Ao longo dos últimos dois anos, o cotidiano no planeta tem sido marcado pelas repercussões de ondas da Covid-19, das novas variantes do vírus SARS-CoV-2 e do avanço nas taxas de vacinação. No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a Covid-19 era uma pandemia. Dois anos depois, países ainda registram altas taxas casos associadas à mais recente variante de preocupação, a Ômicron.
A pandemia acumula, em termos globais, quase 457 milhões de casos e mais de 6 milhões de mortes, além de 10 bilhões de doses de vacinas aplicadas e pelo menos 4,3 bilhões de pessoas com duas doses ou dose única.
Desde que o coronavírus original começou a se espalhar, a OMS classificou cinco novas cepas como variantes de preocupação.
O início do período foi marcado por diversas dúvidas sobre o vírus, como a capacidade de transmissão, gravidade da doença, manejo dos pacientes hospitalizados e medicamentos eficazes. Além disso, a escassez de equipamentos de proteção individual, como máscaras e luvas, assim como de respiradores, foi um dos pontos críticos.
Com o tempo, os profissionais de saúde adquiriram mais experiência no tratamento dos pacientes e a comunidade científica aprendeu mais sobre o vírus. Contudo, ainda há perguntas em aberto. Uma delas é quais as repercussões da infecção a longo prazo no organismo.
Outro ponto que ainda deve ser pormenorizado é os efeitos da vacinação. Por quanto tempo elas garantem imunidade e contra quais variantes. A despeito disso, é sabido que todas as vacinas aprovadas até agora são seguras e eficazes.
Conforme o biólogo epidemiologista Luciano Pamplona, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), um dos pontos mais marcantes do período foi o impacto na dimensão na qual foi observado, com fechamento de fronteiras e repercussões intensas na economia mundial, por exemplo.
"Um segundo ponto foi o número de óbitos. Ninguém esperava, principalmente nos países desenvolvidos, países como a Itália com 800, mil pessoas morrendo por dia", elenca. No atual momento, Pamplona avalia que a tendência é que as possíveis novas cepas que surgirem sejam mais "brandas, ou seja, vão causar casos mais leves e assintomáticos".
O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, acrescenta que impedir que um vírus sofra mutações ao se replicar é impossível, porque isso é da própria natureza desses micro-organismos. Apesar disso, é possível, sim, dificultar esse processo, criando um ambiente com menos brechas para ele circular. "Se a gente conseguir equalizar a cobertura vacinal nos diferentes países, a gente tem um menor risco de ter uma variante aparecendo dessa forma", diz Chebabo.
"Quando a gente fala em vacina, são países ricos e em desenvolvimento. Temos um grande contingente populacional ainda no mundo que não teve sequer acesso à vacina. Nesses locais, provavelmente vamos ter seleções de cepas que vão se espalhar. Mas, sem dúvidas, o cenário no mundo é muito mais tranquilo. O que permite alguns países e cidades flexibilizarem o uso de máscaras", acrescenta Luciano Pamplona.
Com Agência Brasil
dois anos de pandemia
Novembro de 2019
China detecta primeiro caso de pneumonia que, mais tarde, seria identificada como covid-19.
Janeiro de 2020
China identifica novo coronavírus e adota medidas restritivas para conter primeiro surto de covid-19.
11 de março de 2020
A OMS declarou situação de pandemia pela abrangência global dos impactos causados pela Covid-19. À época, já haviam sido registrados 118 mil casos e 4.291 mortes em 114 países.
Maio de 2020
É colhida a primeira amostra em que a variante Beta será detectada, na África do Sul.
Maio, junho e julho de 2020
Brasil vive o primeiro pico de Covid-19.
Setembro de 2020
É colhida a primeira amostra em que a variante Alfa será detectada, no Reino Unido. Casos sobem na Europa nos meses seguintes.
Outubro de 2020
É colhida a primeira amostra em que a variante Delta será detectada, na Índia.
Novembro de 2020
É colhida a primeira amostra em que a variante Gama será detectada, no Brasil. Casos sobem no Amazonas no mês seguinte.
8 de dezembro 2020
A britânica Margaret Keenan, de 90 anos, foi a primeira pessoa no mundo a receber uma dose do imunizante contra a doença, da Pfizer. China, Estados Unidos, Israel, Reino Unido e outros países europeus iniciam vacinação contra a covid-19. Ao todo, 7 milhões de doses são aplicadas no mês.
11 de janeiro de 2021
Situação no Amazonas se agrava e sistema de saúde entra em colapso.
17 de janeiro de 2021
Início da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, com a aplicação de uma dose da CoronaVac na enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos
Março de abril de 2021
Com menos de 15% da população com a primeira dose, Brasil vive pico da variante Gama na maior parte dos estados. Doença chega a causar mais de 20 mil mortes por semana.
Julho de 2021
Variante Delta chega ao Brasil, mas óbitos e casos continuam em queda com avanço da vacinação e surto recente da variante Gama.
Setembro, outubro e novembro de 2021
Delta se torna variante dominante no Brasil. Vacinação chega aos adolescentes e os óbitos caem ao menor patamar da pandemia.
Novembro de 2021
OMS declara Ômicron variante de preocupação, menos de um mês após a primeira amostra ser detectada no sul da África.
Janeiro de 2022
Ômicron causa pico no Brasil, com média móvel de mais de 100 mil novos casos por dia, mas a mortalidade não cresce na mesma proporção. Cobertura de duas doses ou dose única chega a 70% dos brasileiros.
Fevereiro de 2022
Casos voltam a cair em todo o mundo após pico. Especialistas apontam que cobertura vacinal somada ao grande número de casos recente criou imunidade híbrida.