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Morte da travesti Sofia no Bom Jardim a pedradas gera revolta e comoção
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Morte da travesti Sofia no Bom Jardim a pedradas gera revolta e comoção

|Violência| Sofia teve o corpo encontrado em um terreno da avenida Osório de Paiva. Amigos e familiares contam um pouco sobre quem era a vítima
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SOFIA foi morta no dia 11 de fevereiro passado; caso foi arquivado (Foto: reprodução/Vídeo)
Foto: reprodução/Vídeo SOFIA foi morta no dia 11 de fevereiro passado; caso foi arquivado

A morte de Sofia, travesti de 22 anos, abalou e revoltou moradores, amigos e a comunidade LGBTQIA cearense. A vítima foi encontrada, na manhã de ontem, morta em um terreno da avenida Osório de Paiva, no bairro Bom Jardim. O corpo de Sofia tinha marcas decorrentes de pedradas. O POVO apurou que ela fazia programas sexuais e que o crime pode ter sido praticado por um cliente.

Os depoimentos colhidos pelo O POVO falam de uma Sofia que era muito querida na comunidade e por seus amigos. Uma parente, de identidade preservada, afirma que Sofia era alegre e divertida e que "todo mundo" gostava dela. "Quem sofre mais é a família, que está arrasada", diz a fonte.

A funcionária de um mercantil que Sofia frequentava corrobora o relato de que ela era conhecida pela animação. A alegria era tanta, que o proprietário a convidou para gravar vídeos na Internet e anunciar os produtos, sempre em tom cômico. O dono do estabelecimento a apelidou de Giselly. "O único fato para não gostarem dela era que ela era travesti. Isso é inaceitável. O pai dela está arrasado, a família é humilde, estão tentando conseguir o caixão, pois não há condições", explica.

"Todo mundo gostava dela, o mundo é cruel e cheio de maldade. Fiquei doente depois que soube disso", diz, por sua vez, um amigo de Sofia, também de identidade preservada.

Abalada, a mãe de Sofia, que também não será identificada a pedido, chegou a precisar de atendimento médico quando soube da notícia. Ela disse ao O POVO não querer exposição em respeito à imagem da filha e que tem evitado comentar sobre o caso. A mulher, porém, conta que via a filha todo dia, mas Sofia não contava à mãe quando era maltratada. Sem condições financeiras para comprar um caixão, a família contou com a ajuda da Prefeitura de Fortaleza para o velório e enterro e com apoio de uma vaquinha virtual para ter um ônibus à disposição para o translado da família e amigos até o cemitério. O enterro será neste sábado, às 10 horas, no Cemitério do Bom Jardim. 

Filha de pais separados, Sofia morava sozinha no Parque Santo Amaro. O fato dela se prostituir na região incomodava algumas pessoas, conforme apurou O POVO. Em razão disso, já haviam tentado tirar ela do ponto de prostituição. Uma familiar de Sofia conta que ela já chegou até a ser vítima de uma tentativa de homicídio, assim como já havia sido espancada.

SANDÁLIA que Sofia usava foi achado próximo do corpo
SANDÁLIA que Sofia usava foi achado próximo do corpo (Foto: Via WhatsApp O POVO )


Sofia foi encontrada sem parte da roupa. Muitas pedras foram achadas perto e em cima dela. Até o fechamento desta edição, nenhum suspeito havia sido preso, assim como a motivação para o crime ainda não havia sido esclarecida. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirmou que o caso é investigado pelo o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

A morte de Sofia ocorre às vésperas de se completar cinco anos do assassinato de Dandara dos Santos, também travesti e também morta no bairro Bom Jardim. Neste caso, ocorrido em 15 de fevereiro de 2017, os assassinos mataram a tiros Dandara, após uma sessão de espancamento. Sete homens foram condenados pelo crime e foram sentenciados a penas que variam entre 14 e 21 anos. Quatro adolescentes receberam medidas socioeducativas.

Em 2021, conforme levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 11 travestis e mulheres trans foram mortas no Ceará, o que colocou o Estado como o quarto com o maior número de assassinatos dessa população no País. Em todo o Brasil, 140 assassinatos de travestis e mulheres trans foram registrados pela Antra no ano passado.

 

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