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Incêndio no Cocó foi causado por fogueira deixada com brasas acesas, conclui laudo da Pefoce
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Incêndio no Cocó foi causado por fogueira deixada com brasas acesas, conclui laudo da Pefoce

Conforme o laudo da Pefoce, foram encontrados vestígios de práticas rústicas de uso do fogo para preparação de alimentos
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PARQUE DO COCÓ teve 46 hectares afetados pela ação no incêndio (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA PARQUE DO COCÓ teve 46 hectares afetados pela ação no incêndio

Pessoas que se alimentaram e deixaram uma espécie de fogueira ainda com brasas acesas teriam sido as causadoras do incêndio que tomou o Parque Estadual do Cocó, entre os dias 17 e 18 de novembro de 2021. Essa é a conclusão de laudo pericial feito pelos peritos criminais do Núcleo de Perícia em Engenharia Legal e Meio Ambiente (Nupelm), da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). A informação foi antecipada pelo jornalista do O POVO, Demitri Túlio, há cerca de três semanas. 

 

FAC-SÍMILE da coluna de Demitri Túlio do dia 26/1/2022(Foto: FAC-SIMILE__2601_01c_02CP_02_DIG)
Foto: FAC-SIMILE__2601_01c_02CP_02_DIG FAC-SÍMILE da coluna de Demitri Túlio do dia 26/1/2022

O Parque do Cocó possui cerca de 1.581 hectares de extensão, dos quais 46 hectares foram afetados pela ação no incêndio, o que corresponde a 2,9% do parque ecológico.

Investigação foi feita a partir da análise dos vestígios e levantamento da dinâmica do incêndio por peritos engenheiros. Segundo a Pefoce, "a dinâmica manifestada pela propagação do incêndio associada a fatores de ordem climatológica e meteorológica permitiram que os peritos engenheiros indicassem o foco inicial do incêndio".

No local, foram revelados vestígios de práticas rústicas de uso do fogo para preparação de alimentos, materializados por apetrechos como grelha e garrafas de bebidas alcoólica, além de espinhas de peixe e remanescentes de alimentos.

O perito criminal Fernando Viana, responsável pela Coordenadoria de Perícia Criminal (Copec), explica que a equipe do Nupelm trabalhou com imagens de satélite, drone, croquis, além de pesquisas e estudos relacionados ao ecossistema local.

O trabalho realizado contou com o apoio dos técnicos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), por meio do Programa de Prevenção, Monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais (Previna). 

Em paralelo, o inquérito instaurado pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) para investigar o incêndio está em fase de conclusão. Segundo a entidades, até o momento, as investigações apontam que não há indicativo de ação humana intencional, o que é reforçado pelo resultado do laudo pericial produzido pela Pefoce. "A DPMA pediu dilação de prazo para a Justiça para conclusão do inquérito por estar finalizando algumas diligências".

Mas a investigação sobre o incêndio deve se estender a uma perícia científica, avalia o presidente da comissão de Direito Ambiental da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Secção Ceará, João Alfredo. "O governo deveria fazer uma avaliação do porquê esse incêndio ter se expandido tanto. Já houve outros incêndios mas se chegou a essa situação certamente tinham muitas áreas secas, ou seja, teria que ser avaliado se alguns processos de intervenção humana e governamental como dragagem do leito do rio levaram a isso", detalha.

Segundo o advogado, essa "investigação científica" é essencial para evitar que um incêndio com essas proporções se repita e avaliar quais são as medidas podem ser tomadas para que a área não fique tão suscetível a incêndios.

Espécies atingidas

O levantamento auxiliou na identificação das espécies que foram atingidas com o incêndio e os danos causados ao bioma do parque. O laudo aponta que um levantamento realizado pelo Previna, "indicou que 299 árvores, notadamente espécies herbáceas e arbustivas, haviam sido tombadas e que outras 18 necessitavam de recuperação".

Análise do programa indicou ainda que, quanto aos animais mortos, não foram encontradas espécies em extinção. "Das dezenas de animais encontrados estavam: mussum, rã, jiboia, cágado do nordeste, iguana, anu-preto", diz o laudo. Parte das espécies foram resgatadas e receberam atendimento veterinário. 

Riscos 

Os peritos que atuam em ocorrências ambientais dão orientais à população com relação aos riscos em áreas de preservação ou Unidades de Conservação: não se deve fazer uso de fogueiras e queimadas, devido à possibilidade de ocasionar um incêndio. Orientação é valida também para os fumantes que descartam bitucas de cigarros acesos, ações que também podem desencadear um foco de incêndio.

Serviço

Qualquer atividade de lazer deve ser previamente agendada com o gestor do parque através do site http://questionario.sema.ce.gov.br/index.php/679453

Impactos sobre a vida local

O fogo começou por volta das 18h15min do dia 17 de novembro e foi totalmente controlado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE), por volta das 14 horas do dia 18.

ESPÉCIES ATINGIDAS

- 299 árvores, notadamente espécies herbáceas e arbustivas, foram tombadas e outras 18 necessitaram

de recuperação;

- Das dezenas de animais encontrados estavam: mussum, rã, jiboia, cágado do nordeste, iguana, anu-preto. Parte das espécies foram resgatadas e receberam atendimento veterinário. Não foram encontradas espécies em extinção entre os mortos.

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