidade de propagação da nova cepa aliada à negligência de parte da população com as medidas de prevenção à doença, representam uma combinação perigosa para um possível novo surto de Covid-19 no território cearense.
O órgão ressalta que, apesar de o Governo do Estado ter proibido eventos públicos, a tendência é que as aglomerações aconteçam com maior frequência em espaços fechados, onde a disseminação do vírus pode ocorrer com mais facilidade. "A experiência mostra que apesar do desestímulo à realização de eventos públicos de réveillon e de pré-carnaval e carnaval, a população organiza eventos privados nos quais aglomerações e comportamentos de risco são muito frequentes", frisou o documento.
Ainda segundo o Cisec, assim como em 2020, não há previsão de que haja o surgimento de um novo ciclo endêmico da Covid-19 no Ceará nas primeiras semanas de janeiro. Contudo, o prognóstico indica que o possível efeito negativo das comemorações de fim de ano seja percebido em meados de fevereiro, poucos dias antes do período carnavalesco, que vai do dia 25 até 1º de março. O cenário é atribuído, principalmente, à possibilidade de alta disseminação da Ômicron, já detectada em três viajantes que desembarcaram no Aeroporto Internacional de Fortaleza.
O governador Camilo Santana alertou nesta quinta-feira, 30, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, que já há indícios de transmissão comunitária da nova variante no Ceará. "As informações dos especialistas mostram que o nível de propagação dela [variante Ômicron] é muito alto, portanto é preciso dobrar os cuidados neste final de ano, nas festas e comemorações", disse Camilo, ao lado do secretário da Saúde, Marcos Gadelha.
Em relação ao cenário epidemiológico atual, o levantamento mostra predomínio de situação estável nos 184 municípios cearenses. Os registros de novos casos e de óbitos em decorrência da Covid-19 permanecem abaixo da média endêmica, aquela observada durante o intervalo entre a primeira e a segunda onda da doença no Estado.
Entre 25 e 29 de dezembro, o Ceará acumulou média móvel de 45,8 novos registros diários de contaminações. Foi o menor índice para um intervalo de cinco dias desde o começo da pandemia, conforme ilustram gráficos disponibilizados no estudo. No mesmo período, duas mortes foram registradas. Atualmente, a taxa de letalidade, que mede a proporção de óbitos para o universo total de contaminados, é de 0,6%.
Apesar dos baixos indicadores a nível estadual, o estudo do Cisec faz um alerta sobre a escalada de atendimentos relacionados a problemas respiratórios nas unidades de assistência à Saúde de Fortaleza. "No momento a maior parte da procura está relacionada à Influenza H3N2, a exemplo do que ocorre em outros estados do Brasil, mas já há inúmeros relatos não oficiais que apontam para uma exacerbação no número de casos de Covid-19 nos extratos sociais de alta renda da Fortaleza", observa, embora não apresente números específicos da Capital.
Considerando todos os municípios do Estado, nos últimos 15 dias, a média diária de atendimentos a pacientes com sintomas de Covid-19 nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ficou acima de mil, o dobro do acumulado registrado durante o mês de novembro. Até a noite desta quinta-feira, 30, a taxa de internação nos leitos de UTI estava em 45,71%, um pouco acima daquela registrada há sete dias (39,25%). No mesmo intervalo, também houve acréscimo na ocupação das vagas de enfermaria, indo de 21,32% para 38,81%.
Avanço do turismo acende alerta
Uma das preocupações demonstradas no boletim em relação ao quadro epidemiológico da Capital é o aumento considerável no número de turistas que têm desembarcado na cidade nas últimas semanas. Tradicionalmente, o fluxo costuma ser bem maior nessa época do ano, considerada alta temporada, devido às férias. O estudo enfatiza a probabilidade de os viajantes introduzirem mais casos da Ômicron ou de outras cepas ainda em circulação no Brasil e em vários países do mundo, como a Alfa e a Delta.
A tese é defendida a partir de um relatório técnico que apontou o nível de concentração do novo coronavírus na rede de esgoto de Fortaleza. De acordo com o Cisec, a carga viral se mostrou mais elevada em áreas turísticas e nos bairros onde há maior concentração de renda. "O quadro se dá devido ao fluxo de turistas na Capital para o natal e outros eventos festivos associados a extratos sociais de alta renda", pontuou. O estudo foi realizado pela Rede de Monitoramento Covid Esgotos, coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), entre os dias 19 e 25 de dezembro.
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