Por esses dias, é possível se deparar com um raro espetáculo da natureza no jardim próximo à saída do Bloco E, da sede do Banco do Nordeste (BNB), no Passaré, em Fortaleza . Esse fenômeno é a floração de uma palmeira Palma Talipot (Corypha umbraculifera). A raridade do evento consiste no fato de que uma única vez em toda a vida, esta espécie libera milhares de microflores no ambiente.
"De acordo coma literatura científica, esse florescimento pode ocorre entre 50 e 80 anos da planta", relata Leonardo Rodrigues, pesquisador de Biologia de Palmeiras no Herbário Prof. Francisco José de Abreu Matos da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).
A planta tem cerca de 30 metros de altura. A exuberância desse evento é causada porque a palmeira em questão apresenta uma das maiores inflorescências da natureza. As inflorescências são os conjuntos de flores dispostas em ramos que fazem parte dos caules.
A Corypha umbraculifera não é uma espécie brasileira. Ela é natural do sul e sudoeste da Ásia, em países como Índia e Sri Lanka. A planta, reproduzida nesta notícia, é a segunda de três exemplares trazidos do Sri Lanka para o Banco do Nordeste, pelo autor do projeto paisagístico do Centro Administrativo Presidente Getúlio Vargas (CAPGV), Burle Marx.
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Em 2014, floresceu o primeiro exemplar. Agora, observamos o florescimento do segundo. As palmeiras Talipot estão entre as espécies escolhidas pelo paisagista Burle Marx, por causa dos imensos leques formados por folhas que colocaram. Segundo informações disponibilizadas pelo BNB, ao plantá-las, Marx já tinha mais de 50 anos, e sabia que não as veria florir.
De acordo com o pesquisador de Biologia de Palmeiras, a espécie em questão tem uma característica particular, ela é uma planta monocárpica. Ou seja, após o processo de floração e frutificação, a planta morre. "Isso acontece porque, durante esse processo, a palmeira desvia recursos dos seus componentes para que haja a frutificação da espécie", explica.
“Por isso é tido como um evento raro. Quando ela desvia seus recursos vitais para desenvolver as flores e frutos, e assim, se perpetuar, há um esforço muito grande. E consequentemente, isso potencializa o processo de senescência, ou seja, envelhecimento, e morte da planta", detalha o pesquisador.
O pesquisador usa uma analogia para explicar o fenômeno: “Em uma comparação, ela é como se fosse uma mãe que se sacrifica para assegurar sua descendência. Uma mãe que põe muitos frutos, e para aumentar as chances de se proliferar, aloca componentes vitais para sua própria sobrevivência. Ela se sacrifica nesse processo da formação da inflorescência e de geração de frutos”.
“Essa espécie é uma parceira antiga do paisagista Burle Marx. Em vários de seus projetos ela é figurinha carimbada. Inclusive no Rio de Janeiro, no Aterro do Flamengo, havia muitas plantas, que entraram em processo de floração, e eu acredito que já morreram”, finaliza o Leonardo.
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