Foliões de Carnaval dançavam marchinhas na Rua dos Tabajaras, na Praia de Iracema, ontem, à tarde. Eles esperavam em filas para entrar em eventos privados de casas noturnas, como Jamrock e Ritmo Urbano. Um movimento intenso na tradicional via festiva, diferente do que foi visto mais cedo, quando clubes e restaurantes da região ainda estavam fechados.
No lugar, era possível observar pessoas com adereços de Carnaval, purpurinas e fantasias. Por lá, havia mais pessoas com máscaras — medida de proteção contra a Covid-19 — do que na faixa de areia e no calçadão da Praia de Iracema, onde o O POVO também registrou movimentação intensa durante a tarde e começo da noite de ontem.
Enquanto na faixa de areia o "clima" parecia de um domingo comum na Capital, a Rua dos Tabajaras concentrava uma certa áurea carnavalesca.
A arquiteta Carolina Girão, 27, estava na fila para entrar na casa Jamrock. Apaixonada pela festividade, ela lamentava o segundo ano sem a folia por causa da pandemia. "O Carnaval é saudoso. Não tá existindo Carnaval, porque Carnaval bom é Carnaval de rua. Não tá tendo Carnaval de rua, então a gente tá tentando ir para um privativo na intenção de ter um Carnaval de novo. Carnaval, hoje em dia, é sinônimo de saudade. É uma forma de tentar tirar um pouco dessa saudade".
Sobre a segurança nesses lugares, em relação à pandemia, Carolina afirma que "tem algumas medidas mais restritivas, a própria quantidade de ingressos é bem mais rígida. Talvez você se sinta um pouquinho mais protegida, mas isso não é muito Carnaval. Carnaval é na rua, todo mundo junto e aglomeração".
Quando a movimentação ainda era tímida na Rua dos Tabajaras, uma vendedora ambulante que não quis ser identificada relatou ao O POVO a dificuldade para conseguir vender durante o período sem festa nas ruas. "A gente quer trabalhar, mas eles não deixam. A polícia vem com gás de pimenta, expulsa o pai de família e não deixa trabalhar. As casas estão superlotadas, a fiscalização entra e sai, e fica tudo numa boa. Já a gente, que vende aqui fora, não pode vender nada, somos expulsos como vagabundos".
A fiscalização durante o período carnavalesco no local tem sido realizada pela Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), por volta de 21 horas, segundo a ambulante, horário que os clubes e restaurantes já estão em funcionamento. Os ambulantes da localidade chegaram a entrar com um protocolo para atuarem no comércio de rua, junto à Prefeitura de Fortaleza, mas relataram que "o processo não anda por burocracia".
LEIA MAIS NO O POVO
Paulinha Abelha: chá para emagrecer pode ter causado doença renal
Juliette diminui prótese de mama: "Estava precisando"
Homem é morto a tiros em praça no Crato
Depois do sábado intenso, Benfica tem domingo tranquilo
O domingo de Carnaval, no bairro Benfica, em Fortaleza, amanheceu sem a folia que costumava lotar e colorir as ruas. No final da tarde de ontem, o local tinha um fluxo pequeno de pessoas e se manteve tranquilo. A Praça da Gentilândia, um dos principais pontos de encontro dos foliões, apresentava pouca movimentação. Da mesma forma, os bares não registravam aglomerações, além de estarem seguindo com a exigência do passaporte de vacinação.
A Polícia Militar estava no Benfica por volta das 16h30min fazendo operação rotineira de segurança. Na noite de ontem, no entanto, o bairro registrou intensa movimentação em algumas ruas. O frequentador Manoel de Castro, de 22 anos, relata que houve, inclusive, um tiroteio por volta das 22h. "Muita correria. Então meio que estragou meu Carnaval. Eu vim pra cá, pra aproveitar. De noite eu vou pra casa, infelizmente. Bem cedo, antes que tenha outro tiroteio", conta. Segundo ele, uma equipe da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) esteve presente no local para dispersar as aglomerações.
Hoje, apesar da tranquilidade, pontos mais famosos do bairro, como o Paraíba Bar e o Gentilândia Bar, registraram público considerável. Fabiano Ferreira conta que percebeu que os estabelecimentos estão se mostrando responsáveis com o atual cenário da pandemia. "No Paraíba exigem a terceira dose, mas eu estava doente e não pude tomar. Eles exigem que, ou esteja com a vacina agendada, ou a comprovação de que foi tomada a terceira dose", relata o supervisor comercial, que não pode entrar no local. Era visível, no entanto, que grande parte do público dos estabelecimentos não fazia uso de máscaras.
Essa é a primeira vez que Juscilene Pimentel, de 41 anos, passa no Benfica. Ela, que geralmente viaja nesta época do ano, gostou da animação dos estabelecimentos. "O sentimento é que a está tendo mesmo Carnaval, mas conscientemente, que é o mais importante", conta a trabalhadora autônoma, que já tomou as três doses da vacina contra a Covid-19.
No Paraíba Bar aconteceu o "Domingão Com Feijoada". Uma programação que contou com a cantora Naiara Ferrer como atração. À noite, foi a vez da dupla Matheus e Wendell emendarem com a programação musical.
O Republic Bar e Bistrô, tembém no Benfica, apresentou o "Bloco da Sofrência". Já a partir das 20 horas, o Gentilândia Bar seguiu com os artistas Neto Menezes e Maria e Paula. O estabelecimento funcionou até 1h da manhã nesse Carnaval atípico em tempor de pandemia. (Lara Vieira com informações da repórter Lara Montezuma)
Tranquilidade na praia da Caponga em Cascavel
Diferentemente de outros carnavais, em 2022, a Praia de Caponga, em Cascavel, teve domingo momino tranquilo e sem folia. A movimentação nas barracas até aumentou um pouco no fim da manhã e começo da tarde, mas não muito diferente das outras praias do Litoral Leste: famílias reunidas, tranquilidade e muito calor. O POVO percorreu praias do litoral cearense e esteve na cidade localizada a 82 km de Fortaleza.
O clima de calmaria foi apaixonante para o casal Charles Antunes e Michele Nascimento. Eles são de Belém, Pará, e agora já estão com planos de se mudar para o Ceará.
"Aqui está tudo funcionando: segurança, trânsito. Essa parte da organização, mesmo sendo uma data festiva está tudo quase normal", afirmou Michele Nascimento.
Várias praias do litoral cearenses estão na rota da operação "Não Carnaval", realizada por órgãos de Segurança Pública do Estado e Prefeituras. A ação tem o objetivo de evitar descumprimentos das normas de combate à disseminação do coronavírus no Ceará.
As vias de acesso à Praia da Caponga e da Prainha, por exemplo, receberam fiscalização da Polícia Militar do Ceará e do Departamento Municipal de Trânsito (Demutran). A ação tenta evitar que pessoas levem à praia equipamentos como caixas de som e paredões, que podem promover aglomerações. (Wanderson Trindade)
Beberibe sem muvuca
O casal João Batista e Preta visitou a Praia das Fontes, em Beberibe, para aproveitar o domingo de Carnaval "sem Carnaval". A praia, no litoral leste do Ceará, é uma das mais procuradas durante a folia. O programa acabou virando "bem família".
Lotação sem máscara
O aterro da Praia de Iracema, tradicional ponto de shows durante o Carnaval, não teve festejos públicos promovidos pela Prefeitura de Fortaleza. No entanto, a população lotou a areia. Além da aglomeração em tempo de pandemia, poucos usavam máscaras contra a contaminação da Covid-19.