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Tragédia em Petrópolis: pelo menos 104 pessoas morreram em consequência do temporal na Região Serrana
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Tragédia em Petrópolis: pelo menos 104 pessoas morreram em consequência do temporal na Região Serrana

Chuvas foram as maiores desde 1932, segundo o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. Para esta quinta-feira, 17, há probabilidade muito alta de inundações, enxurradas e deslizamentos na Região Serrana do Rio de Janeiro. Temporal é previsto para a noite desta quinta em Petrópolis
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Tragédia em Petrópols. View of the scene after a mudslide in Petropolis, Brazil on February 16, 2022. - Large scale flooding destroyed hundreds of properties and claimed at least 34 lives in the area. (Photo by CARL DE SOUZA / AFP). (Foto: CARL DE SOUZA/AFP)
Foto: CARL DE SOUZA/AFP Tragédia em Petrópols. View of the scene after a mudslide in Petropolis, Brazil on February 16, 2022. - Large scale flooding destroyed hundreds of properties and claimed at least 34 lives in the area. (Photo by CARL DE SOUZA / AFP).

Já chega a 104 o número de mortes em decorrência das fortes chuvas e centenas de deslizamentos em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, de acordo com informações divulgadas na noite desta quarta-feira, 16, pela Defesa Civil Nacional. Desde essa terça-feira, 15, a Cidade trava uma corrida contra o tempo para encontrar eventuais sobreviventes debaixo da lama e dos escombros. Até esta noite, 24 pessoas foram resgatadas com vida.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse que essa foi a pior chuva registrada no estado desde 1932. Conforme a Defesa Civil, ocorreram 325 incidentes em 24 horas, entre eles 269 deslizamentos, além do desabamento de dezenas de casas e quedas de muros e árvores. Vídeos que viralizaram nas redes sociais mostram imagens de ruas que parecem rios com alto fluxo de água, arrastando tudo que estava pela frente.

Histórias dramáticas de resgate também foram acompanhadas durante o dia. Em um dos casos, Gizelia de Oliveira Carminate foi procurar sua filha — uma adolescente de 17 anos — e familiares na lama, incluindo uma bebê de um ano, com uma enxada e até com as próprias mãos. Em entrevista ao portal G1 Rio, ela disse que passou toda a noite procurando os familiares, mas recebeu a confirmação das mortes. “Minha filha era a coisa mais linda que tem no mundo. Te juro por Deus”, disse.

Parte dos sobreviventes da tragédia foram abrigados na igreja de Santo Antônio, próxima à área do desastre. "Muitos dos que chegam perderam tudo, ou perderam seus parentes, é uma situação difícil", disse à AFP o pároco da igreja, Celestino. No total, há mais de 439 pessoas desabrigadas e cerca de 370 foram acolhidas por abrigos, principalmente escolas municipais. Já em relação aos desaparecidos, há pelo menos 35 pessoas, de acordo com lista do Ministério Público do Rio de Janeiro. Os números são até às 23h30min de ontem.

Gestão do espaço urbano é melhor maneira para evitar novas tragédias, diz especialista

De acordo com Matheus Martins, professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em drenagem urbana, a topografia da cidade é propícia a inundações e deslizamentos, já que fica em uma região de encostas e é cortada por rios, sendo o principal o Rio Piabanhas, afluente do Paraíba do Sul.

“Quando chove com mais intensidade, a água desce rápido das encostas, atinge o rio com velocidade, desce o rio com mais velocidade e, quando chega próximo ao centro de Petrópolis, a declividade do rio diminui um pouco e a cheia acaba transbordando para as margens”, explica. “Isso acontece mais ou menos frequentemente em Petrópolis. Tanto é que, caminhando na avenida no centro de Petrópolis, você vê que a maioria das lojas tem uma comporta que protege contra as cheias”, explicou.

Para Martins, a tragédia só não foi maior ontem em Petrópolis porque o solo estava relativamente seco, sem registro de chuvas nos dias anteriores, e o temporal se localizou perto do centro da cidade. Em 2011, o temporal ocorreu após um longo período de chuvas, que já havia encharcado o solo em toda a região serrana, e se espalhou por vários municípios.

Segundo o docente, mesmo que a cidade tivesse feito obras de drenagem após 2011, não seria o suficiente para evitar estragos. Ele pondera que a melhor maneira de a cidade se preparar para as chuvas é realizar uma boa gestão do espaço urbano, para evitar a ocupação de encostas e margens de rios, assim como o aprimoramento do sistema de alertas da Defesa Civil.

269 deslizamentos aconteceram após as fortes chuvas
269 deslizamentos aconteceram após as fortes chuvas (Foto: FLORIAN PLAUCHEUR/AFP)

Aaron Sampaio, professor cearense que mora em Petrópolis, relatou que o dia seguinte ao desastre foi de muita confusão. “Há muitos engarrafamentos por vários bairros, fazendo com que deslocamentos de quatro quilômetros durem cerca de uma hora”, disse, criticando ainda a falta de organização das forças de enfrentamento ao desastre. Nesta quarta-feira, boa parte dos estabelecimentos não funcionaram em Petrópolis, como escolas, comércio, repartições públicas não essenciais, entre outros serviços.

Em visita à Rússia, o presidente Jair Bolsonaro desejou que "Deus console os familiares" das vítimas da "catástrofe" em Petrópolis, durante coletiva de imprensa conjunta com seu anfitrião, Vladimir Putin, a quem agradeceu pela solidariedade frente ao ocorrido. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, garantiu que o presidente estará "no local" na sexta-feira.

Previsão

A Defesa Civil Nacional alerta que há possibilidade muito alta de inundações, enxurradas e deslizamentos na Região Serrana do Rio de Janeiro nesta quinta-feira, 17. Em Petrópolis, há previsão de sol com muitas nuvens durante o dia, períodos de céu nublado com chuva, e temporal à noite, segundo o portal Climatempo. A formação das nuvens que provocaram toda essa chuva está relacionada com a chegada de uma frente fria ao litoral do estado do Rio de Janeiro e ao ar abafado que já estava espalhado por todo o estado.

(Com agências)

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