A terceira onda da Covid-19, que está atualmente em curso em Fortaleza, apresenta diferenças significativas em relação à primeira e à segunda. Puxada pela Ômicron, a disseminação iniciada em meados de dezembro, alcançou o pico de casos há cerca de três semanas. Com a altíssima transmissibilidade da variante, há dispersão quase "uniforme" dos óbitos pelas regiões da Capital.
Em 2022, foram registrados 67.973 casos e 391 mortes em decorrência da Covid-19 no Município, conforme balanço da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Apesar de percursos diferentes, os três ciclos tiveram início na mesma região de Fortaleza: os bairros de classe alta.
A primeira onda se dispersou inicialmente pela faixa litorânea, tanto para o leste como para o oeste da Capital. Na zona oeste, em bairros como o grande Pirambu, o coronavírus registrou maior taxa de mortalidade. Outro caminho de dispersão foi em direção a parte leste da Cidade, chegando ao Grande Vincente Pinzon e Cais do Porto.
A segunda onda, por sua vez, começa a ser registrada em outubro e segue de forma lenta até meados de dezembro, quando ganha impulso. No segundo ciclo de disseminação, o vírus se deslocou para bairros centrais e menos populosos, que não tinham sido intensamente atingidos durante a primeira onda.
De acordo com o epidemiologista Antônio Lima Silva Neto, gerente da Célula de Epidemiologia da SMS, a terceira onda é "completamente diferente" das anteriores. "Por causa da altíssima transmissibilidade da Ômicron. Não tem concentração espacial de óbitos porque a cidade foi tomada muito rapidamente em geral", explica.
Com a terceira onda, há formação de aglomerados de casos em praticamente toda zona litorânea principalmente nos bairros centrais de alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A partir daí, expande-se para alguns bairros situados mais ao centro e oeste.
Com relação aos óbitos, ainda há elevada "dispersão espacial das fatalidades". Ou seja, os registros de mortes são "pulverizados" pelas regiões. Por isso, "por enquanto, ainda não é possível apontar aglomerados de efetiva alta mortalidade". "O que é claro é que a variante (Ômicron) pegou um muro imunológico muito maior, além de ter de fato menor penetração pulmonar", detalha Antônio Lima.
Segundo ele, as mortes têm sido de pacientes de mais de 75 anos e sem 3ª dose e o pico de óbitos "ainda está em aberto". Neste ano, 97 bairros registraram mortes pela doença. Os bairros com maiores números de fatalidades são Aldeota (12) e Messejana (12). Conjunto Ceará I, Joaquim Távora, Meireles e Prefeito José Walter têm 11 registros do tipo, cada.
Aldeota e Meireles, bairros da região nobre da cidade, tiveram os maiores números de casos com 1.431 registros, cada. Em seguida, estão Jangurussu (1.309), Barra do Ceará (1.056) e Mondubim (1.049). O epidemiologista ressalta, contudo, que a concentração de casos está relacionada ao acesso ao exame.